Locais Aleatórios

Fechei um dos olhos e pousei o copo. Enzo sabia que eu detestava comida italiana, pizza não me agradava de todo. Mas não queria estragar o clima, por isso, deixei-o fazer as coisas à sua maneira.

A pizza era diferente de todas as que Celine de certeza provara. Massa fresca, ingredientes frescos e condimentos especiais que a tornavam a melhor pizza do mundo. Dois empregados serviram-nos e depois desapareceram.

Olhei para o meu prato. Tentei não pensar muito na pizza. - Isto tudo.. hum.. deve-se a quê mesmo?!

- Tem que haver um motivo para te trazer a jantar?
Questionei.

Não pensei muito no que ele respondera. Mas, talvez Enzo tivesse razão.. Abanei a cabeça e mais uma vez, mostrei o meu sorriso. - Não, acho que não..

- Aproveita apenas. Gosto de te surpreender e ainda não tinhamos feito nada do género, aqui em Roma - acabei por dizer.

- Está bem. - provei novamente um pouco daquele vinho e lambi os lábios. Era verdade, que nunca tínhamos ficado sozinhos e daquela maneira, ali. Seria bom aproveitar aquilo, ainda para mais, com uma vista divinal como aquela.

Às vezes sentia que Celine não apreciava totalmente as cosias que eu oferecia e fazia a pensar nela. Era apenas uma sensação - Não comes a piza?

Ah, não queria que ele reparasse naquilo. Corei intensamente. Não queria que Enzo pensasse que era uma mal agradecida. - Err.. não tenho muita fome, apenas isso.

- Podemos passar já para as sobremesas - Sugeri, com um sorriso malicioso.

Juntei as minhas duas sobrancelhas e fiz uma careta. Tudo menos comida italiana, pensei. - Parece-me bem.. - ri-me.

A sobremesa era um gelado, mas um daqueles gelados que não se encontravam em qualquer parte do mundo. Eram uma delicia. A empregada trouxe-os.

Aquilo era quase semelhante a uma obra de arte. E o sabor? Não havia melhor coisa. - Hummm.. quando voltarmos para LA vou obrigar-te a dar-me imensos gelados destes! - ri-me.

Sorri ao ver o quanto ela gostava. Aquilo era mesmo uma iguaria dos deuses.
- Receio que não haja gelados deste em LA:

- Para tudo há sempre uma solução. - sorri abertamente. - Podes muito bem mandar um italiano puro fazer-me gelados destes. Todos os dias e a toda a hora.

- estes gelados são feitos por uma senhora idosa, mais ninguém sabe a receita - este sitio, onde nós estávamos, pertencia a essa mesma senhora - mas deduzo que possamos sempre pedir um especial enviada para Los Angeles.

Cruzei os braços ao peito e encostei-me na cadeira. O que eu ia pedir era ridículo. - Então podemos adoptar a senhora e levá-la a viver connosco para LA.

Soltei uma risada baixa - Uma italiana daquelas não sai de Itália - disso eu tinha a certeza - nem se compra com dinheiro.

- Ela pode sair contra vontade.. podia-se raptá-la! - encolhi os ombros. Haviam imensas hipóteses. Mas claro está, eu não estava a falar a sério. Estava apenas a gozar com a situação.

- Vamos apenas aproveitar enquanto há - Disse suavemente. Talvez até apresentasse a senhora a Celine.

Sim, mais valia aproveitar o momento, do que o acabar por estragar. Levantei-me da cadeira, com a taça do gelado na mão e sentei-me no seu colo. Sorri abertamente. - Por mais que te adore ver assim, não resisto em não te sujar. - com o meu dedo indicador, sujei-lhe a bochecha.

Eu já devia adivinhar que ela ia fazer aquilo.
- Se sujas, tens que limpar - Saí da minha cadeira e aproximei-me dela.

Lambi os meus dedos e sorri de forma inocente. - Nã.. na.. nã.. - levantei-me novamente e afastei-me dele. - Vais ficar sujo. - mostrei-lhe a língua.

Passei um dedo pelo gelado na minha bochecha. Como vi que aquela olhava, lambi o dedo. - da próxima vez, és tu. 

- Não vai haver uma próxima vez. - provoquei. Comecei-me a rir e voltei a apanhar a taça com o gelado. Acabei por imitar o mesmo gesto que o dele. Lambi os meus dedos, sem tirar os olhos de si.