Quarto de Tom

Entrei no quarto dele e encostei a porta, começando a despir-me com calma. Encaminhei-me para o seu armário onde ele tinha um pijama meu e vesti-o, deitando-me depois à espera que ele voltasse.

Olhei-o e assenti, esperando que ele entrasse na cama. - Tenho algumas dores, é difícil dormir. - Disse num tom meio enfadonho.

- Não quero disso Tom, sabes que não curto beber para que me passe as dores. - Disse aproximando-me mais dele e deitando a cabeça no seu peito. - Estás mais calmo? - Questionei.

- Eu sei mas ela também se deve mexer... - Disse acariciando-lhe o peito com a ponta dos dedos. - Ainda para mais ela está com uma raiva mais cega que a tua. - Comentei.

- Tem cuidado Tom, abres uma guerra mundial muito rapidamente. - Disse suspirando. Por momentos senti que a minha vida estava mais perto de acabar do que qualquer outra coisa. Toda a gente ou quase toda sabia que o meu grande ponto fraco era Tom, e que por ele faria qualquer coisa, inclusive dar a minha própria vida.

- Pois...antes disso já morreram algumas das pessoas mais próximas de ti. - Disse olhando a janela. - A primeira vou ser eu... - Murmurei.

- Ya as gajas são todas um problema para ti, menos quando estás por cima delas. - Disse sentando-me na cama e ajeitando o meu pijama. - É melhor eu ir para o quarto de hospedes, ficar lá fechada e tal. Menos uma preocupação para ti. - Atirei.

- E tu alguma vez quiseste saber de mim? Muitas vezes levei tiros e fiquei estendida no chão e nunca olhaste para trás. Nunca me protegeste! Hoje fizeste-o só porque estava lá a Connor senão cagavas em mim como sempre fizeste. - Disse olhando-o revoltada. - Estoiram-me os miolos na tua frente ainda eras capaz de os pisar. És uma besta por vezes, só consegues ser carinhoso comigo dentro de 4 paredes e mesmo assim, foda-se eu rastejo para que me dês um beijo. - Levantei-me e coloquei o braço na dita manga. - Fica para aí a roncar e a pensar na tua vingança, talvez te dê mais prazer que eu. - Rosnei.

- Nunca pedi que tomasses conta de mim. Sei-me cuidar desde muito cedo sem ter amas secas atrás. - Ripostei e mandei-lhe com uma almofada à cabeça. - E aquela bala foi um descuido, se bem te apercebeste acertei-lhe com uma na perna. - Revirei os olhos.

- És um otário com essa pila que não serve para nada. - Rosnei num tom mimado e comecei a mandar-lhe mais almofadas.

Baixei o olhar. - Antes criança que insensível como tu. - Disse caminhando para a porta do quarto dele, pronta para sair dali.

- Fixe para ti. - Disse agarrando nas minhas roupas e saindo do quarto dele.

Acordei não sei quanto tempo depois mas assim que abri os olhos só vi Tom e o médico do dia anterior ao meu lado. Grunhi de dores, tanto na cabeça como no ombro, e fechei os olhos, tentando relembrar-me do que tinha acontecido.