Parceiros
Locais Aleatórios
2 participantes
Página 2 de 6
Página 2 de 6 • 1, 2, 3, 4, 5, 6
Re: Locais Aleatórios
Eu não gostava que suspeitassem de mim. No entanto, estava acostumado. Eu era um fugitivo. Achariam mesmo aqueles idiotas que me poderiam seguir sem que eu desse conta? Mantive um low-profile. Já se tinham passado alguns dias desde o leilão e eu começava a ficar impaciente.
Re: Locais Aleatórios
Demorou algum tempo até a falsificadora entrar em contacto comigo. Não diretamente como eu gostaria, mas ainda assim um contacto. Através do contacto dela, marcámos um encontro. Por ali estava, num jardim privado, reservado. Esperava.
Re: Locais Aleatórios
A última coisa que queria naquele momento era sair de casa. Depois daquela viagem, só precisava de estar com os meus filhos. Mas Michel já tinha marcado um encontro com o tal Alexander e não era ético deixá-lo esperar, ainda mais, por uma resposta. Depois de um banho frio, vesti uma saia justa preta, com um pequeno top também ele justo e calcei uns saltos altos. Optei por apanhar o cabelo. Depois segui até ao ponto de encontro.
Re: Locais Aleatórios
Eu esperava que ela viesse sozinha. Não gostava de reuniões com muita gente. Quando menos, melhor. Dei-me conta da sua chegada. O som dos saltos alertou-me. Era um som deveras erótico que, aliás, apreciava bastante. Virei-me para a encarar discretamente por detrás dos óculos escuros. Erótica era também toda ela.
Re: Locais Aleatórios
Eu trouxera alguns seguranças comigo. Eles estavam a uma distância segura, para que se caso acontecesse algo, houvesse uma intervenção rápida. Encarei Alexander, como sempre, misterioso. Aquele homem despertava a minha curiosidade.
Re: Locais Aleatórios
Ao menos dirigiu-se a mim sozinha. Cumprimentei-a com um breve aceno de cabeça. Era uma conversa de negócios, afinal de contas - Já deve ter ponderado na minha proposta. Aceita o desafio do Kandinsky?
Re: Locais Aleatórios
Agradeci mentalmente por ele ter ido logo directo ao assunto. A coisa que mais detestava em negócios, era fazerem conversa fiada. Acenei com a cabeça. - Antes precisamos de discutir certas condições. Só depois terá a minha resposta final. - coloquei um breve sorriso nos lábios. Tinha algumas questões pendentes.
Re: Locais Aleatórios
Touché, pensei. Fazia sentido que ela quisesse saber no que se ia meter - Está certo - Pus-lhe ao corrente das minhas condições. Uma falsificação de um Kandinsky cujo destino era trocar pelo original, e depois vendê-lo num leilão como se fosse o original. Eu tinha de recuperar o original, desse por onde desse. Era o meu passo para começar a recuperar o império que me fora roubado por meses de coma, meses de recuperação e um presente sem nada.
Re: Locais Aleatórios
Escutei-o atentamente. Nunca o interrompi, deixei as minhas questões para o final. - Sabe, fiquei surpreendida por saber que um fantasma andava atrás de mim e mais ainda, quando descobri que esse mesmo fantasma era o senhor. - fiz uma breve pausa. - Não me interessa minimamente porque se esconde. - aquilo tornara-se óbvio. - Confesso que me deixa de certa forma curiosa, mas tal como o Alexander, eu também pretendo ficar na sombra. - suspirei. - Assim que eu terminar o seu Kandinsky quero que se esqueça totalmente da minha existência. Esqueça que me viu, esqueça que falsifiquei o quadro, esqueça tudo.
Re: Locais Aleatórios
Já me tinham chamado muitas coisas, mas nunca fantasma. Mais ainda, fica surpreendido que ela se tivesse dado conta. - Fica combinado. - Aceitei a sua condição. Lembrei-me que, apesar de tudo, estava focado no negócio e apesar de ela ser uma mulher muito atraente e que eu desejava, não ia deixar que as coisas se estragassem.
Re: Locais Aleatórios
- Terá o Kandinsky daqui a uma semana. Entrarei em contacto, assim que o terminar. - e antes de me ir embora. - Ah, e não se incomode com o pagamento. Veja isto como um pequeno oferecimento. A meu ver, o Alexander parece precisar mais do dinheiro do que eu. - estalei a língua e saí dali.
Re: Locais Aleatórios
Ficava satisfeito com a prontidão com que ela avançava ter o trabalho feito. Mas fiquei desgostado com a oferta dela. Que raios? - Hey - Mas ela já se tinha ido. Era uma questão que ia debater. Não queria anda oferecido por ninguém. Aprendera que na vida nada nunca era dado sem esperar algo em troca.
