Rua Principal

Franzi o sobrolho e desatei a rir - Eu, na menopausa? É que nem lá perto! - Gargalhei novamente e tentei controla-me depois. Recompus-me e respirei fundo - Não gosto dela e ela não gosta de mim, apenas isso. E só eu e ela sabemos o porquê - Essa era a verdade. Um dia teria de lhe contar, mas não queria.

Agora ficara curioso com as suas palavras. Nunca percebera o porquê de nenhuma delas gostarem uma da outra. Ergui uma sobrancelha e virei-me para ela, encarando-a seriamente. - Pois eu tenho imenso gosto em saber o porquê dessa vossa ''mini guerra''. - revirei os olhos e ri-me.

Arregalei os olhos e fiquei meio aflita ao ver o seu interesse em querer saber. - J, eu não sei se... - Calei-me e desviei um pouco o olhar. Respirei fundo e mordi o lábio. Não era algo que eu devesse falar com ele assim do nada e no meio da rua, por assim dizer

Sorry a demora -.- Fazer comer, servir mãe e mana --' vou jantar e já venho ^^

Coloquei as mãos atrás da cabeça e encostei-me ao banco. - Oras, tu e eu já não somos nenhumas crianças.. podes falar. - eu sabia-me controlar, por mais cabuloso fosse pudesse parecer, aquele problema delas. - Vá lá, o que foi? Sabes que podes confiar em mim.

está bem, no problem xD'D

Suspirei pesadamente e passei a mão pelos cabelos. Eu sei que ele não vai reagir muito bem a isto, porque ele sempre gostou muito dela. Se não gostasse, não se falavam - Ela tem outro. - Afirmei rapidamente, olhando-o depois, séria - E não, não estou a brincar nem a mentir, J. Oxalá estivesse. Sempre que tu ias dentro era um alívio para ela, porque assim não tinha de se preocupar tanto. E não foi ninguém que me contou, eu vi com os meus próprios olhos. Por isso é que ela fica toda furiosa quando me vê contigo porque tem receio que te conte. Se eu já não gostava dela, passei a odiá-la então desde esse dia. Não tenho problemas em sujar as mãos e tu sabes disso. Simplesmente não o fiz porque te respeito e gosto de ti. Esperei que ela te contasse, mas parece que não o fez. Eu não acho que ela seja de confiança, mas tu é que sabes... - Murmurei, sem desviar o olhar.

Um largo sorriso apareceu nos meus lábios e peguei no seu queixo, fazendo-a olhar-me diretamente para os olhos. - E porque é que tu achas, que eu acabei por ela? - afastei-me de Nicki e comecei a rir-me. Não deixava de ficar chateado por Marie me ter posto um enorme par de cornos em todos aqueles anos, em que estivemos juntos, mas no fundo, até era um alívio. Nós dávamo-nos bem como ''amigos'' e ela ajudava nos cuidados da minha avó. - Não stresses, porque eu também não o faço. - remexi-me no banco. - Caga lá nisso.

Arregalei os olhos e sorri ligeiramente, aliviada por ele saber ou ter pelo menos uma noção disso - E sabes do puto? - Murmurei entre dentes muito depressa. Provavelmente não percebeu sequer o que disse. - Responde-me com toda a sinceridade.. Tu só te continuas a dar com ela por causa da avó, não e?

- Nunca o conheci na vida. - encolhi os ombros. Mas também não fazia cerimónias em conhecê-lo. Puxei um cigarro do meu maço e acendi-o. Depois de dar umas quantas passas, pude-lhe finalmente responder. - Por causa da minha avó e porque na realidade não tenho nada contra ela.

Arregalei os olhos quando ele disse que não tinha nada contra ela - J, sem ofensa, mas tu agora parecias daquelas gajas apaixonadas que são tão perdidas pelos namorados que não se importam que eles andem com outras - Ri e abanei a cabeça - Já nem parecias tu agora a falar! Não sei como é que tu ficas assim tão relax.. - Gargalhei e apaguei o meu pequeno cigarro.

A verdade é que eu devia estar naquele momento a dar em louco, possesso por tudo aquilo e com uma vontade enorme de matar Marie e o puto com quem ela se metera. Mas, muitos anos na cadeia, era normal que ela se fartasse. Não era uma vida daquelas que lhe queria dar. Nunca.. - Não vale a pena ficar todo fodido. - depois, não confiava em mais ninguém, para tomar conta da minha avó. Tudo se resumia a ela, nada mais. - Marie não vale assim tanto para.. hum.. dar em louco. Preciso de arranjar alguém que me dê sexo e cagar para o resto.

