Rua Secundária

Andei até a rua onde ela me tinha indicado.
Não conhecia a rapariga de lado nenhum e também não sabia como era, por isso não fazia ideia de como encontra-la.

Saí de casa depois de trocar as mensagens com aquele rapaz, não fazia ideia quem ele era, apenas sabia que se chamava Dylan. Caminhei pela rua que lhe tinha dito e olhei em volta em busca de alguém que pudesse ser ele.

Andei por um bocado, mas não valia de nada andar tanto. Acabei por me encostar a uma parede, enquanto pegava no telemóvel para lhe mandar uma mensagem.

Peguei no telemóvel quando o senti a vibrar dentro do bolso das minhas calças. Abri a mensagem que tinha recebido e vi que era dele, voltei a guardar o telemóvel. Talvez agora fosse bem mais fácil encontrá-lo. Comecei de novo a andar e não demorou até ver um rapaz com as características que estavam na mensagem. Só poderia ser aquele, caminhei até chegar à sua beira e olhei em volta vendo se não estava ali mais ninguém. Não convinha dar nas vistas quando vendia material, quanto mais discreta fosse melhor era. - Dylan? - perguntei e torci mentalmente para que fosse ele.

Estava distraído a mexer no telemóvel quando uma voz feminina chamou por mim, subi o olhar enquanto guardava o telemóvel no bolso. Era bonita a rapariga, quem diria que uma traficante de droga fosse assim.
- Hey, sim, sou eu. - disse olhando-a.

Os meus olhos cruzaram-se com os dele por fim e deixei escapar um pequeno sorriso de satisfação. Sorriso esse que desapareceu logo depois, tinha de manter o meu ar profissional. - Tenho aqui o que tu pediste. - disse num tom baixo e ainda a fitá-lo.

Spoiler:

Olhei para o que ela tinha na mão pegando depois na minha carteira. - Quanto queres por metade disso? - perguntei mexendo na carteira.

Mordi o interior da bochecha. - Cinquenta euros. - acabei por dizer e fiquei à espera que me desse o dinheiro. Só depois lhe daria aquilo, era uma coisa que tinha aprendido cedo: não podia confiar em ninguém.

Tirei sessenta euros da carteira e dobrei as três notas, esticando-as. - Toma. - murmurei, olhando-a nos olhos por momentos e acabei por baixar o olhar até à droga.

Peguei no dinheiro que ela me entregou e como era obvio contei-o para ver se estava todo. - Tem a mais. - disse olhando para ele e dei-lhe a droga que tinhamos combinado anteriormente.

Assenti confirmando o que ela tinha dito. - Fica com o resto. - sorri levemente à rapariga, Brenna, acho eu. - Até outro dia. - disse e fui-me embora de perto dela enfiando a minha droga no bolso das calças.

Visto que já estava atrasada, tive que ir praticamente a correr até ao sítio onde sempre me encontrava com os meus clientes. Era um beco resguardado, que se situava numa rua mais escondida e sombria, as pessoas que eu conhecia costumavam chamá-la de rua secundária. Assim que vi o homem encostado à parede, corri até ele. Ainda estava toda furiosa por causa do outro anormal, mas não podia deixar que isso afectasse os meus negócios. Mas se eu o voltasse a ver, ele não voltava para casa intacto, disso podia ele ter a certeza.
- Estava a ver que nunca mais chegavas.- ele resmungou, desencostando-se da parede, ainda com os braços cruzados ao peito. Parei à sua frente, passando as mãos pelo cabelo e respirei fundo, tentando controlar a minha respiração ofegante.
- Desculpa, surgiu um improviso.- desculpei-me. E que improviso.
- Sabes bem que não gosto de atrasos.- assenti.- trouxeste o que te pedi? - ele perguntou e eu agarrei-me logo à minha mala, tirando de lá uma mala mais pequena.
- Está aqui.- disse, estendo-lha. Ele agarrou na mala, abrindo-a e ficou a olhar, como que a verificar que tinha tudo o que pedira.
- Eu sabia que podia contar contigo.- ele sorriu maliciosamente e levou as mãos aos bolsos, tirando de lá três maços de notas.- aqui está.- deu-mos. Olhei em volta, para ter a certeza de que ninguém nos olhava e depois sim, agarrei no dinheiro, escondendo-o logo na mala.
- É sempre um prazer negociar consigo.- dirigi-lhe um sorrisinho, virando costas.

Depois de o rapaz se ir embora olhei em volta vendo a rua movimentada apenas por algumas pessoas. Meti as mãos nos bolsos do meu casaco e fui de novo para minha casa.

Fui o caminho todo no limite de velocidade. ia lentamente para ver se nao perdia o controlo do carro. tinha comprado um novo porque aquele nao tava em condiçoes de ser arranjado. tinha armazenado o novo com armas em tudo o que era sitio. olhei para ela e vi que ia a dormir. decidi nao a acordar e leva.la para o meu apartamento

(Algures em Beverly Hills...)

O carro era uma bomba. Por norma gostava mais de conduzir os clássicos, mas este era uma excepção e uma bem agradável. Com a potência disto, chegámos rápido a Beverlly Hills, mais precisamente a um jardim que ficava num sitio tão deslocado que até se diria privado. Era um jardim exótico, luxuriante.

Os bebés estavam tão animados sempre com aqueles sorrisos enormes. Cada um ficou com os gémeos e seguimos pelo jardim. Era calmo e afastado. - Alguém gostou do carro.. - ri-me.

- Como podia não gostar? - roubei-lhe um beijo - Mais tarde tenho de voltar a agradecer à minha noiva - Sorri.

- Noiva não, mulher. - dei-lhe uma cotovelada. Nós já éramos casados, mesmo que fosse apenas pelo civil. - E desde que agradeças dentro do carro ou até mesmo em cima do capô, por mim...

- Apenas no papel. Desculpa, mas para mim será quando recebermos uma bênção sagrada - Nisto, eu era o tipico italiano religioso. - Vou pensar nessas ideias - Sorri maliciosamente.
Andámos pelos trilhos do jardim até chegarmos ao parque. Havia algumas outras crianças.

- Claro, como se uma estúpida ''benção sagrada'' fosse mudar realmente alguma coisa. - revirei os olhos. Vin ao ver aquelas crianças todas, ficou extremamente eléctrico. Quis andar no baloiço e por isso fiz-lhe a vontade.

- Não espero que entendas, mi amore, só que percebas que é mesmo importante para mim - Apesar de tudo, eu era crente.
Fiquei com Sienna que estava estranhamente calma. Para variar, ia-se divertindo com os botoes do meu casaco.

- Eu sei e também espero que entendas, que não é um papel e muito menos uma cerimónia que ditam se sou ou não tua mulher. - Vincenzo só berrava de tão divertido estar. - Trouxeste a câmara fotográfica?

- Eu sei, eu sei. No meu coração, és inteiramente minha mulher - revelei num tom apaixonado. - O Iphone serve. - tirei-o do bolso.

- Assim está melhor. - mostrei-lhe a língua. Nunca tinha visto Vincenzo tão animado com algo que não fosse comida. Peguei no seu iphone e enchi a sua galeria só com fotos do pequeno. Claro, também houve espaço para Sienna. A bebé era mesmo agarrada ao pai.