[Afastado da casa] Casa de jardim

Felizmente enquanto dormia não sentia as dores nos meus pés. Mas por outro lado, estava a ter um sonho, ou melhor, um pesadelo com ele. Se ele pensava que isto lhe ia facilitar a vida, estava muito enganado, eu sabia que eles iam dar pela minha falta, que iam andar à minha procura, era só uma questão de tempo até me encontrarem. Deixei escapar um som desagradado quando senti movimento e o meu sono foi-se evaporando aos poucos. Quando a minha visão se recuperou e eu olhei para a frente, vi-o à minha frente.
- O que é que tu queres agora? - gritei-lhe, endireitando-me. Eu continuava furiosa.

Sorri face à sua irritação e sentei-me no mesmo banco de antes.
-Estive a pensar, e estou um bocado indeciso com o que te fazer - disse - eu não quero matar-te, mas se não te matar tu vens com estratagemas para cima de mim e eu não gosto disso - abanei a cabeça - mas eu posso fazer outras coisas - levantei-me.

Endireitei-me o melhor que consegui, visto que ainda estava com os pulsos presos e fiquei a olhar para ele, cerrando o maxilar.
- Mesmo que me mates, acredita que vão outros para cima de ti que não eu.- mostrei-lhe um sorriso cínico, revirando os olhos.- o que é que vais fazer? Voltar a atacar-me com o teu ferrinho? Essa já é velha.

Acredita em mim, eu safo-me sempre - garanti - ou nunca ouviste falar no Lucky? - Perguntei com um sorriso um sorriso travesso. Soltei uma gargalhada fingida - não, eu tenho mais instrumentos de tortura - gozei - o que eu estava mesmo a pensar era fazermos um pacto

Fiquei a olhar para ele e à medida que falava, maior era a minha vontade de lhe voltar a cuspir para a cara, ele metia-me tanto nojo.
- Não.- respondi à sua pergunta.- porque acredita, se tivesse ouvido falar, tu já não existias.- sorri-lhe da mesma forma e voltei a tentar soltar-me enquanto ele falava. Parei assim que disse que tinha mais instrumentos de tortura e olhei-o, fulminando-o com o olhar.- eu não vou fazer pacto nenhum contigo ! - gitei-lhe.- agora, tira-me estas merdas das mãos!

Voltei a gargalhada enquanto abanava negativamente a cabeça.
-És uma criança em comparação a mim Zoey - disse-lhe. Cerrei os dentes virando-me de costas indo buscar a minha arma, virando-me para ela - Não queres fazer nenhum pacto comigo - sorri forçadamente e apontei-lhe a arma a cabeça - então morre.

Aquele riso, só me dava vontade de o matar, ainda mais. Fechei os olhos de maxilar cerrado e respirei fundo, tentando manter a pouca compustura que ainda tinha.
- Tenho mais cérebro do que tu, isso tenho a certeza.- subi ligeiramente os cantos dos lábios, num sorriso forçado e quando ele repetiu o que eu disse, abanei a cabeça afirmativamente.- nem contigo nem com nenhum dos teus.- afirmei e de um momento para o outro, já tinha uma arma apontada à minha cabeça. A minha primeira reacção foi arregalar os olhos, e apesar de ter o meu coração a martelar-me no peito, não dei parte fraca.- és assim tão fraco para simplesmente me matares? - perguntei, tentando ganhar algum tempo, mas a verdade era que naquele momento, eu não tinha muitas alternativas. Foi então que a porta daquela coisa, que eu nem sabia bem se era uma casa, foi parar ao chão e Mark entrou disparado, seguido de todos os outros.
- Se eu fosse a ti não disparava essa arma.- ele disse num tom calmo, com uma metrelhadora apontada à cabeça de Tyler.
- Eu avisei-te.- disse-lhe.- eu disse-te que eles iam encontrar-me.

-É preciso ser-se mais forte do que fraca para matar uma pessoa - disse-lhe.
Estava prestes a disparar quando ouvi a porta cair mesmo ao meu lado. Não me mexi ficando a ver a bola vermelho apontada para a testa da Zoey. Cerrei os dentes com o que me disseram e depois com o que ela disse.
-E eu sempre disse que não queria saber. Onde é que está a minha mãe? - perguntei, não havia maneira de terem passado por ela sem lhe fazer alguma coisa.

Apesar de Mark estar ali, eu não tinha assim tanta certeza se ele ia pousar aquela arma, mas esperava que o fizesse, para o bem de toda a gente. Olhei para Mark, vendo-o olhá-lo e depois mostrar um sorriso travesso.
- A tua mãe? - ele repetiu a pergunta.- está segurança, mas pode deixar de estar se te atreveres a disparar.- eu sabia que era mentira, mas era porque o conhecia, Mark sabia como fazer bluff.- por isso, pensa bem no que vais fazer.- ele ameaçou, aproximando a metrelhadora da cabeça dele.- se ela morrer, tu vais a seguir.