Sorri abertamente quando falou em sexo. - Mas isso não é difícil de se arranjar, tu sabes bem disso - Olhei para ele e mordisquei o lábio - Mas olha, se quiseres a minha mãe pode ajudar-te com a avó. A minha mãe adora a tua avó por isso não seria nada de complicado ou de outro mundo. Mas tu é que sabes, claro.. - Troquei de perna, traçando-a como antes. Aproximei-me mais um pouco dele

- Pois, eu sei.. - sorri abertamente. Não me queria armar em convencido, mas eu não era feio de todo, pelo que arranjar uma gaja não me era difícil. Acabei com o meu cigarro e apaguei-o. - Agradeço-te a ajuda, mas a Marie dá conta do recado. Foi ela que quis cuidar da minha abuelita e elas são muito próximas. - talvez quando Marie fosse embora, eu aceitasse a ajuda de Nicki.

- Isso, jeitoso como és, arranjas uma gaja num instante - Pisquei-lhe o olho e ri baixinho. Olha, até nem me importava de ser uma dessas gajas. Não me importava nada. Abanei a cabeça, mantendo o sorriso - Quando ela se decidir a deixar-vos para ir viver com o puto e com o júnior, diz-me, que a minha mãe terá todo o gosto em estar com ela e em ajudá-la no que for preciso

- Acho que tenho uma líder à altura, no que toca a ser jeitoso. - Talvez fosse interessante testar as capacidades da minha líder.. seria mesmo muito interessante. Engasguei-me quando ela disse aquilo e olhei-a incrédulo. - Com o puto e com o júnior? - aquilo não era o que estava a pensar, ou era?

- Ah muito obrigada.. Éramos capazes de fazer coisas jeitosas os dois juntos - Voltei a piscar o olho e a rir. Ele sabe perfeitamente a que me refiro. Arregalei os olhos quando ele disse aquilo. Mas ele não sabe? - Parece que afinal não sabes de tudo, J... E também parece que já falei de mais - Fiz uma careta e suspirei - É mesmo isso que ouviste...

- Qualquer dia combinamos alguma coisa.. - sorri maliciosamente, mas foi por pouco tempo. Virei-me novamente para a encarar. - Estás-me a querer dizer que.. eles têm um filho? - agora tinha ficado mesmo k.o. Aquilo seria a gota de água. Eu era homem, não era de ferro.

- Com certeza, é quando tu quiseres - Respondi-lhe de imediato com um sorriso semelhante que, tal como o seu, desvaneceu rapidamente devido ao assunto que se seguia - Sim, é isso mesmo... Eu bem estava a achar estranho tu andares todo pacífico com isto. Afinal era por isto que ela tinha medo que eu me aproximasse de ti, visto que tu já sabes do par de cornos que tens.. - Murmurei, não de forma ofensiva

Cerrei os punhos com força. Não podia deixar de ficar magoado. Tinha passado sete anos ao lado daquela miúda, estávamos a planear em casar, depois de eu sair da prisão. E ela recebera-me de braços apertos, assim que ontem entrei em casa. Inspirei e expirei fundo. - Estou com um pressentimento que vou voltar para a jaula. - não ia ficar ali sem fazer nada. Já era muito para suportar. Revirei os olhos. - Mas eu nunca a vi com barriga.. nunca.. - só depois me lembrei daqueles x de meses em que ela não me viera visitar. - Filha da mãe..

Mordi o lábio ao ver a sua reacção. Agora sim, já parece o JC que eu conheço. Agora ele percebe porque é que eu à pouco lhe disse que a quis matar mas não o fiz - É normal que não tenhas visto, ela cagou-se para ti nessa altura e andou aí com ele de mãozinhas na barriga. Nem cartinha nem nada, pois não? Aproveitou para se sentir livre como queria e depois espetou-te uma mentira qualquer. Essa puta não é de confiança. Desculpa a sinceridade, mas é verdade. E não, não vais voltar para jaula nenhuma, não vou permitir. Se te queres vingar dela nela, avisa-te que eu até te posso ajudar num aspecto. Essa cabra não pode sair a rir-se disto, J.- Afirmei sincera, olhando-o - Não vais voltar para a jaula, garanto-te.

