Escritório do Ricci

Não estava à espera de uma coisa daquelas. E não gostava sequer, do seu tom. - Não vamos repetir, nem prolongar nada. - sorri cinicamente. - Eu depois passo por cá, para te devolver a camisola. - revirei os olhos.

Não disse mais nada. No que dependesse de mim, aquilo entre nós ainda não tinha acabado. E eu tinha sempre o que queria.

Assim que me vi pronta, saí dali. Um pequeno sorrisinho formou-se-me nos lábios, ao notar que ainda tinha o colar no pescoço. Sentia que mais cedo ou mais tarde iria voltar ali, só não sabia se isso me agradava. Saí dali.

encerrado.

Observei-a sair. Então recompus-me.
Havia trabalho a fazer. Pensaria na cabra dos MS-13 mais tarde.

encerrado.

Quando saí de casa era um homem diferente Do que quando entrara em casa. A simples de noticia de saber que ia ser pai, ainda por cima de gémeos, dera-me muito em que pensar. Era uma sorte, uma grande sorte.

Já no meu escritório tratei de enviar os meus homens para o bairro de Celine. Uns iam fazer patrulha, outros ficaram de guarda no seu prédio. Era uma precaução desnecessária se ela tivesse vindo morar comigo.

Entrei de relâmpago no seu escritório. Não estava nada contente e estava-me pouco lixando, se o tinha interrompido em alguma coisa. - Eu não quero aqueles gajos atrás de mim. Não preciso de protecção! - gritei.

A presença dela na minha casa suscitou-me curiosidade.
- Senta-te - disse, sem saber se ela o faria ou não - Estás enganada, precisas de protecção.

Eu não me queria sentar, mas acabei por o fazer. Mostrava-me bastante chateada com aquilo. - Não, não estou! - revirei os olhos. Quanto mais ele falava, mais irritada ficava. Caramba, será que ele não entendia, que odiava ter pessoas atrás de mim?

- Há meia hora atrás um dos meus homens avistou um dos Bloods a rondar o teu prédio. Se os meus homens não estivessem lá, ele teria entrado na tua casa - disse muito simplesmente.

Não era como se aquele homem me fosse fazer mesmo mal. Se fosse preciso, eu mesma lhe daria um tiro no cu. - Oras.. quero lá saber. - revirei os olhos. - Eu não quero ninguém atrás de mim. Sinto-me sufocada e não dá.

- Se não queres ninguém atrás de ti, muda-te para aqui.
De outra forma não tiraria os meus homens da sua zona.

- Eu não quero vir para aqui! - queria estar no meu cantinho, sozinha, sem que ninguém me chateasse. - Se não tirares os teus capangas da treta, eu atiro-me para a frente de um carro, atiro-me de uma janela, faço qualquer coisa, para perderes estes bebés.

As ameaças dela eram insuportáveis.
- E se fores viver para outra residência minha? Apenas tu. Tenho uma na periferia da cidade, está bem segura e não é usada. Aceitas assim?

Já não podia mais com aquela sua insistência. Ele não percebia que não queria estar a residir em nada que fosse dele? - Quero o meu espaço e isso só é possível na minha casa. - revirei os olhos.

- Mas na tua casa estás exposta!
Disse quase num grito, sem aguentar a impaciência.

- E tu não podes simplesmente tirares-me a privacidade! - disse-lhe no mesmo tom. Não podia ir a lado nenhum, que aqueles idiotas estariam sempre atrás de mim. Ai que raiva que isso provocava. - Já te disse o que tinha a dizer, agora escolhes.

A não ser que a raptasse novamente, não me via com outra opção.
- Como queiras. Eu tiro os meus homens de lá. Mas fica sabendo que, ao mínimo aviso de ameaça, eles voltam.

- Tudo bem.. - Sorri toda vitoriosa por ele ter concordado com aquilo que eu estava, não a pedir, mas sim, exigir. E por puro gozo, acabei por mudar de ideias. - Mas eu vou ficar por aqui. - comecei a rir.

Mas ela estava a gozar comigo ou quê? Só não reclamei porque a sua mudança de ideias me favorecia. - óptimo, então. traz aquilo que quiseres para aqui, já sabes onde é o teu quarto.

Continuei a rir-me, enquanto ele falava. - Tudo bem.. - Não precisava assim de tanta coisa. Seria rápido a ir buscá-las. Depois de me acalmar saí dali.

encerrado.

Ela acabou por sair do escritório. Eu tive de me servir com um copo de brandy. Algo me dizia que ia ser dificil conviver com ela durante os próximos sete meses.

Não me restava fazer nada sem ser trabalhar. Por vezes ser lider do gang deixava-me possesso, raramente me metia nos negócios de rua. Mas ali, no meu escritório, eu era controlo máximo.

Fechei-me no escritório até a hora do jantar se aproximar. Então peguei no embrulho e mandei-o entregar no quarto de Celine com a seguinte nota "Nem tudo tem de ser tão mau. Deixa-me desculpar-me. Jantar às 21h?" . Talvez fosse demasiado cedo para resolver as coisas, não sabia.

Eu voltei a encerrar-me no escritório. Havia tanto para fazer, tanto para mandar fazer. Comecei pela vingança contra os Bloods. Era o que realmente me interessava.