Discoteca

Não tínhamos tido grandes conversas, à vinda para a discoteca. Isso não me incomodou, nem me fez diferença. Nem foi preciso entrar na discoteca, para poder ouvir aquela música, altíssima. Assim que nos pusemos lá dentro, olhei em redor. Como em todos os sítios semelhantes, já deviam andar por ali, alguém que andasse a vender. Mas eu não ia consumir. A primeira coisa que me deu na cabeça, foi passar por toda aquela gente e ir até ao bar. Precisava de uma bebida e de uma forte.

Entrámos por fim na discoteca que se encontrava repleta de gente. Olhei em volta e depois os meus olhos pararam em Alessa. - Queres beber alguma coisa? - perguntei alto por entre o barulho de toda aquela música aos altos berros. Não esperei que ela respondesse, pois tinha a certeza que a sua resposta seria sim, agarrei na sua mão e comecei a puxá-la comigo para a zona onde se encontrava o bar.

O contacto físico para mim, também me era estranho, com pessoas que não conhecia. Olhei para a sua mão e encolhi os ombros. Assim que chegámos ao bar, sentei-me num banco e pedi qualquer coisa de muito forte para mim. Não tinha intenções de me embebedar. Bebi tudo num só gole e depois pedi o mesmo. Não consegui reconhecer o que era, mas era forte.

Encostei-me ao balcão e pedi também uma bebida para mim depois de a Alessa pedir para ela. Olhei-a franzindo a testa ao vê-la beber daquela maneira. - Daqui a pouco estás bêbada. - comentei com um pequeno sorriso, havia pessoas que bastava um pouco de bebida para ficarem logo mais alegres e apostava que ela era uma dessas pessoas. - olha que depois não te levo a casa. - voltei a rir.

Olhei para ele e fiz um sorriso desajeitado. Com bebidas muito fortes, talvez até ficasse rapidamente bêbada, mas não era muito dessas. Se fosse antes, mais depressa ficava no efeito de drogas, do que do próprio álcool. - Não te preocupes. Bêbada ou não, sei o caminho de casa. - rolei os meus olhos. Visualizei as pessoas que estavam ao nosso redor. Aquele sítio era bem animado e já tinha reconhecido algumas pessoas que vendiam por ali. Fiz um sorriso mínimo, quando me viera à cabeça, imagens de quando estava, no mesmo lugar que eles. Fui abanando a cabeça ao som da música, mas nunca saí do banco. Estava ali muita gente, não queria ir para o meio daquilo e ainda sair de lá esmagada.

Acabei por me rir levemente com o que ela disse. - Ainda bem então. - pisquei-lhe o olho e levei o meu copo à boca bebendo o resto do seu conteúdo de uma só vez. Olhei em volta parando o meu olhar na pista de dança que estava repleta de pessoas que dançavam ou tentavam dançar no meio de todo aquele aperto. - Queres ir dançar? - perguntei para Alessa depois de permanecer em silêncio durante alguns minutos. Fiz sinal ao empregado para que me servisse mais uma bebida visto o meu copo estar já vazio.

Fui surpreendida pela sua pergunta. Não estava à espera que ele me fosse convidar para dançar e sim, que já estivesse divertido com uma rapariga qualquer. Mais uma vez, olhei para a pista de dança. Não queria ir para o meio daquela confusão. Pousei o meu copo na bancada. - Sim, pode ser. Mas podemos ir para um sítio menos apertado? - tentei procurar um sítio ideal. Havia imenso espaço ali. Espaço suficiente para ninguém se apertar tanto. E não compreendia o porquê de estarem assim todos juntos, mas já era normal. Aquela discoteca seria sempre assim.

- Claro que sim. - disse respondendo à sua pergunta, sinceramente nem eu tinha vontade de me meter no meio daquela confusão onde mal me iria conseguir mexer. Bebi a minha bebida, não deixando sequer uma gota no copo e depois pousei-o na bancada ao lado do seu. - Anda. - fiz-lhe sinal para que ela me seguisse para um local onde felizmente se encontrava pouca gente e onde se podia dançar um pouco mais à vontade.

Acenei com a cabeça e segui atrás dele, sempre atenta ao que me estava ao redor. Havia uma coisa em particular, que não lhe tinha confessado, mas nem achava assim tão importante. Assim que chegámos ao local, olhei-o.
- Eu danço mal. Quer dizer, não sei dançar. - era-me indiferente. As pessoas que ali estavam, nem se deviam importar. E se ele me gozasse, problema o dele, por ser tão infeliz.

