[1ºAndar] Quarto do Tyler

Rolei os olhos com as coisas que ele dizia apenas abanei a cabeça de forma afirmativa, eu também não queria que ele deixasse de ser quem era. Olhei para a sua mão na minha e sorrateiramente, estiquei os meus dedos para os enlaçar nos seus.
- Queres ajuda? - questionei.

Levantei as duas sobrancelhas lentamente quando olhei para as nossas mãos, mas não fiz muita questão de comentar. Olhei para a porta do meu quarto ficando a lembrar-me da maldita entrega que tinha recebido e abanei a cabeça de forma negativa.
-Não, eu vou fazer isto sozinho. - olhei-a - obrigado por teres ficado até agora.

Quando levantei o olhar para ele, vi as suas sobrancelhas levantadas e o seu olhar posto nas nossas mãos. Controlei um suspiro, desenlaçando os meus dedos dos seus e fiquei somente a olhá-lo. Foi a minha vez de juntar as sobrancelhas quando deu a entender que já não precisava mais de mim e aí sim, eu suspirei.
- Isso quer dizer que queres que vá embora?

Virei-me de lado para ela depois de largar a minha mão e olhei-a tirando-lho cabelo da frente.
-Quer dizer que não vou pôr-te no meio da minha guerra - disse-lhe - eu sei que não gostas. - agarrei-lhe na mão apertando-a - não vais acabar como a minha mãe.

Fechei os olhos quando a sua mão passou perto dos meus olhos e depois abri-os, ficando a olhar para os dele.
- Mas..- deixei escapar um suspiro.- eu quero ajudar-te.- disse num tom baixo, deixando a minha mão onde ele queria que ela estivesse.- eu não me importo de me meter nisso se te puder ajudar.

Suspirei quando começou com aquela insistência dela.
-Não vale a pena Stella, não vou mudar de ideias, se eles sabem que tu me estás a ajudar vão matar-te sem hesitar assim que te encontrarem - olhei-a - E eu não vou deixar que isso aconteça. Vais ficar bem na tua casa a contar o dinheiro das drogas que vendeste. - disse-lhe. - Está bem?

Eu já sabia que ele não me ia deixar, nunca me deixavam fazer nada. Rolei os meus olhos, nada satisfeita com as coisas que ele dizia e acabei por encolher os ombros. Eu não gostava daquelas coisas, mas não me importava de as fazer se fosse para ajudar alguém.
- Vamos deixar de nos ver? - perguntei de forma directa.

Levantei o sobrolho quando ouvi a sua pergunta e abanei a cabeça com uma expressão meio confusa.
-Não se tu não quiseres - disse - é verdade que se eu morrer não, mas sempre tens as fotos - ri-me virando-me de novo para cima - eu tenho que fazer isto sozinho, é um assunto meu.

- Eu quero ver-te. - disse logo, rolando os meus olhos mal ele começou com a conversa de "mas se eu morrer"..isso não ia acontecer, nem que eu tivesse de me meter mesmo sem ele querer.- tudo bem, eu não me meto nas tuas coisas. - disse.- mas promete-me que tens cuidado com o que fazes, - olhei os seus olhos.- não te quero magoado outra vez.

-Então vem ver-me - disse de forma despreocupada sentando-me na cama - vou pedir o nosso almoço. - parei quando a ouvi e virei-me para ela - eu não te posso prometer que não vá ficar magoado outra vez. O mais provavel é isso acontecer.- levantei-me com calma. Podia já conseguir andar, mas doía bastante quando o fazia e ainda coxeava um pouco.

Abanei a cabeça de foma afirmativa quando ele disse para o ir ver, depois de me ir embora dali e fiquei a olhá-lo enquanto ele me respondia. Soltei um suspiro, por não me poder prometer que não se magoava e apenas assenti de novo.
- Tenta pelo menos ter cuidado. - pedi e quando vi o esforço que ele fazia para andar, sentei-me na cama.- queres que vá eu pedir? - perguntei.- eu não me importo e acho que as tuas emptegadas já se habituaram a mim. - sorri.

-Eu tenho - descansei-a e já ia na porta quando a ouvi, virando a cara na sua direcção. - eu preciso de exercitar os meus pés, eu vou - fiz uma careta juntamente com um encolher de ombros.- Vais mais à frente que eu, elas ainda não se habituaram a mim.

