[1ºAndar] Quarto do Tyler

-Sim - disse com raiva e sede de vingança na voz, cerrando os dentes apertando os lençóis na minha mão subindo o olhar para Stella que já estava a telefonar a não sei quem. Fechei os olhos respirando mais uma vez fundo - como é que queres que eu esteja? Eles nem a palavra deles conseguem manter, disseram que se eu não fizesse nada eles deixavam a minha mãe, e eu não fiz nada, quase morri e.... - parei de falar para não começar aos berros. Estar ali sentado sem poder fazer nada era a coisa mais frustrante que podia sentir.

Expliquei a Carl tudo o que se passava, pedindo-lhe que fosse procurar pela mãe de Tyler e ele logo aceitou. Desliguei, olhando para ele e soltei um suspiro com o que ele dizia. Era por isto que eu odiava estar metida onde estava, era demasiada vingança e demasiada maldade ã mistura para mim, eu não era assim.
- O Carl vai procurá-la. - disse baixinho, fazendo festinhas no seu cabelo.- pode ser que ela esteja por perto ou nalfum esconderijo dele, ela vai aparecer.

Revirei os olhos por ser Carl a ir procura-la.
-Manda-lo procurar qualquer coisa é igual a uma missão suícida - disse fechando os olhos, não sabia o que fazer, eu estava praticamente convicto que eles iam deixar a minha mãe ilesa, ela era inocente, não tinha nada a ver comigo e com as minhas ideias estúpidas.

Olhei-o quando reclamou por ter pedido ajuda a Carl e também eu revirei os olhos.
- Ele não é tão mau quanto parece.- disse.- ele vai ajudar-nos. - continuei a mexer-lhe mo cabelo, podia ser que aquilo ajudasse.- confia nele desta vez, ele vai encontrar a tua mãe.

Respirei fundo mais uma vez. Nada ajudava para eu deixar de pensar neles. Agora ia pensar numa boa vingança, eles não se iam ficar a rir. Eu só tinha que me pôr bom e conseguir andar minimamente normal para conseguir correr para fugir, eu ia mata-los a todos. Eles é que não sabiam ser honestos, a culpa era toda deles.

Pousei o meu telemóvel sobre o meu colo, para o ouvir se tocasse e fiquei a olhar para Tyler, acabando por suspirar.
- Não achas que é melhor dormires um bocadinho? - perguntei.- eu prometo que te acordo se ele ligar.- disse.- devias descansar para ver se te acalmas.

Acordei dos meus pensamentos quando ela falou, olhando-a.
-Não me apetece - disse-lhe - nem consigo - comecei a sentar-me de novo na cama - liga-lhe e diz para ele chamar mais gente, é demasiado arriscado ser só ele.

Apesar de achar que Carl era capa de procurar pela mãe de Tyler, abanei a cabeça de forma afirmativa assim que me pediu que lhe ligasse. Estava com o telemóvel na mão, prestes a marcar o seu número quando o telemóvel começou a tocar.
- É o Carl! - disse para Tyler, carregando logo no verde.- sim? - perguntei e a primeira coisa que ouvi vinda da sua boca foi que achava que tinha encontrado a mãe de Tyler. Abri os olhos, surpreendida e depois olhei-o com um sorriso.- ele tem quase a certeza de que encontrou a tua mãe.

Fiz uma expressão desagradada quando a sua voz ecoou nos meus ouvidos e fechei os olhos, mas logo os abri levantando também o tronco.
-Encontrou? - perguntei modificando logo a expressão, para algo esperançosa - viva?

Abanei uma mão enquanto tentava que Carl desembuchasse mais qualquer informação, mas de um momento para o outro já não se conseguia ouvir muito bem.
- Carl? - chamei, tapando um ouvido para tentar ouvir melhor,
- Estou? - ouvi do outro lado.
- Carl? - voltei a chamar, subindo o olhar para Tyler que já parecia mais esperançoso.
- Sim, já consigo ouvir-te. - ele murmurou.
- E então? - incentivei.- onde é que ela está? - perguntei, ouvindo um suspiro da sua parte.
- Não era ela, eu fiz confusão. - ele desculpou-se e antes que eu pudesse berrar com ele, Carl prosseguiu.- eu vou xontinuar à procura. - e desligou. Mordi o meu lábio inferior com força e olhei Tyler, ele ia ficar furioso.
- Ele enganou-se.

Revirei os olhos percebendo que havia interferências e cruzei os braços ficando à espera de notícias, esperava que fossem boas. Fiquei a olhar Stella vendo-a morder o lábio e depois olhar-me e tive que voltar a revirar os olhos, aquilo não eram boas notícias, ela que se despachasse mas é a dize-las. Quando ouvi o que ela disse deixei-me cair para trás enquanto a abanava.
-Esse gajo é um incompetente, como é que consegues confiar nele?

Tal como eu já previa, Tyler ficou furioso por causa do erro de Carl, e para falar a verdade, até eu estava. Suspirei, remexendo-me e subi o olhar para ele, encolhendo ligeiramente os ombros.
- Desculpa, eu pensei que ele ia conseguir. - confessei.- queres que eu ligue a mais alguém? Ou ligas tu a uma pessoa que conheças?

Abanei negativamente a cabeça para que ela não fizesse mais nada.
-Eu estou morto lembraste? - perguntei - ninguém a não ser o Carl, tu e o meu pai sabem disto - disse e fiz força na cama para colocar os pés no chão - eu próprio trato disto - disse acenando com a cabeça para que ela me viesse ajudar - anda ajudar-me enquanto não me dói nada.

