Escritório do Ricci

Inclinei-me. O meu olhar penetrante estava fixo no dela. E no meu colar... Sim, ficava-lhe bem. Mais do que bem. Como apreciador de mulheres, tinha de ser honesto comigo mesmo - E a que devo a desonra desta sua visita?

Encolhi os ombros. Não lhe devia explicações do que estava ali a fazer e bastava olhar para o colar, para perceber. - Tive saudades. - ironizei e revirei os olhos. Levantei-me, dando meia volta à sua secretária.

Observei cada movimento dela. Estava preparado para tudo.
- Se tinhas saudades minhas bastava ligares, querida.

- Oh, infelizmente o meu violador não deixou nenhum número de telefone. E fazer uma visitinha de vez em quando é sempre bem melhor. - virei-me para ele e sorri abertamente.

Esbocei um sorriso cínico - Pois tens razão, uma visitinha é sempre melhor. Vieste pelo mesmo das outras vezes, queridinha? - provoquei num tom malévolo.

Quase que voltei a revirar os olhos, mas não deixei, que ele reparasse que aquele assunto ainda me afectava. - Vim só buscar uma coisa que é minha. Ia-me já embora. - informei, rodando a maçaneta da porta.

Aproximei-me dela e pûs a minha mão sobre a sua, impedindo-a de a abrir - Oh não, queridinha. Não te vás já embora. - mordi o lábio inferior - E esse colar vai cá ficar.

Afastei a sua mão da minha e encarei-o. Eu ia sair dali com aquele colar, quer ele quisesse ou não. Nem que tivesse que ser de uma má forma. - Acho que estás enganado, meu caro.

- Ah estou? - perguntei, fingindo-me curioso.
- Não me parece, Celine. Devolve-o.

- Estás sim.. - afastei-me dele e voltei a colocar a minha mão na maçaneta. - Devolvê-lo? Só se for ao museu. - que era o seu devido lugar, mas que não me importava minimamente. - O colar agora pertence-me.

- Estás muitíssimo enganada, miúda - respondi, já sem divertimento na minha voz. A minha mão chegou até ao seu peito e subi-a mais um pouco até roçar no colar.

Tirei-lhe a mão do colar e depois disso, empurrei-o para longe de mim. - Aqui quem está enganado és tu, Enzo! - sorri cinicamente. Era só o que me faltava.

- Não me parece. Esse colar é meu. Vai arranjar outro para aturar as tuas merdas Celine - ripostei, aborrecido.

Comecei-me a rir e movimentei-me por aquele escritório, de modo a ficar numa distancia segura. - Era teu.. agora passou a ser meu. Assim como era do museu. - mas o que é que eu estava ali à espera. Eu tinha uma arma, podia muito bem acabar com tudo aquilo, agora.

- nah, nah, nah...
Mordi o lábio inferior uma vez mais.
- Eu consegui o colar. Vires aqui buscá-lo depois é reles, reles, reles. Mas não devia estar surpreendido. Reles é a tua laia.

As suas palavras não me incomodavam. Afinal, ele era bem pior que a minha pessoa. - Não.. tu deste-me um tiro e tiraste-mo! Logo o reles aqui és tu, meu querido.

Eu não era reles. Era poderoso. Havia uma diferença que obviamente não conseguia entender.
- Dá-me a merda do colar e volta para o covil do teu irmão.

Sorri de forma gloriosa e abanei a cabeça. Se ele quisesse o colar, que o viesse buscar. - Ainda não entendeste que agora o colar é meu? - pois, parecia que não. Que estava a falar para uma porta.

Caminhei em frente e encurralei-a contra a parede. A minha mão rodeou o seu pescoço, mas não o cheguei a apertar - maldita.

Fiquei encurralada, odiava estar tão perto dele. Só me dava náuseas. Apanhei a sua mão e apertei-a. - Estúpido. - semicerrei os olhos. Com a outra mão livre, puxei a minha arma da parte de trás, dos calções.

- tem calminha com isso - avisei, olhando-a sériamente ao aperceber-me do seu movimento. Aquela hostilidades entre nós os dois estava a deixar-me excitado.

- Afasta-te.. - não ia vacilar. Se fosse mesmo preciso dar-lhe-ia um tiro. Tentei afastar-me dele, afastar-me por um dos cantos, dos seus braços. Mas ele era tão alto e tão forte, que parecia impossível.

- Até parece que me queres ver afastado, querida... - murmurei ao seu ouvido, olhando-a de forma maliciosa e perversa.

Aquele seu ar perverso e malicioso, davam-me arrepios na espinha. De certa forma, isso intimidava-me um pouco e fazia-me ter um mínimo de medo que fosse. - Já te disse para te afastares de mim!- dei-lhe um pontapé certeiro, no meio das suas pernas.

Gemi de dor e encolhi-me, dando um passo atrás. Contudo eu era intolerante à dor, pelo menos mais do que o normal e depressa me recompus. E agora estava furioso. - maldita sejas.