Quarto da Celine

- Ainda bem. Se ele dormir mais de dia, não me acorde tão depressa de noite - disse, saindo do quarto.

Encolhi os ombros e suspirei. Ia estar atenta aqueles horários e rotinas dos pequenos. Saí dali e levei-o para o seu quartinho.

Segui para o meu quarto e acabei por ir tomar um banho frio, bem frio. Vesti-me e segui para a cozinha. Além de cansada, tinha ficado com fome.

Depois de ter comido, ainda fui descansar um bocadinho. Não muito, porque os gémeos, acabaram por acordar. Grazi ajudou-me com eles e fiquei a brincar com eles no meu quarto.

Estranhei ter dormido tanto. Geralmente em pouco mais de três horas os gémeos acordavam-me. Quando me levantei e não dei por eles no quarto, tive de perguntar a Grazi. Mas claro, a resposta era óbvia. Abri a porta e encostei-me à ombreira.

O mais delicioso que haviam naqueles dois, eram os sorrisos. Remexiam-se alegremente na cama e riam-se quando lhes fazia cócegas. E eu estava tão distraída com eles, que nem notei na presença de Enzo.

Fiquei a observa-los e então pigarreei, para que a minha presença fosse notada. Aproximei-me da cama e sentei-me, ao lado oposto ao de Celine.

Os gémeos desligaram-se um pouco de mim, para darem atenção a Enzo. Não fiquei com ciúmes, muito pelo contrário. A pequena Sienna, ainda com alguma dificuldade, tentava abrir e fechar a mão.

Ao ver o esforço de Sienna, um sorriso formou-se no meu rosto. A pequena já não usava o aparelho mas continuava com sessões de fisioterapia, que davam resultado. Peguei nela ao colo e depois em Vin, ficando com os dois nos meus braços.

Acabei por me deitar na cama, enquanto os observava. Se tivesse ali uma máquina fotográfica, com toda a certeza que recordaria aquele momento com ela.

Eu adorava quando tinha os meus filhos nos braços. Ficava em paz, era uma sensação que nunca na vida experimentara antes de ser pai. - Já estou a organizar o baptizado deles.

Baptizado? Sem dúvida que não dava importância a cerimónias como aquela. Mas a minha opinião não ia contar para nada, até porque, nem me expressaria sobre aquilo. - Está bem.

Seria algo para os Crips. Quase como que uma introdução dos gémeos à grande família italiana. Nós, italianos, no que tocava à religião, eramos fervorosos - Vai ser em Roma - Acabei por dizer. Significava que os levaria até lá.

Eu não fora baptizada e nem acreditava em nada dessas religiões. E achava praticamente ridículo, ele ir a um sítio tão longe, só para aquilo. Talvez devesse impor-me, fazer chantagem de algum modo, afinal, os gémeos também eram meus filhos. - Está bem. - Encolhi os ombros.

Por agora não faia planos de levar Celine comigo. Tinhamos-nos aproximado um pouco mas isso não significava nada. Não a reconhecia como mãe dos gémeos, pelo menos ali.

- Sendo assim, acho que antes deverás encontrar um leite que eles não reneguem.. - puxei os meus ténis de baixo da cama e depressa os calcei. E sendo eles tão pequenos, ainda necessitariam de uma alimentação à base de leite.

- O baptizado só será quando eles tiverem seis meses. Mas não darias reservas de leite? - Claro, era algo que eu já estava à espera.

Odiava quando ele tinha solução para tudo. Revirei os olhos e levantei-me. Subitamente o cansaço tinha-me passado e a vontade de sair daquela casa era precisa. - Nãã.. não daria nada.

- E porque não? - insisti em saber. Tirara as minhas duvidas em como ela só estava ali para proveito próprio. Que não estaria presente para os gémeos em qualquer altura.

- Porque.. eu acho que baptizá-los não vai contribuir em nada para o futuro deles. Mas como a minha opinião não conta, nado do que vem de mim, também não contará. - sorri cinicamente e saí dali para fora.

Ora aí tens razão, pensei. A sua opinião à muito que deixara de me interessar.
Peguei nos gémeos e fui para o jardim.

Obviamente que não queria prejudicar os pequenos e que talvez, devesse ter feito um esforço para chegar a tempo, mas não ia negar, que não tinha ficado contente, por ter deixado Enzo furioso. Mal entrei no quarto, descalcei-me e deitei-me.

Depois de instalar Grazi na minha casa, fomos jantar fora. A pobre coitada, parecia que nunca tinha saído daquela casa, se não, para fazer compras ou coisas assim. Por agora, ela ia ficar no meu apartamento. Ainda lhe recuperaria o emprego.
Cheguei a tempo de acordar os bebés e dar-lhes de mamar. Mais tarde fui para a cama.

Pobre Oscar, primeiro dia e ninguém tocava na sua comida. Encolhi os ombros. Grazi prepara-me um prato especial e eu fui comê-lo para o quarto, depois de ter amamentado os pequenos e adormecidos.

Eu estava algo de mau humor por ela ter saído de casa. A meu ver isso pedia um castigo. Tinha uma tira de couro no bolso. Entrei pelo seu quarto a dentro.