Sala de Estar Principal

Mal entrámos na sala, depará-mo-nos com um primo meu italiano. Tínhamos sido bons amigos em crianças e ele era o meu principal contacto ali em Roma. 
- Mateo!
- Enzo!

Esta era a parte em que me sentia totalmente constrangida por ver um familiar de Enzo. Aquela sala era grande, muito grande. Eu olhava para todos os lados e tentava raciocinar um pouco que fosse. Aconcheguei Vin nos meus braços.

Cumprimentei Mateo e ainda trocámos algumas palavras em italiano. Depois vim apresentá-lo  a Celine e aos miúdos.

Eu não percebera nada do que eles tinham dito, mas acho que era preferível assim.
As minhas faces ficaram extremamente quentes quando ele me apresentou ao seu primo. Eu estava tremendamente nervosa. Era a primeira pessoa da sua família que conhecia.

- Mi è piaciuto conoscerti, belissima -Disse Mateo. Ele era um charme mas não o ia deixar abusar com Celine.
- Em inglês, Mateo. Inglês.
- Pois, pois... Prazer em conhecer-te, Celine. Tenho ouvido falar muito de ti.

Não sabia se devia ficar mais transtornada agora. Mateo era bonito, mas nada se comparava à beleza de Enzo. - Érr.. prazer em conhecer-te. - cocei o couro cabeludo. - Oh, a sério?! - olhei para Enzo. As minhas sobrancelhas ergueram-se por momentos.

- Não fiques tão surpreendida - Sorri. Porém não lhes tinha contada nada sobre o nosso passado, nem das coisas que tinhamos feito um ao outro.

- É impossível não ficar. - fiz uma careta. Até agora o que mais tinha feito, era ficar surpresa com tudo. Nunca pensara que iria realmente pisar Roma, ou melhor, nunca pensara que iria pisar aquela mansão.

Afastei Mateo por uns momentos. Tinha negócios a tratar com ele mas ficariam para depois Agora estava cansado pela viagem. Despedi-me dele e voltei para ao pé de Celine - Vamos deixá-los no quarto. Merecem dormir num berço em condições - disse.

- Sim. - e pelo mau humor de Vincenzo, estavam a precisar mesmo de dormir num berço em condições. Seguimos até ao quarto dos gémeos. Foi rápido enquanto adormeceram. Esperava não me perder no meio de tanto quarto.

Felizmente Enzo não incentivara a tia a pegar nos gémeos. Eles foram conversando, naquela típica língua que eu pouco percebia. Eu fiquei mais atrás, analisando cada detalhe do corredor, daquela casa.
Depressa chegámos à sala de estar.

- E está tudo preparado para o baptizado dos meus sobrinhos? - Acabou ela por perguntar quando chegámos à sala.
- Sim, claro. Daqui a cinco dias será a cerimónia.

Revirei discretamente os olhos. Eu ainda não estava de acordo com aquele baptizado. Só tinha aceitado meramente pela vontade de Enzo. Mas não queria atrapalhar aquela conversa.
Aproximei-me da enorme colecção de quadros que por ali havia. Analisá-los quase parecia uma ofensa. A mulher deitou-me um olhar de morte.

Ninguém era imune ao olhar escrutinador da minha tia. Celine, como toda a gente, ia ser testada por ela, já sabia. Cabia-me a mim protegê-la.
- Então, tia, quer alguma coisa?

A mulher negou com a cabeça. Não tirava o seu olhar de mim. Isso de certa forma, começava a irritar-me. Mas não o demonstrei, muito pelo contrário. Coloquei um sorriso cínico nos lábios, em tom de provocação e depois voltei-me novamente para os quadros. Revirei os olhos.
Ouvia afastar-se da sala. O som dos seus saltos altos eram bem notáveis.

Despedi-me brevemente da minha tia. Já sabia o jogo que ela jogava.
Ficámos os dois sozinhos, eu e Celine.

Suspirei quando nos vimos os dois ali sozinhos. - Ela não gosta de mim. - murmurei. - E eu não gosto dela, por isso, estamos bem uma para a outra! - virei-me para ele e tentei sorrir o mínimo que fosse. Mesmo que não quisesse, saber que alguém da sua família não gostava de mim, afectava-me.

- A tia Allegra não gosta de ninguém - Disse-lhe, descontraidamente.  - Não a deixes afetar-te. É isso que ela quer.

Ela já me estava a afectar, era esse o problema. Mas não lhe ia dar o gosto de me ver por baixo. - É, tens razão. - aproximei-me dele e abracei-o com força. A minha cara enterrou-se no seu peito. - Tens quadros magníficos.

Ia estar lá para a proteger, como tinha jurado a mim mesmo fazê-lo.
- É, tenho por aqui umas quantas reliquias. 

Todos os quadros que ele tinha naquela mansão valeriam imenso. Aposto que poucos, estariam realmente registados, como dita a lei. Descalcei os sapatos e puxei-o para o sofá. Aninhei-me rapidamente a ele.

- Estás cansada?
Perguntei, enquanto a abraçava melhor contra o meu corpo.

- Hum.. rum.. - a viagem até Roma tinha sido longa. O meu corpo estava ligeiramente dorido e cansado. E depois, todo aquela recepção alegre da sua tia tinha-me deixado um pouco pior. - Estás cansado? - olhei-o.

- Um pouco. Já dormia - especialmente com ela ao meu lado. Era tiro e queda.