California Hospital Medical Center

Abri a porta do quarto quando lá cheguei, abrindo-a com o meu rabo e depois olhei-o, parando a cadeira de rodas junto da cama.
- Isto foi mais fácil do que aquilo que eu esperava.- confessei, aproximando-me dele para o ajudar.- e tenho de confessar que esta roupa me ficar bem.

Não abri logo os olhos quando a porta se abriu porque podia ser uma médica, mas a sua voz fez-se logo ouvir pelo que até me tentei levantar.
-Depois discutimos isso - disse, precisava de sair dali e não me apetecia nada ir de cadeira de rodas, mas uma vez que nem andar conseguia tinha que ser - dá-me aqui uma ajuda.

- É o que eu estou a tentar fazer.- disse quando ele me pediu ajuda. Soltei um suspiro, agarrando no seu braço e coloquei-o em volta do meu pescoço, agarrando-lhe com um braço na cintura.- segura-te a mim.- pedi.- a cadeira está já aqui.

Agarrei-me ao pescoço dela sem fazer muita força porque eu era pesado e ela não devia ser assim tão forte. Não queria cair, dispensava isso. Estiquei uma mão para a cadeira e quando me consegui sentar suspirei olhando para as coisas que tinha preso a mim. Respirei fundo para controlar o meu coração e apontei com o queixo para a máquina sem conseugir falar.

Endireitei-me quando finalmente o consegui sentar na cadeira e passei as mãos pela minha roupa, dando-lhe um esticão para que não ficasse tão amarrotada. Olhei para ele, vendo que apontava para a máquina e olhei para ela, por cima do meu ombro, percebendo que ele queria que eu a desligasse. Deslizei uma mão pelo meu cabelo, observando todos os botões e estiquei a mão para um, diminuindo o volume até desligar.
- Espero que não fiques chateado quando ficares bom.- virei-me para ele.- eu salvei-te e ainda te estou a ajudar, não te podes zangar.- encolhi os ombros, agarrando na cadeira para sairmos dali.

Quando tive a certeza que aquilo já não fazia barulho nenhum tirei os fios que estavam ligados ao meu corpo e tirei também o cateter, estremecendo. Agora sim, tinha que sair o mais rápido que podia. O remédio que me tirava as dores estava no soro e agora que não o estava a receber ia deixar de o ter.
-Mas porque é que sequer te importas com isso? - perguntei num resmungo baixando a cabeça para que não me reconhecessem. - anda rápido.

- Porque é que me importo? - repeti, com uma cara de desagrado.- achas que eu fui a tua casa fazer o quê? Regar-te as plantas? - perguntei num tom de resmungo e assim que saí do quarto, comecei a conduzir a sua cadeira para a saída.
- O que é que se passa aqui? - uma outra enfermeira interpelou-nos.
- O paciente precisa de apanhar ar.- disse apenas, não lhe dando tempo para nos dizer mais nada e continuei a andar para a saída.

Fiz uma careta olhando para trás.
-Há mais pessoas em minha casa para além de mim - disse voltando a olhar em frente, baixando a cara quando uma enfermeira veio ter connosco. -Segundo passo, como é que vamos para casa assim? - perguntei com a minha cabeça a zumbir.

- Tenho cara de quem está interessada nas outras pessoas? - perguntei directamente. Eu não conseguia acreditar que ele não tinha percebido. Respirei fundo aliviada quando finalmente consegui sair do hospital com ele e fiquei algo pensativa com a sua pergunta.- ligamos ao Carl.- acabei por me lembrar.- tenho a certeza de que ele nos ajuda, mas temos de nos esconder.

-Está bem, falamos depois - podia estar a ser arrogante mas também não conseguia pensar muito agora. Levei a mão ao peito, na zona onde tinha sido baleado, só mesmo alguém como ela para ter que me fazer passar por isto, mais valia ter-me deixado morrer. Eu não me importava, mas no fundo até estava agradecido porque agora que eles pensavam que eu estava morto, eu podia ter muita coisa a meu favor. Apontei para uma zona mais escondida - ali - murmurei ofegante.

Apenas acenei com a cabeça ao que ele disse e continuei a caminhar para fora do hospital, vendo-o levar uma mão ao peito depois.
- Estás bem? - perguntei.- está a doer-te alguma coisa? - voltei a abanar a cabeça de forma afirmativa quando apontou para um sítio escondido e andei até lá, sentando-me no chão, ao lado da sua cadeira, enquanto marcava o número de Carl.

-Não - disse num tom irónico enquanto revirava os olhos - fui operado há umas quantas horas e já estou aqui na rua, o que achas? - perguntei passando dois dedos pela cana do nariz - despacha esse gajo, por favor. - dignei-me a pedir

Ao ouvi-lo falar, foi-me impossível não revirar os olhos.
- Se eu não quisesse mesmo alguma coisa contigo, acredita que te deixava aqui abandonado agora mesmo.- disse, abanando a cabeça. Carreguei no verde, encostando o telemóvel ao ouvido e falei com Carl, explicando-lhe o que se passava e pedindo-lhe que nos viesse buscar.- já está, vê se paras de me falar assim agora.- disse depois de desligar.

