Locais Aleatórios

Relembrando a primeira mensagem :

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- E é um bom sitio onde crescerem - Estava mais a dizer estas coisas para mim próprio procurando convencer-me. A minha vingança ficava cada vez mais distante à medida que me passava pela cabeça assentar aqui. - Sentes falta de LA?

- Todos os dias. - suspirei. Sentia falta de tudo, até mesmo das coisas mais simples. No entanto, sabia que não podia voltar, pelo menos, não agora. Era perigoso de mais. - LA será sempre o meu lar, mesmo estando longe.

Ouvi-la dizer isto não ajudava em nada o meu dilema.- Enrendo7- Pois se tia o mes o. Entretanto a conversa parou com a chegada de Vin e Grazi com gelados para toda a gente.

Vin já vinha todo sujo com um pequeno gelado verde, que a julgar pela cor e pelo que eu conhecia do pequeno, era de limão. Ele correu até nós, esticando-nos uma caixa com dois gelados diferentes.

- Obrigado - Disse para o pequeno, o que fez abrir-se num sorriso ainda maior. Partilhou todo entusiasmado os gelados com os restantes.

O pequeno voltou alguns minutos depois e sentou-se entre as minhas pernas. Olhou para mim com aqueles olhos enormes e sorriu. - Mamã... gelado. - abriu e fechou as mãozinhas, já todas sujas do seu próprio gelado. - Já comeste o teu Vin, sabes que não podes comer muitas coisas doces. - mas é claro que não resisti. Em pouco tempo Vincenzo já estava a lambuzar-se com o meu gelado.

Depois daquela tarde na praia, muitas outras se seguiram. Enzo continuava com as sessões de hipnose e parecia, que aos poucos, as coisas estavam a entrar nos eixos.

Quando viera para a Austrália como mais um passo na minha vinganca estava longe de imaginar que ganharia vida novamente. Não só tinha Celine e os nossos filhos, tinha também um amor por eles que me ultrapassava. Com a ajuda da hipnose fui-me lembrando das coisas, das más e das boas. Agora já me lembrava de praticamente tudo até à data do nascimento de Francesco. Tudo o que se seguia daí para a frente é incerto e negro. Por isso centrei todas as minhas energias na terapia par me lembrar. O resultado eram atrozes dores de cabeça que mal me deixavam andar. Iam de mal a pior mas eu não queria parar enquanto não me lembrasse de tudo.

Eu podia dizer que estava novamente completa. Andava tão feliz que contagiava toda a gente à minha volta. As crianças também pareciam sentir o mesmo. Desde que Enzo se mudara definitivamente para a mansão, que os pequenos estavam ligeiramente diferentes. Era mesmo bom ter a nossa família de volta.

-Enzo, é meu dever como médico aconselhá-lo a parar com as sessões. Estão a desgasta-lo mais do que deveriam - o medico não me dizia nada novo. Mesmo assim insisti para que prosseguissemos com aquilo. Sentei-me na habitual cadeira, fiz tudo como de costume, deixei-me levar pela hipnose. Imagens começaram a aparecer e levei apenas um segundo a perceber que eram do tiroteio. Insisti com a minha mente para ver mais e mais. O meu nariz já sangrava, os meus ouvidos também. Mas não parei. Precisava de saber. Quem fora... -Ahhhhhhhh - gritei em horror quando uma dor brutal como nunca sentira antes me atravessou as têmporas e me impediu de respirar. Em menos de três segundos estava inanimado no chão.

Entrei a correr na clínica, ignorando os chamados da recepcionista. O meu coração apertava-se sempre que pensava em Enzo. Nem sequer tinha percebido ao certo o que tinha acontecido.

