Rua Secundária

Eu não podia consentir que me encurralassem desta forma. Mas eles eram vinte e nós apenas cinco. Não era suposto ser nada assim. Não ia desistir, contudo. Nem render-me - Vou acabar com a tua laia, seu cabrão de merda - Vociferei, alcançando rapidamente a minha arma e disparando, abrindo-lhe assim um buraco no crânio. A partir dali foi o caos.  Protegi-me o quanto podia. Consegui eliminar a desvantagem mas já quase no fim fiquei sem munições no pior momento possivel. A arma do outro disparou primeiro e sem que eu me desse conta, atingiu-me. A mim. A Enzo. Ao líder dos Crips. Ao seu líder. Parei e olhei para o meu peito. A minha mão cobriu a mancha escarlate que se estendia. Comecei a sufocar. Os meus pensamentos foram para a minha familia que não voltaria a ver e para Deus que me receberia. Era o meu fim. Como? Caí de joelhos no chão. Outro disparo atingiu-me, desta vez nas costelas. A dor era infernal, mas não mais do que a consciência da morte iminente. Ainda agarrei noutra arma e disparei, matando o estupor que me deixara assim. Saí por cima. Até na morte.

Ela chegou logo a seguir. Fria e solitária. Fechei os olhos, inspirei por uma última vez. Pensei no sorriso de Celine. Morri.