Soltei um risinho deixando a minha cabeça pender para um lado.
-Podes deixar-me aqui, eu fujo na minha cadeira - passei as mãos pelas rodas calando-me para que falasse com o incompetente do Carl. Não gostava nada dele mas precisava de ajuda por isso podia reconsiderar. - Muito obrigado.

Fiquei a olhar para ele meio estarrecida e dei por mim a pensar no que é que tinha visto para me fazer querer ir para a cama com ele.
- Eu nem te vou dizer mais nada.- soltei um suspiro.- se é para receber respostas dessas, mais vale estar calada realmente.- disse baixinho, encostando a cabeça à parede, encolhendo apenas os ombros ao seu agradecimento.

As dores estavam a começar a aparecer e era dificil ficar sentado, era como se tivesse um tijolo em cima de mim se estivesse sentado. Apertei as rodas vendo que Stella não tinha ficado muito satisfeita - desculpa, estou irritado e com dores em todo o sítio. - realmente eu mal me reconhecia, eu não era assim tão estúpido para as pessoas que conhecia e que sabiam ser de confiança, afinal ela tinha-me salvo a vida.

Apesar de estar chateada, acalmei ligeiramente com o seu pedido de desculpas, ao menos isso.
- Estás desculpado.-[\b] disse, soltando um pequeno suspiro quando se queixou com dores. Coloquei-me de joelhos, arrastando o meu corpo mais para ao pé dele e passei uma mão pela sua.-[b] tem calma, o Carl já deve estarca chegar, eu pedi-lhe que fosse rápido.

Aquela cadeira não me dava jeito nenhum quando eu só me queria deitar.
-Espero que sim ou eu arranco-lhe a coluna - murmurei deixando cair a cabeça para trás agarrando na mão dela, deixando-a cair no meu colo.

Fiz uma cara estranha quando ele disse o que fazia a Carl caso ele não se despachasse e assim que ouvi um chiar de pneus ao longe, mostrei um leve sorriso.
- Acho que não ai ser preciso fazeres nada disso.- disse-lhe, fazendo-lhe festinhas na perna enquanto Carl se aproximava de nós. Olhei-o por cima do ombro sem me afastar de Tyler.- Obrigaa por teres vindo.

Olhei para o carro que tinha parado quase à nossa frente e olhei desconfiado para Carl.
-Sim, obrigado - encolhi os ombros e eu próprio tentei andar com a cadeira mas as dores tornavam tudo impossível. - Podem ajudar-me? - perguntei vendo o Carl soltar um risinho.

- Estás toda gira com essa roupa. - Carl comentou, fazendo-me sorrir. Ele era um dos rapazes com quem eu me dava mlhor, se bem que continuava a preferir o Tyler.
- Obrigada. - agradeci, olhando de seguida para Tyler que nos pedia ajuda. Apressei-me a acenar com a cabeça, guiando a sua cadeira até ao carro e com a ajuda de Carl, deitá-mo-lo nos bancos de trás.- Eu vou aqui com ele. - disse a Carl e fui dar a volta, sentando-me no banco onde ele tinha a cabeça, pousando-a nas minhas pernas.

Ainda reclamei pelo gajo me estar a tocar tanto, mas eu precisava de ajuda e não podia negar. Encostei a cabeça às pernas de Stella e suspirei agradado devido a estar deitado novamente.
-Podes procurar pela minha mãe quando chegarmos? - perguntei encostando a testa á sua barriga.

Coloquei o cinto, ajeitando-me no banco e desviei o olhar para Tyler, acabando por passar as minhas mãos pelo seu cabelo. Acho que nunca tinha estado tão próxima dele. Apressei-me a ceder ao seu pedido, abanando a cabeça de forma afirmativa e atrevi-me a dar-lhe um beijinho na testa,
- Eu procuro-a, está descansado.

Forcei-me a ficar acordado até chegarmos a minha casa, que ainda demorava um bocadinho, mas também não era muito dificil visto que com os solavancos que o carro às vezes dava as dores aumentavam. Aquela cabra ia pagar tão caro.
- Não comentes com mais ninguém - murmurei - que estou vivo. - abri os olhos - ninguém pode saber.

Cada vez que eu me atrevia a olhar para os seus olhos, perdia-me neles, ele era tão lindo, como é que era possível? Deslizei o olhar para ele quando o ouvi falar. Experei que terminasse para assentir.
- Não te preocupes, eu já percebi que fiz mal em levar-te para o hospital. - apesar de lhe ter salvo a vida.- eu não abro mais a boca.