Não insisti quando ele disse que ia pedir a nossa comida, ele tinha razão, ele precisava de fazer exercício. Sentei-me como deve de ser na cama, agarrando numa almogada e soltei uma gargalhada divertida com o que ele disse depois.
- Nem toda a gente pode ser como eu. - encolhi os ombros convencida.

Ri-me fechando a porta do quarto e desci as escadas até à cozinha pedindo uma comida calórica até ao meu quarto. Assim que as obriguei a trabalhar, porque apesar de fieis elas só obedeciam à minha mãe, fui de novo para o quarto revirando os olhos.
-Já estou cansado, se tiver que correr, bye bye mundo.

Sorri ao ouvir o seu riso e fiquei a olhar oara o seu quarto, como se não tivesse passado ali os dias, até o ouvir voltar. Sorri agrada com o cheirinho da comida eacomodei a almofada atrás das minhas costas, olhando para Tyler.
- Tens de começar a fazê-lo todos os dias. - disse.- para te habituares.

Coloquei o tabuleiro que trazia à beira da cama e fui sentar-me ao seu lado puxando-o para o nosso meio.
-Não vou conseguir melhorar mais do que já estou de hoje para amanhã - disse - e tem que ser amanhã. Eles têm uma reúnião todos, é o momento certo para acabar com eles.

Peguei num dos pratos que estavam sob o tabuleiro e pousei-o nas minhas pernas, espetando o garfo na comida para levar um bocadinho à boca, olhando depois para Tyler.
- Arranja alguém para ir contigo, alguém que tu não te importes de envolver. - sugeri.- ou queres mesmo ir sem ninguém?

Olhei para a faca vendo o meu plano no reflexo da mesma e sorri. Ia correr tudo bem, estava tudo bem planeado desta vez. Acordei dos meus pensamentos quando Stella voltou a falar e abanei negativamente a cabeça.
-Não vou envolver ninguém. Sou só eu.

Fui petiscando da minha comida enquanto esperava pela sua resposta e quando ma deu, eu deixei escapar um leve suspiro.
- Não gosto nada disso.- confessei.- mas já percebi que não posso fazer nada.- encolhi ligeiramente os ombros.- tem cuidado com eles, está bem? Já viste do que eles são capazes.

Peguei no meu prato colocando-o no meu colo e comecei a devorar a comida. Finalmente estava a voltar o meu apetite. Revirei os olhos quando a ouvi pedir-me para ter cuidado eu abanei afirmativamente a cabeça.
-Eu tenho e sei do que eles são capazes, mas eu consigo fazer muito pior.

Mal ouvi Tyler falar, até um arrepio percorreu o meu corpo, não gostava deste tipo de conversas, muito menos de sequer me atrever a imaginar do que é que ele era capaz. Apenas abanei a cabeça de forma afirmatia ao que ele disse e continuei a comer do meu prato.

Desviei o olhar para si quando a vi estremecer e levantei as sobrancelhas que demonstravam a minha admiração.
-O que é que foi? - perguntei-lhe levando uma batata à boca - estás com medo de mim?

Levei uma última garfada à boca e depois ouvi Tyler falar-me. Limpei a boca ao guardanapo, ajeitando-me e olhei-o.
- Não.- respondi.- eu não tenho medo de ti, só me mete impressão estas rivalidades todas e do que as pessoas são capazes para conseguirem o que querem, até onde elas chegam.- encolhi os ombros.- era muito melhor se toda a gente se desse bem.- podia ser a idealização de um mundo demasiado perfeito, mas seria muito melhor assim.

Pensava que ela ia dizer alguma coisa inteligente, mas não, não saiu nada de inteligente. Era pena porque ela nem era muito burra apesar de ser loira.
-Certo Stella - disse-lhe com uma expressão confusa - eu não os ataco sem uma razão. Eles mataram os meus avós que eram as únicas pessoas que realmente se importavam comigo e agora mataram a minha mãe e pensam que estou morto. Eu piquei-os, mas eles é que foram desonestos. - afastei o meu prato já sem fome - como é que queres que toda a gente se dê bem se existe dinheiro à mistura?

Virei a cara na direcção do rosto de Tyler e permaneci calada enquanto ele me explicava tudo o que os Bloods tinham feito, como se uma criança se tratasse.
- Eu sei que tens razões.- disse.- eu própria tenho vontade de os matar só por saber o que eles te fizeram, a ti e à tua família.- confessei.- mas preferia que tudo fosse de outra forma.- encolhi os ombros, sem saber se me tinha feito entender.