Ruas

Ele queria um bocadinho de Roma e era isso que lhe ia mostrar. Primeiro passeando pelas ruas. Iamos lado a lado, juntos, cada um com um dos gémeos ao colo.

Só naquela manhã percorremos imensos sítios, tirámos imensas fotos. Talvez eu tenha enchido demasiado a memória da máquina, porque às tantas, ela já mal funcionava. Vínhamos de mãos dadas, cada um a segurar os gémeos. Vin olhava curioso para tudo o que era sítio. Já Sienna, acabara por adormecer, bem agarradinha ao pai.

- Vamos parar e refrescar-nos. Está um calor dos diabos - O que vale é que nós já estávamos habituados já que na Califórnia era assim todos os dias. Entrámos numa gelataria.

- Sim, é melhor. - Pedimos um gelado, cada um. Pus Vin sentado no meu colo. E reguila como era, não perdeu tempo em tentar alcançar o meu gelado.

Eu comi o gelado com uma mão, enquanto que no outro braço tinha Sienna a dormitar. - Estás a gostar até agora? - perguntei-lhe.

Era impossível não gostar. Não me tinha calado durante todo o passeio. Tínhamos percorrido imensos sítios bonitos. - Claro. Isto aqui é tudo tão fantástico!

Eu já percebera que ela estava deslumbrada.
- E ainda te falta visitar o Vaticano. Quando formos à Capela Sistina, vais desejar poder roubar o tecto.

As suas palavras fizeram-me vibrar. Eu ficara tão ansiosa, tão contente e animada. - Dizem que é super lindo.. mas quer dizer.. não pode ser assim tão bonito, ou é?!

Abanei a cabeça - Pode mesmo. É magnifico.
Ela ia adorar. - Enquanto aqui estivermos, tenho de te levar a Florença.

- Sim, sim! - eu devia estar presa a um sonho magnífico qualquer. Aquilo não parecia de todo, realidade. Eram demasiadas coisas boas, para ver e conhecer.

Eu tinha de a levar à Uffizi. Lá é que ela se ia deliciar, com tantas obras de arte expostas. - Adoro esse teu sorriso.

Corei intensamente, mas não resisti em continuar com aquele sorriso na cara. Mordi o lábio. - Não digas isso.

- Digo sim. Adoro ver-te sorrir - E nas últimas semanas tinham sido poucos os sorrisos por causa do dilema com o seu irmão.

- Eu sorrio quando estou feliz. Quando me fazes sorrir. - ri-me. Ele devia ter um poder qualquer sobre mim, que me fazia ficar daquela maneira.

Toquei na sua mão com a minha.
- tu sei la donna più bella che abbia mai visto, la mia Venere - murmurei.

Eu não resistia àquele seu sotaque italiano. Derretia-me completamente. Mesmo que não percebesse absolutamente nada. - Isso soou-me demasiado grande. - o meu olhar esgueirou-se rapidamente pelas nossas mãos.

- és a mulher mais bonita que alguma vez - sorri-lhe - a minha Vénus.

- Oowwnn.. quem disse que os franceses eram românticos, quando tenho a prova contrária de que os italianos é que o são?! - ri-me. - Vénus? Porquê Vénus? Eu pensei em algo mais.. hum.. Minerva?

- Os franceses são românticos, os italianos são galãs - Sorri -Mas também somos muito românticos. Ah, não. Vénus era a deusa mais linda. Como tu. Minerva era astuta.

Talvez se não tivéssemos com os gémeos ali, já estaria a retribuir-lhe o agrado. - Eu, linda.. - ri-me. - Vénus era vulgar. Minerva era interessante. A beleza não é tudo. O que temos dentro da cabeça também conta.

- Embora sejas uma Venus por fora, és Minerva pro dentro. Vês como és especial? - ri-me.

Eu aceitaria daquela maneira. Mordi o lábio e voltei a sorrir.
- Oh.. é a minha vez. - fiz um ar pensativo.

- A tua vez? - eu não podia ser comparada com um Deus.

- Sim, a minha vez. - fiz uma careta. Todos os meus deuses favoritos não se adequavam de todo a ele. - Fântaso?! - corei. - Ou maybe.. hum.. Neptuno. É.. a tua aparência é tão poderosa como a dele.