Quando acordei estava numa cama de hospital ligado a uma máquina que fazia um barulho irritante. Estava sedado, percebia. A minha dor for varrida, no entanto a recordação da mesma dava-me vómitos. Só os contive porque o doutor chegou e não vinha com boa cara.
- Eu avisei-o Enzo. Foi demais.
- Não quero saber da sua moral, dr. O que se passa comigo? - Não era tolo nenhum. Sabia que tantas dores de cabeça prolongadas e hemorregias frequentes eram sinal de algo.
- Enquanto esteve apagado descobrimos via ressonância magnética que tem um aneurisma. Teve imensa sorte que este não tenha rebentado caso contrário estaria morto .
um aneurisma . Morto. Caraças. - O que se pode fazer quanto a isto?
-Não muito. Tem a cirurgiamas implica niveis de perigo muito elevado. Psode morrer na mesa cirugica. Se não operar, é como ter uma bomba relógio na sua cabeça. O aneurisma pode explodir a qualquer momento. - Ou seja, eu podia morrer a qualquer momento. Nem tive tempo para raciocinar isso. Já Celine entrava pelo quarto a dentro. Eu não queria que ela soubesse disto.

O médico deixou-nos sozinhos. Sentei-me à borda da maca e peguei na sua mão. - O que se passou Enzo? Porque é que estás assim? - eu perguntara a uma enfermeira que passava pelo corredor, mas nem mesma ela me soubera explicar. - Desde que começaste com a hipnose que estás estranho. O que foi?

Estava tudo a fervilhar na minha cabeça. Nem tinha espaço para reflectir mas uma coisa dabia: não queria preocupar Celine - Já sabes, Cel. As dores de cabeça do costume. Desta vez acabei por desmaiar.

Revirei os olhos. Essas estúpidas dores, sempre essas dores. Dei-lhe um beliscão no braço e fiz uma careta. - Vais parar com a hipnose! Não quero que sintas dores ou que corras o risco de voltar a desmaiar. Foda-se tudo. Não quero saber.

- Não! - cruzei os braços ao peito e olhei para ele. - unfs.. tá bem. - inclinei-me o suficiente para que os nossos lábios se tocassem, muito rapidamente. - Nada mais que isso. Unfs..

Eu aceitei de mal agrado a sua decisão de sair da clínica. Vim o caminho todo de trombas, não sequer falei para ele. Estava preocupada com todas aquelas coisas esquisitas que vinham a acontecer com Enzo, desde que ele começara com a hipnose.

Estar ali deixava-me nervoso. Tudo mudara a partir do momento em que o médico revelara o seu diagnóstico.  Na altura não falaramos bem, mas agora ia saber tudo.
- Mr.Ricci, não é impossível viver com um aneurisma. Muitas pessoas nem chegam a descobrir que o têm.  No entanto corre o risco deste rebentar e se isso acontecer pode crirar sequelas irreversíveis,  pode po-lo em coma ou até mesmo morrer. 
- Mas disse-me que havia a possibilidade de operação.  Quais são as chances? 
- Podemos tratar da remoção via cirurgia ou, caso seja demasiado danoso, operar colocando um dispositivo que previne o rompimento do aneurisma. Não o vou enganar, são procedimentos muito perigosos. No entanto, se não os fizer, as hipóteses de o seu aneurisma rebentar são muito elevadas. Apenas 25% das pessoas sobrevive a um aneurisma, e isto se tiver ajuda médica imediata. As suas dores de cabeça incessantes já são um sinal de perda de sangue devido a rompimento dos vasos sanguíneos.  Isto em si também é um problema e poderá culminar no rompimento do aneurisma.
- Então basicamente não tenho muita escolha. Ou faço e cirurgia e posso acabar morto, ou vivo mas com lesões permanentes. Ou morro se não operar. 
Ele nao me respondeu. Não precisou. Eu não sabia o que fazer. Não sabia mesmo mas também não me conseguia decidir ali. Regressei para casa.

Enzo chegou pouco depois do pequeno almoço. Nós ainda estávamos à mesa.. quer dizer, os gémeos ainda estavam à mesa. Não paravam de fazer a típica guerrinha entre eles. - Bom dia. - tinha ficado curiosa. - Onde foste? Eu disse-te que devias ficar na cama. 

- Espairecer a cabeça? - revirei os olhos. - O que eu disse sobre ficares na cama a descansar? Caramba Enzo! Tu nem deves ter comido sequer. - suspirei. Não estava irritada e sim preocupada. - Ontem desmaiaste, não podes andar aí a fazer esforços.