Casa de Banho

Entrei na casa de banho daquele apartamento enorme e vesti-me. Tirei do meu pulso um elástico de cabelo e a muito custo amarrei-o visto que tinha apenas disponível um braço para fazer as coisas. Meti a minha mala sobre a bancada dos lavatórios e tirei da mesma a bolsa das minhas maquilhagens. Olhei-me ao espelho e com uma toalhita de limpar o rosto, removi o que tinha na cara borrado. Após ter a cara totalmente limpa, comecei a maquilhar-me de novo. Ali eu não ia ficar mais! Depois de me maquilhar, ajeitei a minha roupa ao espelho e arrumei tudo, saindo da casa de banho e seguidamente de casa de Tom sem qualquer segurança atrás de mim.

Entrei com Tom na casa de banho e assim que tirei a manga que suportava o meu braço alvejado, despi-me com calma e cuidado. Deixei todas as minhas peças de roupa sobre a bancada dos lavatórios e evitei ao máximo olhar-me ao espelho. Não queria ver a minha magreza.

Olhei para mim e encolhi os ombros. - Não sei, deve ser do stress. - Disse entrando na banheira com ele. - Porquê? - Questionei olhando-o.

- Quando me conheceste também levavas pontapés nos tomates quando eras uma besta comigo. - Constatei ligando o chuveiro. - Agora dizes o que queres e eu fico a ouvir-te. - Acrescentei mostrando-lhe que eu não estava a mesma pessoa, tanto mentalmente como fisicamente.

- Eu sei as regras muito bem. Aliás sei quando estou a fazer merda e não vai ser por isso que vou deixar de proteger uma criança, por exemplo, só porque tu estás para vingar uma coisas que já foi muito bem vingada. A tua guerra é com pessoas maiores de 18, não menores... - Disse dando-lhe o chuveiro para a mão. - O teu problema é que passas a vida enfiado num escritório e não tens tempo para ti ou mesmo para os outros. - Disse virando-lhe costas e molhando-me na água que corria do tecto.

Os meus olhos fecharam-se lentamente. Eu não tinha forças para mais! Se falava é porque queria discutir, se estava magra era porque era um balão a perder ar, se pedia por carinho era doida porque ele tinha trabalho. O que fazia eu ali? - Tudo bem... - Murmurei num tom quase inaudível e caminhei para a zona onde se encontravam os champô, passando por ele com o máximo de cuidado para não lhe tocar.

Lavei a minha cabeça a penas com uma mão o que levou uns bons 10 minutos e o corpo outros restantes. Odiava aquela sensação de estar a mais, de ser um estorvo, se ser impotente por causa do meu estúpido ombro. Dei um soco na porta acrílica do chuveiro e solucei, deixando as lágrimas cair. Parecia uma deficiente motora a tomar banho! Assim que terminei o meu banho, regressei ao quarto.