Se eu estivesse numa outra situação que não igual à dela o mais certo era começar a rir-me a gozar com ela, coisa que fazia habitualmente. No entanto, eu também não sabia dançar. Acabei por me rir. - Não te preocupes que eu também não sei. - encolhi os ombros descontraidamente. Aquilo não me preocupava, pois aquele facto não impedia que as raparigas se interessassem na mesma por mim.

Era previsível que também não soubesse dançar. Eram raros os rapazes que conhecia que o sabiam fazer. Sorri, mais descansada. - Somos pés de chumbo, estamos bem ''um para o outro''. Quando formos para casa, duvido que sinta-mos os pés. - gozei. E sim, estava a exagerar. Pelo menos, da minha parte, estava a exagerar. Não sabia dançar, mas não era nenhum desastre ou assassina de pés.

Não consegui evitar rir-me do que ela disse. - Não faz mal. Desde que não me pises muito os pés, tudo bem. - gozei com ela piscando-lhe o olho. Assim que chegámos a um sítio apropriado para dançar e com pouca gente puxei-a para mais perto de mim.

- Não faz mal desde que tu, não me pises os pés. - corrigi-o. Devia ser bonito, dois pés de chumbo como nós, dançarmos juntos.
Não tinha apreciado muito, os nossos corpos juntos. O facto de me ter puxado, incomodara-me um pouco. Mas era apenas uma dança e eu não podia ser tão anti-social, assim.

- Eu? - soltei uma pequena gargalhada. - Eu não faço disso. - fiz um ar meio chocado acabando por me rir e abanei a cabeça. Percebi o seu desconforto assim que a puxei mais para mim, mas decidi ignorar isso. Sorri assim que começou uma música nova e comecei a dançar, ou a tentar dançar.

- Não te iludas contigo mesmo. - gargalhei e pisquei-lhe o olho, apenas por mero gozo. Olhei em redor, enquanto dançava, ou tentava dançar e apercebi-me de pequenos traficantes ali na área. Por uns momentos tive uma enorme vontade de ir consumir. De apanhar uma do tamanho do mundo. Tentei abstrair-me daquilo com a música.

- Não te preocupes com isso. - olhei-a de maneira divertido e continuei a mexer o meu corpo ao som da música assim como ela estava a fazer. Enquanto dançava não consegui evitar em reparar em alguns traficantes que ali andavam, o que era normal, estávamos numa discoteca e era um sítio ideal para não só vender mas também consumir.

Fuck, fuck, fuck... aquela vontade enorme voltara. Tinha que me segurar, antes que deitasse por água abaixo, toda aquela semana sem consumir. Todo aquele esforço seria em vão. Suspirei. - Eu.. tenho que ir à casa de banho. - foi a primeira coisa que me surgiu à cabeça.- Já volto. - agora era só saber encontrá-la.

Concentrei a minha atenção na Alessa assim que ouvi a sua voz. - Hm está bem. - disse meio confuso. Fiquei a vê-la afastar-se de mim, em direcção à casa de banho provavelmente, e parei de dançar. Dirigi-me de novo à zona do balcão e encostei-me ao mesmo pedindo outra bebida para mim enquanto esperava por ela.

Sempre encontrara a casa de banho. Havia um corredor com imensas. Lavei a cara e fiz um pouco de tempo, até me acalmar. Assim que saí da casa de banho, reconheci um dos traficantes.. oh, bolas.. Devia saber que era provável encontrar ali algum. Estava pronta a dar meia volta, quando o rapaz também me reconheceu e começou a chamar pelo meu nome. Meti as mãos nos bolsos e a passo apressado, voltei para o bar. - Hey.. Luke, eu tenho que bazar.

Fiquei a beber a minha bebida aos poucos enquanto esperava, ela já começava a demorar e olhei em volta tentando avistá-la no meio daquela multidão. Era difícil e como tal continuei à espera pedindo mais uma bebida. Estava já com a segunda bebida a meio quando a vi vir na minha direcção, franzi a testa. - Porquê? O que se passa? - perguntei sem estar a entender aquela sua repentina mudança de planos.

Olhei em redor. Aquele rapaz acabara por me seguir e procurava por mim. Mantive-me de costas, para que ele não me reconhecesse. - Porque tenho.. estou cansada. E as discotecas não são muito a minha onda, já te disse. - suspirei.