Só agora é que me começava preocupar, quando me lembrei da minha mãe é que isto tudo se tornou no plano mais estúpido e mal planeado que eu já tinha tido. Eu não me importava que nada me acontecesse, a mim ou ao meu pai, mas a minha mãe era diferente.
-Onde é que ela está? - perguntei - eu não sou burro - disse ainda com a arma apontada à cabeça de Zoey.

Revirei os olhos quando ele insistiu em ter aquela porcaria apontada à minha cabeça e lancei um olhar a Mark, para que se despachasse. Ainda o queria matar, já estava a ficar impaciente.
- Não és burro? - ele perguntou.- se fosses o mínimo inteligente, não a tinhas raptado.- soltou uma leve gargalhada e depois prosseguiu.- está com os teus amiguinhos gorilas, por isso é bom que te despaches, o Louis está mortinho por lhe saltar para cima.

Estava demasiado preocupado para saber se ela estava bem para conseguir responder-lhe quando me chamou de burro. Cerrei os dentes tentando não fazer movimentos em falso antes que ele disparasse mas ele continuou a provocar-me e foi impossível não me virar para ele para lhe dar um murro ou afastar, nem sei bem o que queria fazer.

Tudo aconteceu muito rápido. Num minuto, a arma estava apontada na minha direcção, e na outra, já só ouvi o som de um disparo. Fechei os olhos com força, estremecendo, e pensava que tinha sido para mim até abrir os olhos e ver Tyler caído no chão. Acho que nunca tinha ficado tão feliz em toda a minha vida.
- Meteste-te com quem não devias.- murmurou Mark.
- Acho que ele já percebeu, podes soltar-me agora? - disse num resmungo e ele logo me soltou os pulsos, ajudando-me a levantar-me. Desequilibrei-me para cima dele, por causa dos meus pés e respirei fundo.- espera.- disse.- eu quero fazer uma coisa.- declarei e peguei na arma dele, apontando-a para os pés de Tyler. Nem pensei duas vezes em disparar.- é bom não é? - sorri cinicamente.- eu avisei-te para não te meteres comigo.

Fui contra a parede quando senti um disparo contra o meu corpo deixando a minha arma cair. Eu nem tinha feito nada, ele é que me estava a provocar por causa da minha mãe. Fiquei sem forças para me levantar quando o tentei fazer gemendo de dor quando a senti levando a minha mão ao peito, começando a respirar pela boca. - vais morrer cedo - disse para Zoey soltando um grito quando disparou para os meus pés e ia dizer-lhe qualquer coisa quando tudo se apagou.

Agarrei-me a Mark para conseguir andar, mas ele acabou por pegar em mim ao colo ao ver o meu estado. Rodeei o seu pescoço com os meus dois braços e olhei para Tyler antes que saíssemos.
- Não te preocupes.- disse-lhe.- de certeza que não morro primeiro que tu.- declarei e quando ia virar a cara, vi os seus olhos fecharem-se.- Zach.- olhei para um dos que vinha connosco.- podes ver-lhe a pulsação? - pedi e Mark parou de andar, tal como os outros. Zach abanou a cabeça de forma afirmativa e aproximou-se, colocando dois dedos sobre o seu pescoço.
- Não sinto nada.- disse.- acho que está morto.- oh meu deus, nunca pensei que me soubesse tão bem ouvir aquilo. Sorri, esquecendo todas as dores e cheguei mesmo a dar um beijo na bochecha de Mark.
- Bom trabalho.

Estava a esticar o dedo para conseguir tocar à campainha quando o som de um tiro se fez ouvir, mesmo do sítio onde eu estava. Abri muito os olhos, abrindo ligeiramente a boca e quando percebi que o som vinha de dentro da casa de Tyler, comecei a correr para lá para dentro sem parar. Visto que a porta estava fechada, optei por ir pelo jardim e foi então que vi a porta da casa do jardim aberta e umas pessoas saírem de lá. Escondi-me atrás de um arbusto, esperando que eles saíssem e depois sim, corri para lá para dentro. Estaquei à porta assim que o vi estendido no chão e só depois é que soltei um grito, correndo até ele.
- Tyler! - gritei, abanando-o.- Tyler, oh meu deus, acorda.- continuei a gritar e só mais tarde reparei no sangue que escorria do seu corpo. Levei uma mão à boca, calando mais um grito e tentei racionalizar, pegando no telemóvel para chamar uma ambulância. Indiquei a morada, explicando o que se passava e assim que desliguei, limitei-me a passar a mão pelo seu cabelo.- não podes morrer, ouviste? - sussurrei já a chorar.- tens de ficar bom.

Os médicos rapidamente chegaram por causa da gravidade do estado do paciente. Os paramédicos telefonaram ao hospital para preparem as coisas nas urgências e depois de trarem do paciente no local levaram-na na ambulância juntamente com a rapariga loira que tinha ligado. Os sinais vitais de Tyler não eram os melhores, mas havia chances de poder recuperar a 100%. Ao chegar ao hospital, os médicos levaram Tyler para uma das salas para o examinarem e o ligarem às máquinas, pedindo à rapariga para esperar na sala de espera.

encerrado