Loungue Spot

Por estranho que fosse, eu mandara servir o jantar ali. Tinham posto uma pequena mesa e estava recheada de coisas. Entretanto esperei. Estava quase certo em como ela não viera.

A empregada indicou-me o caminho. Segui então, até à parte exterior da casa. Apesar de ser noite, aquela parte estava muito bem iluminada.

Fiquei surpreendido ao realmente vê-la ali. Quem diria? E ainda por cima estava a usar o vestido que lhe comprara. Ficava-lhe bem, como eu imaginara. Ainda não se notava minimamente a gravidez. - ainda bem que vieste.

Não sabia se estava a fazer bem, em estar ali, mas bom.. que se lixasse. - É.. - olhei em redor. O ambiente parecia minimamente bom. Sentámos-nos, minutos depois.

Estava determinado a estabelecer um acordo de paz durante aquele jantar - o vestido fica-te bem - elogiei, simplesmente por elogiar. Era uma pena que ela agora já não servisse para sexo pois com aquele vestido estava mesmo desejável.

- Obrigado. - encolhi os ombros. Elogiar-me, ou não, era-me igual. Apesar de tudo, estava frio lá fora e agradecia por ter trazido a jaqueta que vinha no embrulho. A empregada depressa nos serviu e depressa deixou-nos a sós.

Fui eu a dar a primeira dentada. E sendo o anfitrião, parecia que me cabia a mim iniciar uma vez mais aquela conversa. Agarrei na garrafa de rosé - És servida? - Era um vinho sem alcool e ao mesmo tempo saboroso, o que convinha.

Apesar de estar grávida, não tinha muita fome, pelo que não enchi muito o meu prato. Neguei o vinho. Não bebia, ele já devia saber isso.

Servi apenas a mim, o habitual.
Decidi quebrar aquele silêncio - Ouve, gostava que durante a tua estadia aqui houvesse menos hostilidade. Tenho de te pedir desculpa.

- Tu já tinhas pedido desculpa. - E mesmo assim, não acreditava nas suas desculpas. Isso era bem visível em mim. Olhei para o meu prato e suspirei.

- Mas não foram sinceras. Nunca devia ter tocado em ti daquela maneira, mas é como as coisas funcionam entre gangues. Eu excedi-me - admiti, entre dentes cerrados. Custava engolir o orgulho.

- Como as coisas funcionam entre gangues.. - murmurei. Eu não tinha culpa das coisas que aconteciam entre gangues, nem nada a ver com isso. Ele simplesmente estava-se a cagar. se passava por cima de inocentes ou não. Pequenas lágrimas formaram-se-me nos olhos. - Ainda bem que tens consciência disso.

Tinha consciência, sim. Mas crescera no meio deste mundo de crime, a minha consciência não era muito afetada - Lamento. Quero que saibas que não tenciono voltar a magoar-te.

- Lamentas? - Sorri cinicamente e olhei para ele. Limpei as minhas lágrimas. - Magoar-me? Tu destruíste-me! Magoar-me mais seria.. nem existir. - mas ele era um monstro, nada disso, mais me admirava.

Ora, eu estava ali a dizer aquelas merdas e ela nada. Mais valia estar calado. - pode estar descansada que não volto a pôr um dedo em ti - levantei-me e saí dali em direção ao meu quarto. Tinha pedido tempo com aquilo.

Ainda bem que aquilo seria assim. Se ele me voltasse a tocar, quem sofreria as consequências, seriam aqueles bebés e ele mesmo. Ainda fiquei ali durante algum tempo a abafar o choro. Depois saí para o meu quarto.

Voltei a cara horas depois, saciado e satisfeito depois das três mulheres que rondara naquela tarde. Com elas tinha podido ceder a todos os meus impulsos sexuais mais... hum, dolorosos. Senteime no sofá do exterior e saboreei o cigarro.

Era três, apenas três que tentava a todo o custo, não serem apanhados. Enquanto isso, empurravam-me e obrigavam-me a acatar-lhes as ordens. Tentava-me manter calma, as tornava-se impossível. Foi já parte exterior da casa de Enzo, que consegui soltar-me das garras de um e comecei a correr. - Enzo! - gritei. - Enzo! - acabei por ser novamente apanhada e desta vez, empurraram-me contra uma parede.

No segundo que ouvi o meu nome corri para o exterior. Tinha agora uma arma e já tinha chamado reforços. Vi três homens desconhecidos na posse de Celine, maltratando-a. A minha raiva chegou a níveis inimaginários. Aqueles homens não iam escapar com vida, prometi a mim próprio. - Larguem-na! - disse, direcionando a mira para eles - Já!

Um dos homens agarrou-me com força e apontou-me uma arma à cabeça. Tentar soltar-me, agora, tornava-se impossível. Além do mais, doía-me certas parte do corpo. - Eu mato-a!

- Mato-te primeiro - avisei determinado. Eu estava tão, tão furioso. Apercebi-me que os meus homens já estavam em posição, com mira aos outros. Apontei a arma na direção do homem que tinha Celine. Era um tiro limpo ou nada. Disparei. Então gerou-se o caos.

Quando aquele caos todo começou, corri o mais rápido que consegui, para um sítio seguro. Sentei-me no chão e encolhi-me. Suspirei de alívio e voltei a fazê-lo, quando tudo cessou.

- eu avisei, cabrão - vociferei ao ver o homem cair redondo no chão com uma bala na cabeça. Protegi-me dos tiros e atirei nos outros dois com tanta precisão que morreram sem conseguir ripostar.

Quando tudo acabou, ergui a cabeça e tentei ver o estado em que estava aquele sítio. Felizmente, acho, os três homens estavam mortos. Espreitei pelo outro lado da parede e levantei-me.