Quarto de Connor

Ainda não percebia o porquê de ele me levar ao colo até ao meu quarto, quando eu conseguia andar. Tateei o seu lenço, que estava agora meu pescoço e assim que fui pousada na cama, suspirei.
- Obrigado, mas não era preciso. Agora tens o teu lenço cheio de sangue e bom.. A Aminah precisa mais de ajuda, do que. - revirei os olhos. - Devias tratá-la com mais respeito. Tu sabes que ela te curte. - e podia estar a ser uma seca naquele momento, mas eu adorava aqueles dois e só os queria ver bem. Não queria que Aminah sofresse, nem que Tom se chateasse.

- acho que a perda de sangue te deu a volta a cabeça, agora dorme que aqui estás segura. isto é uma fortaleza - beijei.lhe a testa - caso precises de mim, grita mas só em caso de urgencia. o medico deve estar a chegar

Ele não queria mesmo saber o que eu dizia, pois não? Ai, às vezes dava-me vontade de lhe dar umas boas bofetadas, só para que ele acordasse.
- Eu acho que tu é que gostas de te fazer de parvo. - suspirei. - Ouve a tua irmã, uma vez que seja, na tua vida. - e agora estava a falar muito a sério. - Sê mais simpático com a Aminah. Não brinques com ela e epa.. Ela curte-te, MESMO, MESMO.

Olhei logo para Aminah, assim que ela me chamou e encolhi os ombros.
- Bom, eu já disse o que tinha a dizer. Agora vocês é que sabem. - Tirei os sapatos que tinha trazido. Só agora é que reparara que ainda estava com aquela roupa nojenta. Um pequeno arrepio subiu-me pelo corpo e naquele momento, só quis ir para o banho.

olhei para ela e arqueei a sobrancelha - tenho cara de empregado ? - perguntei, acabando por pegar nas roupas - cuidem.se e estejam decentes quando o medico chegar. tem de tratar do teu ombro aminah e do teu pescoço connor

Abanei a cabeça, aceitando a ajuda de Aminah e acabei por tirar o resto do corpo. Aí foi visível todo o meu corpo marcado. Tive uma vontade enorme de chorar, mas acabei por engolir o choro. Estava com um nojo enorme de mim.
- Está bem, Tom. - não queria nenhum médico. Quem precisava disso era Aminah.

Encolhi os ombros e sai do quarto. precisava de ir ligar a uns contactos, cobrar favores que me deviam, pagar dividas antigas e vingar a minha irma. fui para o meu escritorio ate o medico chegar

Assim que entrámos na casa de banho, liguei a água do chuveiro e sentei-me no chão do mesmo. Encolhi o meu corpo. - Devia sim.. - mordi o meu lábio. - Não gosto como ele às vezes te trata.

- Pois, mas eu acho isso uma merda. - olhei-a nos olhos e agradeci, quando me ajudou. Sem ela, acho que não seria nada. Encostei as minhas costas, aos azulejos e suspirei. As imagens horríveis da violação não saiam da minha cabeça.

- Duvido muito. - não queria que ela deprimisse com as minhas palavras, mas era o que eu achava. O meu irmão era um gajo fixe e ela adorava-o. - Mas se o conseguires fazer, tiro-te o chapéu. - tentei esboçar um pequeno sorriso.

Olhei para ela, enquanto me molhava com o chuveiro. Estava mesmo a precisar de um banho. - Devias ir tratar disso. Está com mau aspecto. - será que o médico já tinha chegado? Esperava que sim. Afastei o lenço do meu irmão, do pescoço e pousei-o num canto. Lavei a minha ferida e fechei os olhos com força.

Como queria que não me preocupasse? Ela era a minha sister, uma das pessoas mais importantes da minha vida. A minha melhor amiga. Nunca me perdoaria se algo de grave lhe acontecesse. Comecei a chorar, assim que ela falou daquele monstro de uma figa. - Isto não é nada, comparado com o teu ombro.

- Não tens pelo que pedir desculpa. - apertei-me ao seu corpo e agarrei com força a sua roupa. - Eu sinto-me tão suja. - solucei. Não sabia como lidar com aquilo. Só me queria vingar. - Foi horrível Aminah, horrível.. - finalmente encarei-a, com olhos mais borrados que sei lá o quê. - Ainda por cima.. foi.. foi.. a minha primeira vez.

- Eu não preciso de psicólogo nenhum! - gritei. Num momento para o outro, o meu olhar assustado, mudou por completo. Cerrei os punhos e consequentemente, o maxilar. Queria mesmo vingança. Queria que ele sofresse da mesma maneira que eu sofrera, se pudesse, pior. - Eu quero que descubrem onde está a irmã dele. - murmurei. - Quero que ela tenha a mesma coisa que eu tive. Quero que seja pior. E em direto, para toda a gente poder ver.