Ao perceber que ele não queria que eu fizesse mais nada, fiquei apenas a olhá-lo, abanando a cabeça de forma afirmativa enquanto ele falava.
- O que é que tu vais fazer? - não resisti em perguntar, levantando-me logo que ele me pediu ajuda. Aproximei-me da cama, agarrando no seu corpo e olhei-o.- mas..tu mal consegues pôr os pés no chão. - disse.- eu não acho que isto seja uma boa ideia Tyler, tu devias estar na cama.

Não respondi à sua primeira pergunta e depois de ela ter hesitado em ajudar-me, a dizer que devia descansar apenas revirei os olhos .
-Não queres ajudar? Não ajudes! Eu faço sozinho - disse fazendo um esforço para andar e, podia não doer, mas era como estivessem em formigueiros e mal sentia os pés.

Quando Tyler falou para mim de uma forma mais irritadiça, eu encolhi-me ligeiramente, soltando um suspiro baixinho. Era óbvio que eu queria ajudá-lo, já tinha percebido que era grave.
- Eu ajudo-te. - disse, voltando a agarrar no seu corpo, esticando a cadeira até junto dele.- devagarinho. - proferi, ajudando-o a sentar-se.

-Obrigado - agradeci mais controlado depois dela me vir ajudar a sentar. Depois de ter a minha mãe comigo ia descansar, agora não conseguia. -Vais ter que me ajudar a descer as escadas, não estou com disposição para cair delas abaixo e partir umas quantas costelas - disse-lhe sendo guiado por ela até às escadas.

Apenas neguei com a cabeça quando me agradeceu. Era mais do que óbvio que ele não me era indoferente, logo, era mais do que óbvio que eu me preocupava com ele. Guiei-o para fora do quarto assim que o consegui sentar na cadeira e depois olhei para as escadas, soltando um suspiro.
- Vai demorar. - avisei logo.- mas eu vou conseguir, também não quero que fiques pior do que o que já está. - disse com uma careta e inclinei ligeiramente a cadeira para trás, descendo o primeiro degrau. Se ao menos a casa tivesse um elevador.

Apoiei-me nela quando chegámos às escadas, mas não com muita força, já começava a conseguir aguentar-me em pé apesar de nem sequer sentir s pés. Pareciam anestesiados. Desci os degraus um a um mordendo o lábio com força para não cair para os lados nem para a frente. - Já está - murmurei inclinando-me para me sentar, para que ela fosse buscar a cadeira.

Agarrei bem o seu corpo, depois de ele já estar de pé e desci todos os degraus ao seu lado, com muito cuidado. Respirei fundo assim que chegámos ao piso de baixo e sorri contente por termos conseguido.
- Vou já buscar a cadeira. disse e voltei a subir as escadas para a trazer até cá abaixo com alguma dificuldade. Já começava asuar por todos os lados,aquilo não era nada leve.- pronto, anda. - voltei a agarrar nele para o ajudar a levantar-se.

Sentei-me de novo na cadeira e apontei para a primeira porta à direita.
-Vou passar-me pelo meu pai -comecei a contar o meu plano- assim não descobrem que estou vivo, mesmo se nem souberem que morri - ri-me levemente olhando para a porta da entrada quando se ouviu a campainha a tocar.

Passei as mãos pelo cabelo depois de o conseguor fonalmnte sentar na cadeira e comecei a guiar a mesma na dorecção em que ele apontava, ouvindo o seu plano muito atentamente.
- Alguma vez me vais contar o que se passou? - perguntri, virando de repente a cara na dorecção da porta quando ouvi o som da campainha.- quem será? - perguntei baixinho.

Fiz uma careta virando a cara na sua direcção.
-Contar o quê? - perguntei - que uma iniciante dos Bloods me conseguiu distrair com o cão e roubou-me bastante dinheiro de um comprador e que depois quando a raptei quase que acabei morto? - perguntei - não é bastante embaroçoso - disse sorrindo de esguelha e eu próprio fui até à porta levantando-me agarrado à mesma e espreitando pelo oculo. - É o carteiro - voltei a sentar-me e escondi-me ficando encostado à parede - podes atende-lo?

Quando esperava que ele dissesse que nãocqueria contar-me, ele fê-lo de uma forma bastante resumida. Arregalei os olhos, contraindo o meu maxilar e fiquei a olhá-lo.
- Aqueles filhos da mãe.. - abanei a cabeça.- o que eu puder fazer para te ajudar a dar cabo deles, podes contar comigo. - afirmeim abanano depois a cabeça de forma afirmativa ao seu pedido. Esperei que ele se escondesse bem e depois aproximei-me da porta, abrindo-a.- sim?
- Eu trago uma encomenda para a família Lucania, não me enganei na morada pois não? - eu abanei a cabeça e ele pareceu mais descansado.
- Em nome de quem? - perguntei.
- Foi um encomenda anómima, desculpe, mas não temos como lhe dar essa informação.

Apenas assenti com a cabeça, apesar de agradecer a ajuda que ela oferecia eu dispensava meter mais alguém nisto. No fundo o gangue estava todo metido, mas depois de terem levado a minha mãe tinha-se tornado pessoal. Fiquei encostado à parede ficando a ouvir a conversa, cerrei os dentes aparecerando à frente deles e esticando-me até à folha que tinha que assinar, fazendo-a em nome do meu pai, eu sabia todas as assinaturas da minha família desde o quinto ano. Não era muito disciplinado nas aulas.
-Obrigado - afastei a cadeira e depois fechei a porta olhando para o pacote.