Quarto da Celine

Para além de me acordar cedíssimo, ainda por cima, exigia do tempo para me vestir. Revirei os olhos. Vesti-me, agasalhei-me bem e em vinte minutos, estava pronta. Desci para baixo, pronta para tomar o pequeno almoço e seguirmos para a tal loja.

Tirando o rádio, a viagem até à sua casa, tinha sido do mais silenciosa. Assim que chegámos, dirigi-me rapidamente para o meu quarto e tranquei-me lá dentro. Tirei a minha roupa e meti-me na cama. Idiota, idiota, idiota..

Fui para a cama de imediato, ignorando a empregada, que entretanto tinha vindo atrás de mim, até certo ponto de lhe fechar a porta na cara. Tomei um calmante e em pouco tempo, adormeci.

Passaram algumas horas e eu era capaz de ter bebido mais do que devia. Ao andar as escuras pela casa, entrei na primeira porta que me apeteceu.

Ouvi um pequeno estrondo no quarto. Acendi rapidamente a luz e tirei a arma que escondida na gaveta, apontando-a pro indivíduo em questão. Só depois é que reparei em Enzo. - O que fazes aqui? - revirei os olhos e guardei a arma.

So então olhei em volta e percebi que não estava no meu quarto. - porta errada, apenas - respondi, dando uns passos em frente.

- Já que reconheces isso, podes dar meia volta e ir pela porta certa. - sorri cinicamente. Desliguei a luz do candeeiro e voltei a deitar-me.

- Ou então não - entrei na cama pelo lado oposto ao dela. Ali fiquei. Nem sequer lhe estava a tocar.

Não queria acreditar que aquele idiota, se tinha posto na mesma cama que eu. Só podia estar a gozar com a minha cara. Virei-me para ele. - Sai daqui. Cheiras a álcool que se farta e depois.. blhac.. não tomaste banho e blhac.. tiveste sexo.

Virei-me para ela - Estas assim tao incomodada? - Que pergunta. Claro que ela estava incomodada com a minha presença, estava sempre.

Acabei por permanecer calada e virar-me novamente, para o lado oposto ao dele. Sim, ele incomodava-me e ele já devia saber isso.

Ela nao reclamou mais e por isso eu fiquei ali.
-Sentes falta do sexo? - perguntei.

Suspirei. Todas as vezes que fizera sexo, tinham sido momentos, deveras traumatizante. Era claro que não sentia falta daquilo. - Não..

- Nem mesmo das vezes em que foi bom? - Eu sabia que lhe tinha dado momentos de prazer.

Para mim, aquilo era um assunto delicado, ao qual, não gostava de falar. - Foi tudo tão mais mau do que bom, Enzo.. como queres que sinta falta de algo que mal aconteceu? - revirei os olhos.

Esbocei um leve sorriso, algo que ela não veria porque estávamos as escuras. - eu nao quero nada, era so uma pergunta.

- Então pára com as perguntas, que eu quero dormir. - revirei os olhos. Na realidade não queria e nem conseguia, mesmo tendo tomado, um calmante.

- esta bem, esta bem... - voltei a virar-me para o outro lado e fechei os olhos. Adormeci quase instantaneamente.

Seguiu-se um longo período de silêncio, ao qual me incomodava ainda mais que a sua presença. Virei-me novamente para ele e acabei por me abraçar ao seu corpo. Aí sim, consegui adormecer.

A meio da noite acordei. Apercebi-me de que ela estava abraçada a mim. Era estranho e ao mesmo tempo curioso que isso se passasse. Voltei a adormecer.

Por incrível que pareça, até tinha dormido bem naquela noite. Como sempre, acordei com a empregada de Enzo aos berros, pronta a abrir estores e janelas.

- caramba... faz menos barulho- gemi ao acordar. Tinha a cabeça a latejar. Remexi-me mas não me podia levantar, ainda tinha Celine abraçada a mim.

A empregada desculpou-se e saiu rapidamente do quarto. Espreguicei-me e larguei Enzo, virando-me para o meu lado inicial. Depois de algum tempo, fui tomar banho.

Levantei-me da cama. Ela não disse nada. Sai do quarto e fui para a cozinha, tinha de comer qualquer coisa.

Depois de me vestir, sequei o cabelo e tratei de mim. Só minutos depois é que resolvi descer, porque estava com imensa forme.