Sala de Estar Principal

A nossa conversa ficou por ali. Pelo menos eu não tinha vontade de falar.
As empregadas apareceram com os gémeos ao colo, uma com cada um. Aquilo abriu-me um sorriso.

Não gostava que tocassem nos gémeos. E não me referia apenas àquelas duas empregadas, incluía a sua tia bruxa. Nem queria pensar no dia de amanhã. Toda a gente iria desejaria andar com eles ao colo.
Era demasiado protectora e apenas admitia que Óscar e Grazi se aproximassem. Levantei-me e com jeitinho, agarrei naqueles dois.

Apesar da disposição com que acordara, vê-la com os nossos dois filhos nos braços apenas me fez sorrir mais. Aproximei-me.

Passei-lhe Vincenzo com um pequeno sorriso nos lábios. Ainda houvera uma troca de olhares, mas nada de mais. Os gémeos estavam bem dispostos, ao menos isso. Que servisse para contagiar a casa.

Brinquei com Vincenzo e ao mesmo tempo ia soltando umas gargalhadas para Sienna. Gostava de ver os meus filhos felizes, gostava de os ver rir. Eles tornaram-se a alegria da casa.

Eu gostava de ver aquilo. Com os nossos filhos, não havia uma única pontada de malícia no seu olhar. Enzo parecia outra pessoa. Juntei-me à brincadeira daqueles três. Os gémeos adoravam-se mutuamente.

Os gémeos já estavam bastante crescidos e não tarda estavam a andar. Pelo menos já gatinhavam.
- Amanhã vão fazer as delicias de Itália.

- Falas como se os fosses apresentar ao mundo. - quase que arregalei os olhos. Beijei o topo da cabeça de Sienna e seguidamente de Enzo.

Mal ela sabia mas era assim. A partir dali, as noticias iriam andar depressa por todos os cantos do mundo.
- Quase.

- Quase.. - murmurei. Os meus filhos iam ficar demasiado conhecidos. Se não soubesse o quão protector Enzo era, ficaria preocupada com tanta exposição.

- Não te preocupes.
Foi tudo o que disse. Quase adivinhava no que ela pensava

- É impossível não me preocupar. - fiz uma careta. - Não é uma festa de pessoas, ditas, normais. São mafiosos. - fiz uma careta.

- São mafiosos que não se viram contra a familia.
Eu próprio era um mafioso e ela também, à sua maneira.
- Estamos sempre rodeados de mafiosos.

Claro, não se viram contra a família. Até um dia, pensei.
- Sim, estamos. - encolhi os ombros. Mas não nos podíamos esquecer que estávamos em Itália, a terra da máfia. Passei-lhe Sienna. - Vou-me deitar, até logo. - beijei a face de cada um e saí dali.

Deitar? Ainda era de manhã!
Suspirei e olhei para os pequenos.
- Juro que às vezes não entendo a vossa mãe.

Estava à espera que Celine aparecesse. Já tinha tudo planeado para a nossa noite.

Vesti um vestido justo, escuro e tinha uns saltos não muito altos. Não ia muito luxuosa, bastara-me o dia de ontem. Segui até à sala de estar e toquei-lhe no ombro.

Virei-me e observei-a, levando os meus segundos para isso. Ela estava maravilhosa, sexy - Estás linda - Sorri e beijei-a.

Ainda bem que ele tinha gostado. Estava simples e confortável. Não me tinha esmerado para aquilo. - Obrigada. - sorri. - Vamos? Quer dizer.. vamos para a onde?

- Por agora não te vou dizer, vais ter que me seguir apenas - sorri e ofereci-lhe o meu braço.

Nem mesmo assim o conseguira fazer falar. Suspirei. Bem, tinha que me contentar com aquilo. Segurei no seu braço e saímos dali.

Eu não estava virado para festas, mas Guiliana e a minha tia Allegra tinham insistido. Seria uma forma de me establecer no poder, de voltar a entrar no seio dos Ricci's porque andava demasiado absorto. Que fosse, eu não me importava. Elas as duas trataram de tudo. Por curiosidade passei os olhos pela lista de convidados e fiz uma careta. Vinham aí membros da minha familia que eu odiava, mas que aturava por cortesia.