Q' Palace

Relembrando a primeira mensagem :


{Uma vez por ano, agrega todos os mafiosos do mundo, num jantar de verdadeiro requinte}

Preparei-me logo para aquele encontro pelo qual estava ansioso. Via o quanto Tom estava irritado apesar de, tal como eu, ele ser muito bom a esconder as emoções.

- Eu vou-me embora Enzo, eu quero-me ir embora. - murmurei. Mas já era tarde de mais. Tom estava frente a frente connosco. Aminah não escondia o ar de censura ao me ver ali. Quis arranjar um buraco e esconder-me lá dentro.

- Relaxa. É uma chance de veres o teu irmão. Não era o que querias?
A última vez que eu o vira fora no hospital, já fazia uns meses. Ainda estava pessimamente ressentido pelo golpe que ele me dera.

Enzo só podia estar a gozar comigo. Relaxar no meio daquele clima todo, não era uma capacidade que dominava, ao contrário dele.
- Tom.. - murmurei. Ele olhou-me por breves segundos. Oh, ele estava tão irritado. Apertei a mão de Enzo com força, muita força.
- O que fazem aqui?

- Ora, o mesmo que tu - Respondi à sua idiota pergunta. 
Continuei firmemente ao lado de Celine - Este ano decidimos estrear-nos aqui, neste jantar. Juntos.

Dava para notar no tom de Enzo o quanto ele estava a gostar daquele momento. Apertei a sua manga quando respondeu à pergunta do meu irmão. Este pouco gostou.
- Pensei que tivesses escolhido definitivamente o teu lado, Connor.. - estremeci. - Parece que me enganei. - a sua mão envolveu o meu braço. -  Nem mesmo àqueles que cuidaram de ti dás total lealdade. - não pensei seriamente que Tom tivesse coragem de fazer uma cena daquelas. Algumas pessoas olhavam-nos.

Eu não gostava nada que Tom tocasse nela assim. Não o permitiria na minha presença. Peguei no braço dele e fi-lo recuar - Enganaste-te, Tom. - Eu quase sorria.

O meu braço tinha ganho uma cor acentuada.
E novamente as pessoas voltavam a aglomerar-se. Não queria nenhuma discussão entre eles, não queria que se magoassem.
- Por favor.. - murmurei. - Não façam nada que se arrependem. - meti-me entre ambos, o que os obrigou a afastar. Tom continuava possesso de raiva. Aminah também o chamou a atenção e ambos afastaram-se.
Aquela festa ainda agora começara e já havia tanta confusão.

Eu estava bastante divertido, apesar de não o demonstrar diretamente. Sentia um pouco da minha vingança contra Tom realizar-se.
As campainhas bateram. Era altura de jantar.

Haviam imensas mesas pelo salão. Um palco enorme, também. Aminah e Tom ficaram a uma mesa de distância da nossa e não paravam de nos olhar. As entradas foram servidas, o resto se seguiu.

O jantar correu normalmente. Ficara na mesa com pessoas que me eram leais e isso agradava-me. A meio do jantar passei a minha mão pela perna dela.

Eu não tocara em quase nada, daquela comida. Perdera o apetite, depois daquele encontro.
Afastei a mão de Enzo da minha perna. A minha vontade era de chorar. Já nem queria saber, sobre a sua panca de me foder com saltos altos.

Discretamente, fi-la fitar-me. Vi o perigo das lágrimas.
- Anda comigo até lá fora - murmurei.

As pessoas estavam demasiado concentradas nas conversas uns dos outros, para se importarem connosco. Ainda houve alguns olhares, mas nada de mais. Segui atrás dele, até lá fora.

Felizmente lá fora não estava ninguém. Tinhamos privacidade. - Tu não estás bem.

Limpei as minhas lágrimas. Estar ali atenuava tudo um pouco. Não tinha humor suficiente para lhe responder. O meu irmão tinha-me dito coisas horríveis. Deixara-me tão em baixo. Nunca escolheria um lado, até porque não conseguia.

Abracei-a e limpei as suas lágrimas com o meu polegar.
- Tens de escolher um lado. Ou estás comigo, ou estás com ele. Não podes ficar assim, em nenhum dos dois - Se ela respondesse que ficava comigo, mudava tudo.

As suas palavras deram-me ainda mais vontade de chorar. Maldito fosse aquele mundo de gangues. Seria tudo tão mais fácil se não vivêssemos nele. - Eu não posso.. - murmurei. - Eu não consigo escolher nenhum lado. Eu amo-te, mas adoro o meu irmão. Escolher um de vocês, seria deixar o outro para trás. Não quero abdicar de nenhum.

Ela no fundo tinha de saber que isso não era possível. Ia ser franco com ela. - Se continuares comigo, o Tom vai ressentir-se a um ponto em que já não te deixa voltares. Se continuares comigo e souber que não me és completamente leal, isto, nós, vai fracassar e acabar. Por isso tens de escolher. Não tens hipotese. 

Eu recusava-me a escolher e perder um deles. - Eu não te quero perder, eu não quero perder os gémeos. - limpei as minhas lágrimas. - Apesar de não ser de sangue, ele é meu irmão, sempre cuidou de mim. - doía tomar aquela decisão. - Não quero escolher Enzo. Eu quero ambos.

- Não podes ter ambos, querida.
Voltei a acariciar a sua face. Tentei manter-me calmo mas por dentro estava nervoso. Aquele era um momento decisivo.

O meu coração apertava-se, sempre que tentava pensar naquilo. Como é que podia escolher, entre pessoas que tanto amava? Tom ia-me odiar se preferisse Enzo, mas por outro lado, nunca mais voltaria a ver os gémeos, nunca mais estaria tão perto daquele italiano. - Não me proíbes de ver o meu irmão?

Aquela conversa não era para se ter ali. Ia responder-lhe mas foi quando o seu irmão e Aminah apareceram por trás.

Olhei para trás e vi Tom e Aminah. O meu coração apertou-se ainda mais.
Ele não estava contente por nos ver ali, ainda para mais sozinhos. Limpei a minha cara, não queria que ele notasse no meu estado. Quis voltar lá para dentro, aproveitar o resto da festa, para tentar desanuviar, ou fugir daquilo. Mas Tom começou com as suas provocações.

- E que tal se te afastares, caraças?
Olhei para ele com um olhar duro e feroz. Chegava daquilo que ele estava a fazer a Celine.
- Falas como se fosses o melhor irmão mundo mas a única coisas que fazes com a Celine é usá-la e aproveitá-la para me atingires - acusei.