Quarto do Enzo

Ele só me comprovava que algo se passava. Acariciei a minha barriga. Faltava apenas uma semana. - Eu estou grávida, não estou doente. - revirei os olhos. - Conta-me o que se passa. - suspirei. - Eu sei que vais, confio em ti.

Que mania tinha ela de querer saber tudo e era perspicaz para entender que algo se passava - Nao estas doente, mas nao te podes enervar nem preocupar - Se eu lhe contasse, ela ficaria permanentemente alarmada, coisa que eu nao queria -Há um negócio que os Bloods estao a atingir e esta a dar-nos problemas - Assim ela ja sabia de algo, embora nao fosse o problema que me atormentava.

- Deixas-me em pior estado quando não te abres comigo. - fiz uma careta. - Nós somos marido e mulher. Devemos contar o que nos atormentar um ao outro, não? Estou cá para ti meu amor. - depois de o ouvir senti-me um pouco satisfeita. - Oh.. hum.. tu vais resolver isso, resolves sempre.

Eu odiava mentir-lhe, mas já era algo tão automático na minha personalidade. Eu mentia para a proteger e sossegar. Depois do bebé nascer e quando as coisas acalmassem, contar-lhe-ia - sim, irei. Já tenho experiencia em dar conta dos Bloods. Sao uma praga.

Senti-me na obrigação de o deixar relaxado quanto àquele assunto. Abracei-o e beijei-o no pescoço. - Tu és um dos melhores líderes que já conheci. Quem são os Bloods quando existe um Enzo Ricci? - comecei a rir-me.

Ela não diria o mesmo se tivesse consciência que estava a enfrentar a divisão do meu próprio gang. - Exato - Sorri e voltei a beijá-la para afastar aquele tema.

Acabámos por adormecer abraçados um ao outro.
E uma semana se passou. Eu andava extremamente nervosa por conta do parto. Tinha lido livros sobre o assunto e nenhum me tinha sossegado.
Naquele dia, seguimos para o hospital.

Os gémeos ainda dormiam na nossa cama, quando nos deitámos. Abracei-me a eles e puxei Enzo para perto de mim. Estava tudo tão sossegado. Parecia que nos tinham concedido um pouco de paz.

O quarto dava bem para os cinco. Alguma tranquilidade veio bem a calhar e dormi durante algumas horas até que algum dos três começou a chorar.

O mais novo acordou cheio de fome. Apesar de ter sido rápida a sossegá-lo, não foi o suficiente para impedir de os gémeos acordarem. Sienna estava rabugenta e Vincenzo estava pior que estragado. Se não fosse o caso de estar ao lado deles, acho que fariam uma birra do tamanho do mundo.

Enquanto Celine tratava de Francesco, eu sentei-me na cama e chamei os gémeos para perto de mim. Entretive-os como podia, o que não foi tarefa fácil - se já antes tinhamos pouco descanso com os gémeos, agora que são três podemos esquecer os momentos de tranquilidade - brinquei.

Fiz uma careta. Era verdade que lidar com os gémeos por vezes não era fácil, ainda mais agora que tínhamos Francesco. Ele precisaria de muito atenção. Mas valia tudo a pena. - Perdem-se os momentos de tranquilidade, ganham-se outros. - sorri.

- Completamente - Ao menos agora que os gémeos já caminhavam, era mais fácil andar com eles de um lado para o outro. Foi isso que aconteceu pois Vin não parava de se queixar que tinha fome e por isso levei-o a ele e a Sienna até à cozinha.

Deixei-me ficar deitada na cama com Francesco. Tinha que admitir que estava curiosa para saber a cor dos seus olhos. - Ai, ai.. ainda há pouco nasceste e já há tanta confusão à tua volta. - murmurei. Beijei o topo da sua cabeça.

Voltei para o quarto sozinho pois Sienna e Vin entretanto ficaram aos cuidados de Oscar que estava ali em casa. Sentei-me perto de Celine, tendo assim uma boa visão de Francesco - Queres alguma coisa? Ou precisas de alguma coisa? Estás com dores? 

- Só preciso de ti ao meu lado. - encostei a cabeça ao seu ombro bom. - Não, estou apenas carente. - ri-me.

- Sabes que se passar alguma coisa que seja, deves dizer-me - Eu estava preocupado com ela e com o bebé. - Tens direito a estar assim. 

Abanei a cabeça. Eu estava apenas preocupada com tudo o que estava a acontecer à nossa volta. - Fico com medo de te perder, de vos perder.

- Não nos vais perder Cel - Nem pensar nisso. Nem eu a podia perder - Estou muito orgulhoso de ti. Amo-te Celine.

- Eu também te amo, Ricci. - beijei-o. - Sei que não vais gostar do que vou dizer mas eu acho que devíamos pedir ajuda ao meu irmão. Ou então.. hum.. aceitar a ajuda do Geo. Quer dizer, ele está encarregue de me proteger.

Ela acertou. Eu nao gostei do que ela disse mas tinha de reconhecer que era uma possibilidade -E quem incumbiu o Georgini de te proteger?

Dei-lhe uma cotovelada de leve e fiz um sorriso torto. - Eu mesma Enzo. Quando voltámos a LA, ele tornou-se meu segurança. Mas acabei por o afastar, depois do que aconteceu no hospital.

Ela sabia que eu nao gostava de Georgini - O teu irmao tem mais meios para nos ajudar. Mas nao estou confiante que ele nos ajude. Sabes que eu e ele temos as nossas divergencias.

Aquele assunto não era fácil de se discutir. - Pois. - suspirei. E depois de ter escolhido Enzo em vez dele, Tom tornara-se mais fechado e mal me falava.

- eu vou tentar falar com ele - mas nao tinha grandes esperanças. Trataria disso dali a pouco -Mesmo que seja sozinhos, vamos conseguir dar a volta.