Quarto da Cel

Relembrando a primeira mensagem :

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Não me demorei muito no banho, apenas o suficiente para conseguir relaxar um pouco e retirar os resquícios da noite anterior do meu corpo. Depois de secar o cabelo, fiz um simples rabo de cavalo e vesti um vestido florido. Foi à vinda para a sala que acabei por ouvir uma conversa entre Enzo e Michel. A minha vontade era de interrompê-los mas ao mesmo tempo estava curiosa.

Uma pequena conversa era o que bastava. Eu sabia fazer ver muito bem as minhas ideias - e era bom que Michel compreendesse que Celine estava fora dos seus limites. 
- ...eu até entendo. Três anos sem um obstáculo no meio. Isso motiva qualquer homem, mas caro Michel, eu voltei. E vim para ficar e nada nem ninguém me vai parar, percebeste? 

- Nada te vai parar em teres o gangue de volta ou a Celine? Hum? - sorriu cinicamente. - Ela precisa de alguém que a ame, não de alguém que a use só por mero sexo. Mas isso não te importa não é verdade? E pensando bem, não seria a primeira vez.. - eu estava a começar a ficar nervosa com aquela conversa. Michel era dos poucos que sabia sobre o passado distorcido entre mim e Enzo. Pigarreei para que a minha presença fosse notada. Michel levantou-se no mesmo instante e foi ter comigo. - Celine, esse vestido fica-te bem. Vamos almoçar?

Apanhei Michel pela gravata e puxei-o contra mim. Os nossos rostos ficaram a poucos centímetros de distância. - Para que fique claro, se eu quiser ir para a cama com o Enzo, eu vou. Se eu quiser ir para a cama contigo, também o faço. Afinal, sou viúva, livre e desimpedida. - sorri cinicamente e revirei os olhos. Queria que eles entendessem que quem ditava as regras ali era eu. - E tu, senhor que supostamente veio para ficar, aproveita para ir tomar um banho e trocar essa roupa. - depois afastei-me até ao jardim. Grazi já tinha ido chamar os pequenos.

Pelo menos o almoço foi calmo. As crianças estava bem divertidas, adoravam o ar livre. Até mesmo Francesco, que normalmente não demonstrava qualquer tipo de emoção parecia feliz. Depois do almoço, resolvi ficar com eles no jardim, perto da piscina. Ignorei Michel e Enzo. Não queria saber deles por agora.

A tensão entre mim e Michel agora era óbvia. Eu sabia disfarçar mas ele não. Passei o resto do dia a fazer compaanhia, especialmente por causa dos meus filhos, mas serviz também para estar perto de Celine e convuver com ela.

Apesar daqueles dois estarem que nem gato e rato o dia foi bastante tranquilo. E aproveitei toda aquela situação para me divertir um pouco à custa de ambos. "A Sienna precisa de ir à casa de banho", "o Francesco perdeu o brinquedo dele", "as crianças estão com fome", etc, etc.
Mais tarde, depois do jantar, afastei-me para o atelier.

Tinha sido um dia preenchido. Um dia em familia. Assim o sentira. Ja perto da noite estava tão exausto como as crianças que acabaram por adormecer ao meu colo. Levei-as para o quarto. Antes de me ir embora, queria falar com Celine. Passei pela porta do atelier onde ela se tinha fechado.

Sempre que me fechava naquele sítio perdia a noção de tudo ao meu redor. Por isso demorei algum tempo até notar na presença de Enzo. - Tira os sapatos antes de entrares. - Fiz uma cara emborrada. - O que queres mesmo?

Alguém não estava no mlhor dus humores, reparei. A contragosto tirei os sapatos antes de passar para dentro da divisão. - Vim apenas convidar-te para sairmos amanhã.

- Talvez outro dia, amanhã vou sair com o Michel. - eu estava de costas para ele, tentava esconder o sorriso sarcástico que tinha nos lábios. Era apenas uma saída de negócios. Abri algumas gavetas à procura de uma caixa de tintas.

Ela ia o quê? !
-Hum... - aproximei-me. Mantive a minha postura rígida. - Então é isso, percebo. Vais jogar este jogo.

- Não faço ideia do que estás a falar. - pousei a paleta de cores na mesa de trabalho e encarei-o. - Eu apenas estou livre e desimpedida, mas acho que já disse isto há algumas horas atrás.

Estávamos a falar por palavras trocadas - Não precisamos de falar disto em rodeios. Já tinhas alguma coisa com ele antes de eu aparecer?

Pendi a cabeça para o lado e coloquei um sorriso divertido nos lábios. Cruzei os braços ao peito. - Já te disse que não. Mas isso não quer dizer que não possa ter agora. - se bem que no meu íntimo isso nunca aconteceria.

Eu sabia que já tinha perguntando, mas com o seu comportamento actual é dificil de perceber - Engraçado. Parece que este interesse só ganhou asas agora que eu finalmente apareci.

- Hum... talvez sim, talvez não... - estalei a língua. - Bem, digamos que três anos de luto, sozinha, foram o suficiente para querer arranjar companhia. Não há mal nenhum nisso, ou há?! 

Claro que havia mal nisso. Embora não nutrisses os sentimentos que aparentemente sentira por ela antes, já a tinha em visto como 'minha' e não a queria nas mãos de mais nenhum homem. - Acontece que já não estás viúva. Teoricamente, estás a violar o nosso contrato de matrimónio.

Acabei por me rir tão alto que por momentos fiquei sem ar. - Independentemente de estares aqui à minha frente, legalmente eu continuo viúva. - sorri torto. - Então não há qualquer tipo de violação de contrato matrimonial. 

- Se virmos as coisas por esse lado - o que obviamente eu não estava a fazer. Não ia lançar desculpas - Mas há aqui a questão...e se eu voltar dos mortos? Diz-me Celine, o que esperas que aconteça quando isso acontecer?

Não podia dizer que estava surpresa com aquela hipótese até porque eu já pensava nela há algum tempo. - Espero encontrar o meu Enzo, a pessoa que amo. - revirei os olhos. - Mas como isso nunca vai acontecer, acho que é melhor apenas nos separarmos e tu voltares para LA.

Por alguma razão a sua resposta fez-me esboçar um sorriso cínico. Aproximei-me dela e encarei-a - Eu não sei como era esse Enzo de que falas. Mas uma coisa eu posso dizer-te: ontem à noite foi o mais próximo que já tive de entender como era. - Eu sentira aas coisas de uma maneira intensa, estranha até para mim - E se um dia ru me lembrar de como tudo era, acredita que não vou esquecer isto que estás a querer fazer neste momento. - e dito isto saí.