Praias

Eu não me podia apaixonar. Haviam tantos motivos para o fazer. Para além do mais, interferia com os planos do meu irmão. E mesmo não querendo pensar nisso, tornava-se cada vez mais impossível. Beijei o seu pescoço. - Achas que sou uma má pessoa?

Acariciei a sua fase e abanei a cabeça.
- Honestamente? Não -  Mas eu era um monstro.

Sorri perante a sua resposta. Sabia que a sua opinião iria mudar. A minha sobre ele, também mudara. Enzo fora um monstro para mim e agora, mostrava-se completamente o contrário daquilo que fora.

Apesar das coisas más que fizera, ela conseguia ser boa. Por isso nunca seria má. 
Entrelacei os dedos da minha mão na sua.

Ele fizera-me imenso mal, eu retribuíra uma vez, na sua irmã. Arrependia-me profundamente daquilo, mas não podia fazer nada para mudar isso. Deixei-me estar encostada a ele, a olhar para as nossas mãos. Dentro de em breve tudo aquilo acabaria.

- E se a vida fosse fácil e não tivéssemos toda a nossa vida em Los Angeles, ficavas aqui, comigo? - Aquele era um pergunta ousada.

Corei, face à sua pergunta. Se a vida fosse fácil, se todos aqueles critérios existissem, seria tudo tão melhor. Pelo menos, queria acreditar que sim. Abanei a cabeça. - Sim, ficava.

Limitei-me a sorrir. Seria tão, tão bom. 
- Seria bom, muito bom.

Dei por mim a pensar num futuro inexistente para nós.
Seríamos algo semelhante a uma família. - Pois seria.. - murmurei.

A minha mente vagueou na imaginação. Imaginei como seria tê-la a meu lado, depois dos gémeos nascerem. Seríamos uma familia. Seria maravilhoso. Mas nunca aconteceria, pois não? Suspirei.

O silêncio dominou-nos por completo. O que era estranho, dado que até nos estávamos a dar bem e comunicávamos mais, entre nós. Acabei por iniciar uma conversa. - Nunca tiveste uma namorada ou alguém que gostasses muito?

Abanei a cabeça - Não, ninguém.
Nem nunca sentira falta de ter alguém assim.

- Hum... - então ele não sabia realmente o que era amar alguém, right? Bom, eu queria pensar assim.

- E tu?
Perguntei de seguida, também curioso.

- Eu já tive alguns namorados, nada de mais. - na época não passava de uma adolescente e mesmo assim, nunca fora algo de muito sério. - Nada de muito significativo.

Acredito. Ela fora virgem até aos vinte e um anos, isso era uma raridade no nosso país - Já alguma vez saíste dos Estados Unidos?

Abanei a cabeça. Quando o meu pai ainda era vivo.
- Cheguei a ir ao México, mas.. hum.. poucas vezes.

- México, hum... - Se não fosse pela droga, nunca lá teria ido. Era detestavel.

- O meu pai gostava de passar lá as férias. - encolhi os ombros. E apesar da fama do país, até passara uns bons tempos. - Nasceste aqui ou lá na Itália?

- Nasci em Itália, em Roma - disse, respondendo à sua pergunta - Mas depois vim para aqui com a minha familia.

- Hum.. Roma. - fechei ligeiramente os olhos. Na época em que me aprofundara mais nas falsificações, fizera uma grande lista de países e cidades para visitar. Roma estava nela. Mas infelizmente, nunca chegara a lá ir.

- Sim, Roma. A mais bela cidade do mundo - talvez não fosse verdade, mas era sem dúvida umas das mais especiais e poderosas.

- Ham.. duvido muito. - bom, talvez para ele fosse. Afinal, era a sua terra. E eu também não tinha muito voto na matéria, já que nunca tinha lá ido.

- Duvidas? Quando lá fores vês por tu mesma se não tenho razão. E a maior poderosa, também. - Continuei.

- Acredito que seja uma cidade muito bonita. - mordi o lábio inferior. - Mas poderosa, isso tudo.. well.. talvez nem tanto.