Sala de Estar

Eu estava a um canto da sala. A única luz existente era a da árvore de natal. Estava a olhar para aquele pedaço de natureza há muito tempo. Era ridículo eu estar ali, sozinho, apenas acompanhado por um copo de brandy. Mais valia ter-me metido num sitio qualquer menos na minha própria casa.

Ele parecia não ter notado na minha presença. Apertei o pequeno saco que tinha nas mãos e toquei-lhe no ombro, de forma a ter a sua atenção. - Hey.. - fiz um pequeno sorriso e sentei-me ao seu lado.

Não dera pela presença dela. O que era uma falha. Mas não pensei nisso, estava surpreendido por a ver ali.
- O que é que estás aqui a fazer? Devias estar com a tua família - disse baixinho.

Estiquei-lhe o pequeno saco. Continha apenas, dois pares de sapatinhos brancos. - Ninguém merece passar este dia sozinho. Nem mesmo tu.. - Mesmo que ele fosse um cabrão, toda a gente tinha o direito, de no mínimo, ter um Natal diferente. - Eu já estive com a minha família. Agora estou contigo.

Recebi o saco, ainda mais surpreendido por ela me ter dado um presente. Pûs os sapatinhos nas minhas mãos e sorri. - Obrigado por estares aqui - acabei por dizer. Sabia bem não estar sozinho. - Também tens um presente meu debaixo da árvore. O embrulho dourado. Mas ainda não é meia noite.

Não estava nada à espera que ele me desse um presente. Era no mínimo estranho. Olhei para o embrulho em questão. Aí a minha curiosidade aumentava. Mas podia esperar. - Está bem. - Fiz um pequeno sorriso. Depois levantei-me. - Apronta-te.. Vamos passear..

- Passear? - Perguntei, pouco certo - Está um gelo lá fora, agasalha-te. Toma - Tirei o meu casaco e pu-lo sobre os seus ombros - Agora sim, podemos sair.

Agradeci-lhe pelo casaco, já que apenas o meu novo vestido e uns collants não agasalhavam em nada. Mesmo assim, fiquei meio reticente, pelo simples facto, dele ter ficado sem agasalho. Depois disso, saímos dali para fora.

Faltavam poucos minutos para a meia noite. Descalcei-me e fui buscar o embrulho dourado. Depois sentei-me. Estava a tentar adivinhar do que viria aí, antes que o relógio desse as doze badaladas.
Assim que abri o embrulho, fique quase estática, ao ver um lindo colar lá dentro. - Ham.. isto.. isto.. é lindo.

Eu estava sentado no sofá, a olhar para ela. Já sabia que ela ia gostar da minha prenda, parecia ter sido feito para ela. Era um colar do século XVIII, em ouro puro e com diamantes e rubis incrustados num pendente. - posso por-to? - perguntei, aproximando-me.

Eu adorava tudo o que envolvesse aquelas peças. Era um dos melhores presentes, que alguma vez tinha recebido. Ainda meio atrapalhada, acenei com a cabeça. - Sim.. - levantei-me e afastei o meu cabelo.

Segurei no colar e coloquei-o à volta do seu pescoço suavemente. Os meus dedos acariciaram o seu pescoço e sem conseguir conter a vontade, inclinei-me sobre o seu pescoço e pousei aí um pequeno beijo.

Aquele colar tinha uma beleza indiscutível e punha-me a pensar no quanto ele gastara com aquilo. Mas todos esses pensamentos desapareceram, quando senti o seu toque. O meu corpo arrepiou-se, como há muito não fazia. Afastei-me ligeiramente e virei-me para ele, olhando-o nos olhos.

- Se não queres que te toque, não toco.
Disse logo de uma vez, para ela não ter medo. Mas eu queria tanto tocar-lhe - Se quiseres, apenas diz.

Há umas semanas atrás, importar-me-ia se ele me tocasse. Talvez até tivesse medo, de tanta aproximação. Mas Enzo estava a mostrar um lado de si, completamente diferente. Era querido e atencioso. E isso, simplesmente não me afastava, muito pelo contrário. - Toca.. toca-me..

Ela não me precisava de dizer mais nada. As minhas mãos acariciaram o seu corpo suavemente, sem intrusões bruscas. Eu procurei os seus lábios e beijei-a calmamente.

Era estranho e ao mesmo tempo bom, receber novamente o seu toque. As minhas mãos agarram-se firmemente à sua camisola e intensifiquei o beijo.

Uma das minhas mãos deslizou pela sua perna acima, passando o tecido do seu vestido negro.
Os meus lábios não se separavam dos seus, cada vez mais explorando e intensificando.

Num momento mais racional, estive perto de interferir com os seus movimentos. Lentamente, os nossos corpos cambalearam um sobre o outro e acabámos por sair da sala.

Sentei-me no sofá, porque acabei por ficar mal disposta. Odiava aqueles enjoos. Era das coisas que mais detestava na gravidez. Entretanto, acabaram por passar e a empregada, acabou por me fazer um chá.

Voltei para a sala e olhei para Celine. Ela estava um pouco pálida e isso atrapalharia os meus planos? - Está a haver um grane concerto de natal na baixa da cidade. É exclusivo. Queres ir?

Ainda não me sentia totalmente bem, mas não me me apetecia ficar ali sozinha. - Ham.. sim.. - disse meio atrapalhada e acabei rapidamente de beber o chá. - Vou só vestir-me como deve de ser. - rapidamente fui e rapidamente voltei.

- Está bem - Fiquei à espera dela na sala. Entretanto recebi a confirmação de que já havia seguranças meus no teatro, para assegurar que não erámos incomodados durante o concerto.

Voltei completamente agasalhada, mas vestida a rigor e à sua altura. Não demorámos muito a sair dali.

Chegámos cedo a casa, sem nenhum atribulo durante o caminho. - Então, o que é que achaste do concerto? - perguntei, algo divertido.