[Exterior] Piscina

Olhei para a minha mão vazia e depois para ela com um revirar de olhos e levei outro fruto à minha boca olhando para a água da piscina à nossa frente.
-Gosto - encolhi os ombros - conforme - tentei explicar-me - não me tenho sentido propriamente um sortudo.

Soltei uma risada divertida ao ver a sua cara por lhe ter roubado o pedacinho de fruta e estiquei a mão, tirando mais um bocadinho, mas desta vez de um morango. Abanei a cabeça depois de lhe ter ouvido falar e apesar de perceber, fingi uma expressão desiludida.
- Como é que dizes que não és sortudo depois de me conhecer? - funguei de propósito.- agora desiludiste-me Ty.- abanei a cabeça.

Deixei que tirasse o que quisesse, porque também devia estar com fome e continuei a comer em silêncio. Uma das coisas que me faziam pensar e concentrar mais e melhor era o silêncio e neste momento só estava a rever as minhas táticas brilhantes para amanhã. Estava nervosa, é verdade, mas ia correr tudo como planeado. Desviei o olhar para Stella quando me falou e soltei uma gargalhada esticando uma mão até ao seu queixo, dando-lhe uma chapadinha.
-Se não fosses tu nem Tyler era.

Fiquei a olhar para a piscina enquanto mastigava o bocado de morango que tinha tirado do prato de Tyler e decidi não interromper o seu silêncio, só levantando o olhar para ele quando finalmente falou. Sorri, baixando a cara para lhe dar um beijinho na palma da mão e depois mordi-lhe um dedo.
- É bom saber que a tua existência se deve à minha pessoa.- brinquei com uma gargalhada.- sinto-me deveras importante.

Afastei a minha mão quando ela me mordeu o meu dedo e voltei a comer as minhas frutas deliciosas. Não conseguia parar de pensar no dia de amanhã, era mais forte que eu. Abanei a cabeça para afastar os meus pensamentos e olhei Stella.
-Eu também te considero importante - esperava que ela não levasse isto para o lado contrário, não queria nada dar-lhe falsas expectativas.

Deixei que afastasse o seu dedo da minha boca sem dizer nada e voltei a postar os meus olhos na piscina, ficando a olhá-la de forma meio perdida. Dei um pequenino salto quando ouvi a sua voz sem estar à espera e olhei-o meio de repente, dirigindo-lhe um sorriso.
- É bom saber.- disse de forma sincera porque era mesmo muito bom, apesar de não ter a certeza em que sentido é que haveria de dirigir aquelas suas palavras. Decidi mudar de assunto.- vais querer que fique cá esta noite?

Fiquei a olha-la para ver a sua expressão e sorri por não ter ficado histérica ou demasiado feliz como ela normalmente ficava. Era bom vê-la assim, mas nesta situação só indicava que tinha entendido mal, coisa que não fez. Pensei um pouco na sua pergunta, mordendo o meu lábio.
-É melhor não, eu tenho a mania da perseguição e sou um bocado supersticioso quando faço estes esquemas.

Quase que apostava que ia dizer-me que não. Ele agora já não estava mal, já não precisava de mim. Não que me sentisse usada, porque não sentia. Virei a cara para ele quando o ouvi falar e assenti, já sabendo mais ou menos que era aquilo que ia dizer, apesar de não o imaginar naquelas palavras exactas.
- Achas que se dormires comigo vai correr mal? - perguntei na brincadeira, sorrindo para que percebesse que estava a fazer isso mesmo, a brincar.- tudo bem, eu vou voltar para a minha casa, basta que digas quando quiseres que vá.

Desviei o olhar dela para a água e não contive o riso com o que ela me perguntou.
-Não, mas podem desconfiar à última da hora de mim e ainda atacam a casa. Eu que não faz sentido, mas eu sou paranóico - encolhi os ombros. Já tinha visto tanta coisa que nada me espantava. - Podes ir depois do jantar, mas o meu motorista leva-te.

À medida que Ty falava mais a minha careta aumentava, as coisas que ele dizia eram estranhas, mas ele tinha mais experiência nestas coisas do que eu, era capaz de ter razão.
- Tudo bem, não te preocupes, eu vou embora para não agoirar nada.- sorri, abanando logo de seguida a cabeça de forma afirmativa.- eu janto contigo, mas não preciso do motorista, posso ir de táxi.- encolhi os ombros.

Levantei-me com cuidado para não me magoar quando disse que jantava comigo e agarrei-lhe na mão para que fizesse o mesmo.
- Tu vais com o meu motorista - disse-lhe - ele sabe defender-se melhor que um taxista velhote. - encolhi os ombros despreocupadamente - assim ficas mais protegida.

Olhei por cima do meu ombro quando ele se levantou e aceitei a sua mão, levantando-me sem fazer muito peso para ele, ou pelo menos tentei não o fazer.
- Pronto, está bem.- cedi com um leve suspiro.- se te deixa mais feliz e descansado, eu faço-te a vontade.

Encolhi os ombros quando ela disse que me fazia a vontade
-Ias fazer-me a vontade de qualquer das formas - levantei-me agarrando na sua mão e puxei-a para que viesse comigo até à sala de estar. Ia aproveitar para descansar para depois pedirmos o jantar. Era melhor ser cedo e antes de anoitecer.