Jardim Principal

Queria que a nossa noite fosse divertida o suficiente para que ele tivesse um bom Natal. Passámos umas horas no parque de diversões, mas entretanto, acabámos por seguir para um jardim, onde haviam inúmeras pessoas, excelente música e imensas carrinhas de doces e assim. Olhei para Enzo. - Tens a certeza que não queres o teu casaco? - já vinha a perguntar aquilo há imenso tempo.

. Na véspera natalícia quem é que se aventurava pelas ruas? Aparentemente, muitas. Não estava à espera que ela me guiasse para um sitio daqueles. - Pela vigésima vez, não. Precisas dele mais do que eu.

- Pronto, está bem. - não valia a pena insistir mais. Mas se ele ficasse constipado, ou algo do género, não me responsabilizava por isso. Seguimos pelas pessoas, até arranjarmos um bom sítio para ficar.

Esbocei um breve sorriso para a tranquila em relação àquela questão.
Acabámos por conseguir um espaço acolhedor, perto da música mas algo afastados das pessoas - Estão a vender algumas coisas boas. Queres alguma coisa?

Eu não tinha muita fome, até porque tinha jantado, mas.. um docinho não fazia mal a ninguém. Encolhi os ombros. - Qualquer coisa, está bom.

- Espera aqui um minuto, eu volto já - levantei-me e fui comprar dois apetitosos bolos natalícios que vendiam, juntamente com um doce. Depois regressei para ao pé dela

Agradeci-lhe pelo bolo, assim que ele voltou para o pé de mim. Acabámos por aproveitar aquele tempo a ouvir a música e tudo o que estava ao nosso redor.

- Como e que sabias que isto estava a acontecer aqui? - acabei por perguntar, já a acabar de comer o meu bolo .

Encolhi os ombros e acabei de comer o meu bolo, antes de lhe responder. - Quando voltava para a tua casa, acabei por passar por aqui e bom.. hum.. - achara boa ideia.

- É um bom sitio - Acabei por dizer. Pelo menos surpreendera-ma e não parecia atrair grande perigo no meio daquela gente.

- Hum.. rum.. - voltei a colocar o pequeno sorriso que tinha à pouco nos lábios e olhei para a espécie de palco que estava à nossa frente. Depois de algum tempo, acabámos por dar uma volta pelo jardim. Às tantas, um homem acabou por nos interromper.
- Que casal tão bonito! Não vai querer oferecer uma flor à menina? - mostrou-nos a sua banca. Apesar de estar frio, estavam ali algumas pessoas e as flores até pareciam bem conservadas. Mas antes que o homem se apressasse..
- Nós não somos um casal. - cocei o couro cabeludo.

- Exactamente - reafirmei a frase dela - Mas isso não quer dizer que não lhe possa oferecer uma flor. Ou cinco. - sorri ligeiramente - Estas duas aqui, a branca e a vermelha - Paguei ao homem e depois virei-me para ela - Feliz Natal Celine.

Fiquei a olhar para as duas flores, com cara de parva e seguidamente, olhei para ele. - É.. Obrigado.. não precisavas.. - o espírito natalício deixava-o estranho. E isso, de certa forma, atrapalhava-me. - Feliz Natal Enzo.

Esbocei um ligeiro sorriso, mais aberto e simpático do que a maioria dos que demonstrava.
- Este é o primeiro natal em alguns anos que não estou sozinho.

E aquele seu sorriso não era tão assustador, quando era realmente genuíno. Recomeçamos a andar, enquanto falávamos. - Ham.. - olhei-o. Aquilo devia ser horrível. - Mas este Natal estás comigo. Os outros passarás com os gémeos. - sorri-lhe.

- Eu sei e é por isso que estou feliz - o meu sorriso alargou-se um pouco mais - deste-me este ano o melhor presente que podia receber.

Na realidade não lhe dera nada. Ele praticamente obrigara-me àquilo. Mas não iria entrar por esse caminho. Estava um ambiente tão bom, que só ia estragar tudo. - É.. - Passei as mãos pela minha barriga.

Sorri. Estava tentado a perguntar-lhe se podia tocar na barriga mas não ia abusar e arriscar que ela ficasse desagradada. - Não tens frio mesmo assim, com o casaco?

Com aquele vestido a minha barriga era mais notável e de certa forma, isso não me incomodava. - Não tenho frio. Estou bem assim. - fiz uma careta. Agarrei-me ao seu braço. - Estás a ser um querido, obrigado.

Encolhi os ombros. Eu estava a ser um querido? Isso era novidade. Pelo menos não estávamos a discutir nem de costas viradas - também estás a ser uma bela companhia.

- Correcção, eu sou uma boa companhia. - revirei os olhos e acabei por me rir. Finalmente, estávamos em paz e sem discussões, ou algo do género. Depositei um beijo na sua face e continuámos por ali.

Acabei por me rir também. Continuámos a caminhar e, apesar de calados. até era bom.
- Queres voltar para casa, é quase meia-noite.

Quando ele falou em meia-noite, lembrei-me do seu presente. Fiquei mais do que animada e bastante ansiosa. Acenei e seguimos para casa.

Juntos, regressámos para casa.
Depressa chegámos antes que o relógio tocasse a meia-noite.

encerrado.