Quarto

Relembrando a primeira mensagem :

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Eu não estava em condições de partilhar o quarto com ela, não depois de ter sido literamente espezinhado face ao meu amor por ela. Mesmo assim entrei para ir dar um beijo de boas noites aos meus filhos.

Os gémeos estavam a dormir, tinham-no feito desde que chegáramos do passeio. Ignorei a presença de Enzo, já tínhamos conversado tudo o que era preciso. A nossa relação tinha tido o fim. Acabei por adormecer.

Tirei a minha roupa e deitei-me na cama. Os gémeos estavam a dormir em outro quarto. Era estranho estar ali sozinha.

Eu acabei por subir. Esperava que já tivessem todos a dormir.
Entrei silenciosamente no quarto.

Fechei os olhos com força. Quando estava presa, na casa do meu pai eu conseguia dormir sozinha. Mas ali, com Enzo por perto, tornava-se tão difícil.

Eu percebi que ela estava acordada. Simplesmente percebia.
Mas não me ia embora.

Eu continuei quieta sem faz um único barulho. O meu sangue gelou quando me percebi que ele ia ficar no quarto. Será que alguma vez o ambiente entre nós iria estancar?

Deitei-me no outro lado da cama. Separavam.nos como uma barreira. Engraçado, não devia ser nada assim.

A sua presença incomodava-me tanto quanto era necessitada. Era uma confusão. Soltei um suspiro longo, quando o senti na cama. Há uns meses atrás, com toda a certeza que estaríamos mais que colados um ao outro.

Aquele afastamento era uma merda.
Eu queria diminui a distância e agarrá-la.

Eu necessitava de sentir o calor do seu corpo, mesmo não querendo admitir. Remexi-me na cama fingindo ser natural e aproveitei para tocar com as costas da mão no seu braço.

Eu tremi só com o toque dela. Porquê que Celine tinha tanta influência em mim?
Devia ter afastado a sua mão mas não consegui. Aproximei o meu braço.

Acabei por me abraçar ao seu braço com força, em forma de feto e fechei os olhos. Eu não conseguia resistir ao seu corpo, ao seu toque.. ia acabar por cair na desgraça.

A minha respiração tornou-se mais grave.
Ela odiava-me, ela queria-me longe e agora era assim?
- Cel...

Eu devia afastar-me, era o que a minha cabeça dizia. Cerrei as unhas na sua pele e prendi a respiração. - Não digas nada. - murmurei.

Fiquei tenso num instante.
Olhei-a, apesar de não a ver no escuro.

Tentei não pensar no quanto era bom voltar a poder sentir o calor do seu corpo perto de mim. Tentei não pensar que o meu coração ainda chamava por ele e em todas as noites que tínhamos passado juntos. Deixei de fazer força no seu braço, para tentar controlar a minha respiração.

- Não acredito - murmurei.
Não acreditava que ela me odiasse.

Eu não estava em perfeito juízo, perto dele. - Não acreditas no quê? - olhei-o. Apesar de toda aquela escuridão ainda conseguia ver a sua silhueta.

- Não acredito que me odeies - respondi.

Comprimi os lábios quando o ouvi. 
- Eu.. ham.. acredita no que quiseres.

- É o que faço.
Ela continuava agarrada ao meu trabalho. Só me confirmava aquilo.

- Magoada.. é essa a palavra certa. - suspirei. Eu continuava magoada por tudo o que se tinha passado. E odiá-lo ali tão perto era difícil.

- Eu procurei-te. Não parei de o fazer.
Voltei a dizer, baixinho.

- Não procuraste o suficiente.. e dormiste com ela. - murmurei ainda mais baixo, esta última parte. Eu estava calejada, não recuperaria tão depressa.