Re: Locais Aleatórios
No decorrer da semana o Kandinsky ficou pronto. Faltavam apenas uns retoques, pois queria que tudo ficasse além da perfeição. Aproveitei que chegara de uma consulta com as crianças e fui correr um pouco, sozinha. Precisava de tirar o stress que tinha no corpo.
Re: Locais Aleatórios
Eu não gostava de estar parado. Nada. Passara longos meses parado, inconsciente, depois imóvel e seguidamente numa longa recuperação. Estar parado era um tormento. Era por isso que fazia exercício físico pelo menos duas vezes por dia. O que não faltava em Sydney eram parques, mas a ideia de correr perto de muita gente incomodava-me. Ia sempre para um parque que ficava numa área mais remota, onde havia mais árvores do que trilhos.
Re: Locais Aleatórios
A música acompanhava o meu percurso habitual. Quase todas as tardes aproveitava para correr até um parque mais tranquilo e reservado. Ali não haviam quase pessoas nenhumas. As poucas vezes em que parava era para beber água ou descansar.
Re: Locais Aleatórios
Já estava a correr há cerca de uma hora e meia. Não abrandava por nada. Estava fatigado, a minha respiração irregular. O suor percorria-me a cara. Mas não queria parar. Queria sentir-me vivo. Por momentos tirei os oculos de sol escuros para limpar a cara.
Re: Locais Aleatórios
Estava tão distraída no meu pequeno mundo que nem vi o homem à minha frente. Quando dei por mim já estava estatelada no chão. Soltei um pequeno grito de dor, que espantou alguns pombos. Merda, acabara por esfolar os cotovelos e rasgar um pouco dos calções.
Re: Locais Aleatórios
Caraças para aqueles corredores que não sabiam por onde andavam. A sério. Eu mantive-me em pé, equilibrando-me apesar do choque. Soltei um impropério em italiano - escapou-me! - e pensei em seguir caminho mas olhei para o incompetente que veio contra mim. Ou melhor, a incompetente. E vejam só quem era... Estendi-lhe a mão, reconhecendo a minha falsificadora de imediato.
Re: Locais Aleatórios
Parecia que tinha visto uma assombração. Pisquei os olhos imensas vezes, tentando não pensar que tinha ficado louca de vez. O homem com quem me esbarrara era nada mais, nada menos, que o meu falecido marido. - En.. En.. zo.. - olhei-o de olhos arregalados. Todo o meu corpo começou a tremer.
Re: Locais Aleatórios
Caraças. Só então me apercebi que os meus óculos escuros não estavam postos e que o meu boné não tapava completamente a minha cara. Ela reconheceu-me. Isso não deveria ter acontecido - Esqueça - Murmurei e retirei a mão que lhe estendera.
Re: Locais Aleatórios
Se por um lado sentia-me feliz por o ver vivo, por outro, sentia-me completamente enganada. Eu sofrera durante dois anos e meio por uma mentira que podia ser resolvida. Mas não, ele estava ali e falava comigo como se não passasse de uma estranha. Naquele momento vi-me tão irritada e magoada. - Esquecer? - gritei. - Como podes pedir uma coisa destas?!
Re: Locais Aleatórios
A cara dela não me era estranha. Aliás, aparecia-me frequentemente em sonhos. Mas eu não a conhecia. Ainda nem descobrira o seu nome. Talvez já nos tivessesmos cruzado antes, no passado... - Mais baixo! - Resmunguei. Peguei na sua mão e afastei-nos daquele trilho para um lado mais reservado. - Naquilo que lhe diga respeito, Enzo Ricci está morto - Fiz saber - O nosso negócio mantém-se de pé.
Re: Locais Aleatórios
Quando tive a oportunidade, afastei a sua mão com um estalo. A minha visão começou a ficar turva, estava prestes a desabar em lágrimas. - Não, não está! Está bem aqui à minha frente, vivo! - mas o que é que ele estava para ali a falar? Porque é que me tratava daquela maneira? - Negócio? É só isso que te interessa? Não queres nem saber como os gémeos ou o Francesco estão?! - aquele não era o homem que eu amava.
Re: Locais Aleatórios
Odiava a confusão em que estava a minha mente. Eu esquecera-me de muitas coisas sobre a minha vida. Muitas, mesmo. A minha memória ficara drasticamente afetada pelo tempo que passei em coma. - Quem és tu? - Tive de perguntar, irritado e a cerrar os dentes pelo escândalo que ela estava a provocar.
Re: Locais Aleatórios
A minha mão embateu na sua cara, deixando-lhe uma pequena marca vermelha. - Sou a tua mulher! Mas parece que isso já não importa. - engoli o choro e corri dali para fora. Nunca sentira algo tão doloroso como aquilo.
Página 2 de 6 • 1, 2, 3, 4, 5, 6
Página 2 de 6
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
|
|