Locais Aleatórios

A igreja ainda era um pouco longe da mansão. Quando lá chegámos pude ver o quão grande e detalhada esta era. Tinha uma beleza única. E fazia as delicias de qualquer apreciador de arte.
Já estavam lá imensos convidados. Todos elegantes. Aquilo meio que me assustava.
Acolhi Sienna com os meus braços e seguimos lá para dentro. Os gémeos já aparentavam uma inquietação. A nossa pequena estava ligeiramente contrariada. - Cheira-me que alguém aprendeu a ter o humor do pai. - gozei.

- Não foi preciso aprender, está-lhe no sangue - ri-me. Seguimos até à nave da igreja. Já todos os convidados lá estavam e à nossa espera. O padre a mesma coisa. A missa ia ser em italiano, mas eu ia traduzindo as coisas para Celine.

Fiz uma careta. Os gémeos estavam a começar a criar uma certa personalidade, estava também habituados a ter tudo o que queriam. Talvez isso fosse um problema. Afinal, queria-os educar da melhor maneira possível.
Passei por Allegra, que até há bem pouco tinha um sorriso orgulhoso e promovido de luxúria. Este desapareceu quando lhe disse expressamente que houvera um erro de lugares e teria que se sentar nos fundos. Claro que detestou, mas nunca iria fazer ali um escândalo. Arregaçou as mangas do vestido e seguiu para o seu lugar. Eu estava a borbulhar de alegria.

A cerimónia depressa começou. Para mim aquilo era importante, ter os meus filhos baptizados pela Igreja Católica. Havia um orgulho italiano nisso. Tudo aquilo não demorou mais de meia-hora.

Eu só estava ali apenas por Enzo e pelos gémeos. Não os queria envergonhar e sabia que isto era importante. Por isso, não me distraí uma única vez com aquelas relíquias autênticas. Caramba, nunca tinha estado numa igreja daquela dimensão e tão bem decorada. Felizmente, a meia hora de cerimónia passou rápida.

Depois daquilo era tempo de seguir para casa e começar a festa. Ainda na igreja, algumas pessoas vieram felicitar-nos. Eram meus familiares e dei-os a conhecer a Celine.

Eu ainda não estava habituada a interagir tanto com a família de Enzo e conhecer mais uma parte dela, deixava-me sem jeito. Não foram amorosos, nem calorosos, mas houve uma educação e nenhum olhar malicioso ou reprovador. A maioria também foi muito simpática. Depois de tudo, desci as escadas com Sienna ao colo e entrei no jipe. Seguimos para a festa.

Levei-a a passear pela zona mais antiga, porém mais encantadora, de Roma. Eram apenas ruas e ruelas, mas tinham uma arquitectura apaixonante. Fomos abraçados, a andar, até chegarmos perto de uma das famosas fontes de Itália.

Se aquela era mesmo a cidade dos meus sonhos? Sem dúvida que sim! Nada se comparava à beleza extrema de Roma. Todos os sítios que já tinha visitado, todas as cidades, ficavam abaixo daquela. Era deslumbrante.

Roma à noite era ainda mais mágica. Celine era a primeira mulher que trazia a viver este cidade comigo. Tirei uma moeda do bolso e estendi-lha - É regra, tens que pedir um desejo depois de mandar a moeda para a fonte. Esta, em especial, é dedicada a Fântaso. Não foi o que me chamaste?

Endireitei-me e olhei para a moeda. Eu nunca tinha feito nada do género. - Hum.. rum.. sim.. - sorri. Parecendo que não, Fântaso encaixava perfeitamente nele. Ou pelo menos para mim, encaixava. Atirei a moeda para a fonte e pedi silenciosamente um desejo. - Pronto..

- Pronto... Vais dizer-me o que desejaste? - perguntei, com um sorriso sedutor.

Tentei conter uma gargalhada e acenei com a cabeça. Iria estar guardado apenas comigo e com Fântaso. - Nãã.. se disser ele pode não se concretizar.

- Cel, claro que se concretiza - Beijei-a no pescoço - conta-me... . murmurei para a aliciar.

Por mais sedutor que ele fosse, daquela vez não teria a chance de me ver fraquejar. - Hum.. mais vale prevenir que remediar. Não conto. - Beijei os seus lábios.

Não ia desistir, mas por agora já não ia perguntar mais.
- Está bem. acho que está na altura de irmos jantar.

Ainda bem que ele não insistira mais no assunto. No que dependesse por mim, não iria contar. Beijei novamente os seus lábios e fomos jantar.

Fomos a pé até entrarmos numa rua estreita e semi-escondida. Lá subimos umas escadas até ao interior de um antigo prédio e subimos até ao terraço. O local estava decorado ao mais pequeno pormenor. Havia uma mesa posta, com cadeiras, velas e vinho. Para além disso havia flores, de vários tipos e cores, outras velas espalhadas pelo sitio e para completar, uma vista maravilhosa que dava para o rio e para o Coliseu.

Os meus olhos brilharam intensamente. Eu estava radiante, mais feliz do que nunca. Toda a decoração, todo o pormenor ali feito, era tudo lindo. Afastei-me dele e olhei para aquela vista maravilhosa. - Meu deus.. - murmurei.

No que dependesse de mim, ia sempre tentar surpreendê-la. - Não há cidade como Roma - Comentei, percebendo que estávamos ambos a olhar para  a vista.

Apanhei a sua mão e sorri abertamente. - Hum.. rum.. tens razão. - Roma era linda. Uma cidade perfeita.

Fui até à mesa e servi vinho para os dois copos. Sabia que ela não bebia mas aquele vinho era do mais saboroso que havia - Um brinde.

Agradeci com um sorriso. Era impossível parar de o fazer, quando era algo espontâneo. - Um brinde.. - os nossos copos tocaram-se.

Os copos ao tocaram, tilintaram. sorri para Celine e enquanto bebericava o vinho italiano, fitei-a intensamente - vou mandar servir, temos pizza do mais original que há para o jantar.