Sala de Estar

- Planear um casamento? - olhei-o com cara de parva, mas acabei por me rir. Tinha-me esquecido desse detalhe. - Não vou planear casamento nenhum. Se quiseres, eu ajudo-te, mas só isso. Dividimos as coisas e opinamos.

- Oh, mas ... - A sério que ela me estava a impingir aquela tarefa? - Não tenho jeito nenhum para opinar sobre essas coisas. A minha área de especialidade é mais o crime.

- A minha está para lá de igual. - também não tinha muito jeito para aquilo. Nunca pensara em casar. - Tratamos disto em conjunto que é melhor. Assim fica ao gosto dos dois.

Encolhi os ombros. Não lhe ia dizer que não - Está bem, fazemos os dois em conjunto. Mas agora come, que fiz panquecas bem como gostas.

Peguei nas panquecas. - Podias ter feito carne grelhada. - mas eu também me contentava com aquilo. Aliás, estavam deliciosas.

 - Mas isto é pequeno almoço - Retorqui, estranhando o seu pedido. Não se comia carne ao pequeno almoço.

- Pequeno almoço, almoço, vai dar tudo ao mesmo. - e depois de terminar de comer as panquecas fui buscar mais papel de embrulho. - ajuda-me a embrulhar o resto das prendas.

- Não vai dar nada ao mesmo. Ainda faltam horas para o almoço.
Nunca, na vida, precisara de embrulhar prendas - vais ter de me explicar como. 

- Bah.. Eu já comi batatas fritas e bebi coca cola ao pequeno almoço. - fiz uma careta. - Isto não é assim difícil para te explicar. - mas mesmo assim o fiz. Embrulhei parte de uma prenda, exemplificando como queria.

- Mas tu és esquisita - Relembrei, rindo-me.
Vi tudo o que ela fez mas não me pareceu muito fácil. Tentei o resto da caixa mas ficou torto.

- Não sou nada. - dei-lhe uma cotovelada. Vê-lo falhar miseravelmente naquilo tinha a sua piada. Ele era sempre tão bom na maioria das coisas. - Enzo! Essa é uma das prendas do gémeos. Olha que vai ficar assim!

Fiquei a ver o meu trabalho merdoso - Achas que eles se importam? Só vão querer rasgar e rasgar. Isto não importa - Ri-me roubei-lhe um beijinho.

- Não se importam agora, mas espera até ficarem grandes. - e depois eu importava-me. - Faz um esforço. - aproveitei o seu beijo para lhe morder a bochecha.

- acho que nem aí - comentei divertido.
- hum... - gemi de antecipação - autch. 
Peguei num novo presente e tentei embrulhar com mais jeito, mas não saiu muito melhor.

- Enzo! - voltei a resmungar. - Amor, se não estás a ajudar, mais vale ficares quieto.

- Mais vale ficar quieto.
Concordei e coloquei as minhas mãos longe do papel de embrulho.
- Era mais fácil pôr tudo em sacos.

Deitei-lhe um olhar nada contente. Nem queria ouvir aquilo outra vez. - Nada de sacos! Embrulha as mais pequenas! - fiz uma careta.

Suspirei. Peguei nas mais pequenas prendas e fiz o melhor que podia para embrulhá-las - Relembra-me só porquê que não foi um empregado a fazer isto?

- Porque é uma tradição minha. - depois de acabar de embrulhar fui colocar tudo de baixo da árvore. Esta estava toda iluminada.

- Como queiras ... - Nem ia comentar. 
Por fim ficou tudo pronto. Abracei-a e beijei-a no pescoço - Como dispensaste a Grazi, deduzo que estou encarregue de cozinha a seia de natal?

- E deduzes muito bem. - eu adorava quando ele se metia na cozinha. Além de ficar extremamente sexy, fazia manjares deliciosos. Beijei-o.

Eu cozinhara mais nos últimos meses do quem em quase 33 anos de vida.  Lancei-lhe um olhar conformado - Como é que eu pressentia? Mas olha, aviso-te já que vais levar com uma ceia natalicia italiana. Depois não te queixes. 

- Nã, nã, nã.. Estou grávida, preciso de uma ceia natalícia minimamente americana. - dei-lhe outra cotovelada. - Metade a metade.. Italiana e americana.

- Acho que posso fazer algo assim - Havia pelo menos um ponto comum na ceia dos dois países: perú. Muito embora eu preferisse sempre as enguias na noite de Natal.

Sorri abertamente. Assim ambos saíriamos satisfeitos com aquela ceia. Puxei-o para cima do sofá e deitei-me em cima dele. Cheguei até a puxar uma almofada para ele apoiar a sua cabeça. - Tenho sorte em te ter. - beijei a sua face.