The Golden State Restaurant

Eu não queria olhar para ele, nem para as suas acompanhantes. Deixavam-me fula. Pedi licença às pessoas que estavam comigo e fui-me trancar na casa de banho. Pelo menos lá podia respirar fundo e esquecer um pouco que Enzo estava ali.

Aquela era também uma noite de negócios por isso não me quis dispersar. Fiz alguns contactos, falei com algumas pessoas, combinei coisas.

Nada melhor que meter a cara no vinho e arranjar coragem para voltar para a mesa. Pensar em Enzo não estava nos meus planos.

Espalhei charme por aquele jantar. A verdade é que muitas das mulheres presentes sabia que eu já era pai e achavam isso uma das cosias mais irresistíveis em mim. O mais engraçado era a mãe dos meus filhos estar ali e elas nem sequer saberem.

Eu só queria que caísse o tecto em cima deles. Qualquer coisa para tirar os sorrisos daquelas mulheres. Não demonstrei o quão incomodada estava, muito pelo contrário, ri-me de todas as piadas que os homens que me acompanhavam faziam. Mesmo que não estivesse a prestar atenção nenhuma.

Uma daquelas mulheres, ou mesmo duas ou três iam acabar na minha cama. Os meus homens também estavam bem servidos, menos um... Vi que ele passara o jantar todo a olhar para Celine e dirigia-se até ela agora.

Estava a preparar-me para ir embora, quando o homem se dirigiu a mim. Não estava nada à espera. Ele devia ter mais ou menos, a mesma idade de Enzo. Recusei-lhe qualquer tipo de oferta para me levar a casa. Eu não era estúpida, para não perceber o que realmente ele queria.

Deixei as coisas andarem até perceber que o gajo não estava a entender que ela não queria nada com ele. Ignora Ricci, não tens nada a haver com isto. Hell no! Cheguei lá e empurrei-o - Dá meia volta e sai daqui - Rosnei.

Fiquei em estado de choque quando Enzo se aproximou e o empurrou. Não queria confusões, ainda mais num local tão público. - Não te metas nisto Ricci. Isto é entre mim e a rapariga. Já tens as tuas putas com que te entreteres..

Em termos corporais nós eramos muito parecidos. Numa luta tínhamos as mesmas hipóteses, pensava eu. Mesmo assim iniciei eu com um murro direito ao nariz, sentindo-o partir-se - está calado, filho da puta. 

Aquilo foi tudo muito de repente. O homem ficou a queixar-se do nariz, mas também partiu para cima de Enzo. Eu não queria que aquele estúpido tocasse nele e idiota, fui-me meter no meio e acabei por ser atingida.

Só parei de bater naquele sacana quando ouvi um gemido de dor vindo de Celine. Cabrão! Dei-lhe uma cotovelada tão forte que ele desmaiou. Virei-me para Celine aproximei-me dela preocupado - Estás bem?

Eu estava a sangrar do nariz. Toda a minha boca estava inchada, tinha a maçã do rosto com uma mancha enorme. Comecei a chorar de dor. - Idiota.. - Gemi. - És um idiota. Podias ter-te magoado!

Revirei os olhos. Tinha sido eu quem andara a lutar, mas era ela quem mostrava mazelas. As pessoas estavam a olhar. Ajudei-a a levantar-se e sair dali - Vou levar-te ao hospital. 

Foi à porta do restaurante que me afastei dele. - Não preciso de ir ao hospital. Eu vou para casa. - e chamei um táxi. Nunca devia ter-me metido no meio daqueles dois.

Não a deixei entrar no táxi. Eu tinha o meu carro já ali - Não, vais ser examinada por um médico. Precisas disso, especialmente na tua condição - O meu tom não aturava respostas negativas.

Só depois é que me lembrei da "minha condição". Agora é que não queria ir mesmo ao hospital. Por momentos, senti-me envergonhada. - Eu estou bem Enzo, foi só um murro. - suspirei.

- Celine, não vou mudar de ideias. Entra no meu carro - Disse num tom intransigente.

Semi cerrei os olhos e mesmo contrariada, entrei no seu carro. - Teimoso.. - revirei os olhos.