Sala de Estar

Gostava da sua atitude mazinha - Não tenho problemas com a dor - relembrei-a, piscando-lhe o olho.

remexi-me o suficiente até conseguir pousar a cabeça no seu colo. - um dia tens que me explicar de onde é que surgiu essa resistencia à dor. isso é tudo derivado às tuas praticas sexuais taradas?

Esbocei um trajeito misterioso - Já levei muita tareia na minha vida, e já dei muita também. Isso deu-me resistência - Respondi.

acariciei a sua face com uma mão e sorri abertamente. era incrível como já estávamos a falar normalmente. - hum.. e é daí que vem o teu lado sádico?

Nunca ponderara muito sobre este assunto. Simplesmente era assim por natureza - Talvez, não tenho a certeza.

- hum.. está bem. - acabei por chamar pelos gemeos que pareciam muito entretidos com o que estava a dar na televisão. eles depressa se juntaram a nós, agarradinhos e abraçados.

Passámos a tarde toda na sala a ver inúmeros filmes. Eventualmente, os gémeos acabaram por ser cansar e adormecer. Com os nossos filhos a dormir no andar de cima, tínhamos algum tempo somente para nós os dois. Francesco já tinha comido, não voltaria a acordar tão cedo.

Por momentos encolhi os ombros. Ele sabia o quanto eu não me interessava por essas questões religiosas, mas de certa forma, tinha ganho um gosto especial em preparar o nosso casamento. E saber que provavelmente o teríamos que o adiar, deixava-me de certa forma triste. - Hum.. e por quanto tempo?

Odiava não ter respostas certas para lhe dar - Não sei. Preciso de tempo para analisar quão arriscado seria expor-nos em Veneza. - suspirei - Mas fazemos assim, planeia tudo como tens vindo a fazer, mantemos a data. Vou arranjar maneira de tudo dar certo - Prometi.

- Devias pensar antes numa maneira de resolver as coisas com o gangue. Temos tempo até ao nosso casamento. - e podia ser que assim, as coisas melhorassem e pudéssemos estar em paz, sem o risco de rebeliões e atentados.

- Eu também penso nisso - Mas as coisas estavam a ficar fora do meu controle no que dizia respeito aos Crips. A situação era mais negra do que Cel pensava.

Não me queria meter em assuntos que não me diziam respeito, mas sabia o quanto Enzo gostava daquele gangue e o quão bom líder ele era. - Pensar não resolve nada, se não agires.

Ela não precisava de me estar a dizer aquelas coisas - Eu sei, Cel, eu sei - Disse baixo, pensativo - Mas vocês são a minha prioridade neste momento.

Não soube ao certo o que mais lhe dizer, por isso mantive-me calada. Esperava que as coisas dali para a frente se resolvessem. Beijei a sua face e deixei-me ficar encostada ao seu ombro.

- As coisas vão-se resolver - prometi passados alguns minutos em silêncio. Mais outros depois se seguiram - Talvez deva ir começar o jantar. Queres ajudar?

Remexi as sobrancelhas. Não havia muito que pudesse fazer naquela casa e já que teríamos que ficar ali durante uns dias, mais valia entreter-me com algo. Abanei a cabeça. - Está bem, sim.

Os dias foram-se passando e o ambiente naquele casa por vezes podia ser caloroso e outras vezes do mais frio possível. Os nossos filhos cresciam alegres e sem sinal de perigo e isso era sem dúvida o mais importante. No entanto, apesar de sermos dois, era difícil cuidar de três crianças. Grazi e Oscar faziam tanta falta. E eu sentia tantas saudades de casa.

Não estavam a ser uns dias fáceis mas eu tinha chegado à conclusão que estarmos escondidos não era o melhor. Tinha que enfrentar o que acontecia. Chamei Celine para que falássemos a sós.

Depois de adormecer os gémeos e amamentar Francesco segui até ao andar de baixo. Não fazia ideia do que Enzo queria falar comigo mas estava curiosa. Sentei-me num dos sofás.

Apesar de querer estar próximo dela, não o fiz. Estava nervoso mas não lho podia mostrar. Servi-me com um copo de brandy. - Vou voltar a Los Angeles.


vais postar no sin? :s

Por momentos pensei que não tinha ouvido bem. Senti uma sensação esquisita com as suas palavras. - Vais? - Olhei-o meio que incrédula. - Somente tu? E nós?

- Só eu - Confirmei. Los Angeles estava um centro de guerra neste momento, e os Crips estavam a destruir-se sem a minha liderança cerrada - Vocês ficam aqui. A Grazi e o Óscar estão a caminho, assim como um certo número de seguranças de confiança. Eu tenho de voltar, enfrentar as coisas de de frente... tu tinhas razão, não posso ficar parado.

Ele ia voltar para Los Angeles sozinho. Ele ia voltar para todo aquele caos. O medo cercou-se do meu corpo, lágrimas surgiram nos meus olhos. - Idiota! - gritei. - Quando eu disse que não podias ficar parado, não me referia em atirar-te para a toca dos lobos! E se te acontecer algo? Não posso correr o risco de te perder! Não quero, não aceito isso.