- O problema é que eu não me quero vingar só dela.. - murmurei. Podia ser uma coisa horrível, mas queria aqueles três mortos. Nunca antes matara ninguém, mas teria todo o gosto em fazê-lo, naquele caso. - Nem quero sequer pensar, como ela usou todo o dinheiro que ganhei, antes de ir preso.. aquelas vezes todas.. - abanei a cabeça e passei as mãos pela mesma. Ficaria possesso se soubesse que ela gastava-o, em vez de ajudar a minha avó. Oh, se ficaria. - Mas por enquanto, não quero fazer nada.. tenho todo o tempo do mundo.

eu estava mesmo a pensar em dar fama de bitch à Marie, leste-me os pensamentos xD'D

- Ah eu compreendo-te. Mais uma vez eu tentei alertar-te.. Mas como é que eu te ia dizer uma coisa destas? Lembras-te quando te fui visitar? Eu tentei contar-te mas não consegui. E não iria contar hoje se não tivesses insistido tanto. Ela não vale nada, é puta e da pior raça que existe, J. Eu não fiz nada porque te respeito, e a vossa relação não me diz respeito directamente. Mas tu mereces saber o que essa cabra andou a fazer enquanto tu estavas preso que nem um cão numa jaula asquerosa. Pensas que ela pegou no teu dinheiro e pagou os tratamentos da tua avó? - Perguntei não muito alto, abanando a cabeça depois - Fui eu e a minha mãe que tratámos disso. Ou melhor, eu mandei que o fizessem por mim, pois se eu me cruzasse com ela enquanto tu não estavas, eu era capaz de a esfaquear até não se ouvir um piu. E tu sabes que isso não é novo para mim, eu já matei pessoas, JC. E sabes bem que podes contar com a minha ajuda para o que for preciso. E eu não vou permitir que vás para o cubículo outra vez. - Disse seriamente, aproximando-me mais um pouco dele. Acariciei a sua mão e olhei-o nos olhos - Acho que fazes bem em não fazer nada para já. Tens de apanhar os cabrões de surpresa e arrancar-lhes os corações como se nada fosse - Murmurei, perto do seu ouvido, afastando-me ligeiramente depois - Mas por agora, tem calma.. Sei que não é fácil, mas tem calma. Eu estarei sempre aqui para te apoiar e ajudar no que quer que seja. Sempre estive - Encolhi os ombros. Era a mais pura das verdades. Suspirei e deixei que respondesse

Ahaha, awesome, tenho poderes e tudo 8D xDD Sorry os testamentos, mas às vezes dá-me para isto o.o xD

No que tocava à minha avó, a mulher que eu mais amava naquele mundo, tudo virava ao contrário. Não estava mesmo nada contente, quando ela me disse aquilo. No que dependesse de mim, iria-lhe pagar cada centavo. Apertei as minhas mãos à cabeça e pus-me a pensar. - Que hipócrita. Ainda ontem me abraçou e disse que estava cheia de saudades minhas.. - ela metia-me nojo. E ainda bem que Nicki não me dissera aquilo na prisão. Ficaria todo lixado e só iria fazer merda e foder-me ainda mais. Talvez até me aumentassem a pena. - Mas isso não vai ficar assim. Ela vai ver o que sangue mexicano é capas. - olhei para todas as minhas tatuagens. A maioria era do gangue, outras eram por puro divertimento e prazer e outras eram dadas à família. - Obrigado.. obrigado por me teres dito isto, mas não vou precisar de ajuda. Eu próprio tratarei de tudo.

Fiz uma careta mesmo bem enojada quando disse que o tinha abraçado - É puta, que se há-de dizer mais.. - Encolhi os ombros e abanei a cabeça - Entendo, mas se precisares de alguma ajuda, alguma ideia, local, vigias e merdas do género, conta comigo. Não te vou deixar voltar para lá, nem pensar - Disse-lhe sincera, sem desviar o meu olhar do seu - E não tens de agradecer, J. Tu és boa pessoa e não mereces que uma cabra destas te ande a fazer o que faz

Estalei os meus dedos das mãos, inconscientemente. Eu sabia lutar, mas aqueles anos todos na prisão, tinham-me tornado mais forte. - Não vou precisar de nada, obrigado. - sorri-lhe abertamente. Já tinha tudo pensado e não era nada bonito. - Combinamos alguma coisa para logo à noite? - era preferível mudar de assunto. Aquele já me dava náuseas. E bem, quem dizia logo à noite, dizia daqui a duas, três horas. Olhei para o céu.

Inclinei a cabeça para um lado e assenti quando ouvi o que disse- Está bem J, eu entendo - Afirmei com um pequeno sorriso, que se abriu rapidamente com a sua pergunta seguinte - Combinamos tudo o que tu quiseres para quando te apetecer, J - Mordisquei o lábio inconscientemente e pisquei-lhe o olho