Quarto da Celine

- Hey! - resmunguei, nada contente por ele ter entrado assim, daquela maneira. Nem licença pedira. - Já não se bate à porta é? - revirei os olhos.

- Não - respondi sem hesitar.
Havia um sorriso erótico na minha face.
- Tira a roupa.

Comecei-me a rir mesmo à descarada. E eu a pensar que já tinha visto de tudo. Certamente que aquele Enzo se superava. - Não. Não chamaste a tua prostituta, azar. Deixa-me comer em paz.

Ela era a minha prostituta. A minha droga. Aquilo que eu queria consumir de momento.
Em largas passadas cheguei até ela e beijei-a com ferocidade. Isso serviu para a distrair e pegar nos seus pulsos.

Tentar fugir foi praticamente impossível. Assentei os meus pés nas suas pernas e fiz força, para afastar-me. - Caramba, deixa-me! - abanei as minhas mãos.

Com alguma dificuldade, consegui por unir os seus pulsos atrás das suas costas e amarrei-os com a tira de couro. Com um ligeiro empurrão fi-la cair na cama.

Embati contra a cama e fiquei virada de barriga para baixo.
Tentei soltar-me daquela porcaria, mas estava demasiado apertado.

Acariciei a sua face e vociferei ao seu ouvido:
- Minha.
Comecei por lhe tirar a saia, e depois as cuecas.

Fechei os olhos com força e engoli em seco. Congelei. As lágrimas escorriam pelos meus olhos e aquelas imagens antigas voltaram-me à mente. Eu não era nenhum objecto para ele me tratar daquela maneira. Mas claro, para ele era-lhe igual.

Não me apercebia do que fazia. Estava completamente siderado, só a queria a ela e não via meios para o atingir. As suas lágrimas despertaram-me. Afastei-me horrorizado comigo mesmo. Tirei as amarras e voltei a afastar-me, com as mãos na cabeça - Desculpa, desculpa, desculpa... desculpa, eu...

O meu corpo encolheu-se e escondi o rosto entre as pernas. Estava assustada, em estado de choque. Sentia nojo dele. - Tu nada, tu nada! Deixa-me em paz, desaparece.

Eu devia afastar-me mas não consegui. Pelo contrário tive que a abraçar. - Desculpa-me, que não te queria magoar. Juro por tudo que não te queria magoar. Eu amo-te, Cel, não queria isto... - eu estava em estado de choque.

Deixei-me chorar nos seus braços. Ele magoara-me da pior forma que podia fazer. Mas então as suas palavras fizeram o meu coração saltar. Fazia imenso tempo que não me tratava por Cel.. e.. e.. ele admitira que me amava? Afastei-me dele e encarei-o. - Tu o quê?

Apertei-a contra os meus braços. Eu tinha mesmo dito aquilo? Merda.
Olhei-a e limpei as lágrimas da sua face com os meus polegares - esquece, foi a pior altura para o dizer.

vou ter de me ausentar um pouco

As suas palavras não paravam de ecoar pela minha cabeça. Ele amava-me mesmo, certo? Não dissera aquilo, somente por dizer? Desviei o meu olhar do seu. - Pois. - murmurei.

me too '--'

Delicadamente, acariciei a sua face e fi-la voltar a olhar para mim.
- Desculpa, mesmo... descontrolei-me.

- Está bem, eu desculpo. - murmurei. Saber que ele se descontrolava daquela maneira, fazia o meu corpo tremer. Não queria voltar a passar por tudo outra vez. - Não voltes.. por favor, não voltes a ser o antigo Enzo.

- Nunca mais serei o antigo Enzo.
Se calhar mentia a mim próprio quando o dizia.
Voltei a abraçá-la e afaguei as suas costas.

As suas palavras não me tranquilizavam de todo. Ainda sentia receio que ele mudasse de ideias. Mesmo assim, não me afastei mais. Escondi o meu rosto no seu peito. - Tu amas-me?

Eu amava-a. Era verdade. Não sabia como mas era o sentimento mais forte que alguma vez sentira por uma mulher e só a minha sorte, era por ela! Estava tramado desde o inicio.
- Sim... foi por isso que a tua traição me custou tanto. Quando te afastas, ainda dói.

Limpei as minhas lágrimas e afastei-me. Queria-o encarar, olhá-lo nos olhos. Não podia acreditar que aquele homem amava-me. - Desculpa. - murmurei. - Eu quis-te magoar porque tu me magoaste. Mas depois apaixonei-me por ti. E juro que tentei parar, mas o Tom não deixou. Não queria perder o meu irmão.

O irmão dela ainda era um problema, seria sempre. Ela nunca seria leal para comigo, interdependentemente do gang. E era por isso que, mesmo amando-a, ia seguir avante com o meu plano de vingança. Isso, porém, não significava que não fosse aproveitar o resto do tempo que tinha com ela. Ia amá-la até acabar.
- E pelo teu irmão perdeste-me a mim, e ao Vincenzo e a à Sienna.

Senti um forte aperto no coração, quando ouvi as suas palavras. Eu perdera-os.. - Pois foi. Na altura eu pensava que não era assim, que ia acabar por vos esquecer. - mas acontecera exactamente o contrário. Eu amava-os.

Não sabia se haveria alguma coisa mais a dizer. Olhei-a. ela sabia o erro que fizera, mas não tinha certezas se o compreendia totalmente. Eu nunca ia esquecer, eu nunca permitiria que ela nos tivesse totalmente de volta.

Afastei-me dele e recompus-me. Sentei-me na cama. O silêncio entre nós era tão horrível. - Porque é que me querias bater?