Trinity Park

- Com certeza que a sua beleza não será devido a ti. - mordi o lábio inferior com força. - E como? - não duvidava, mas não queria que os gémeos seguissem o mesmo caminho que ele. - Vais ensiná-los a como liderar o gangue? - revirei os olhos.

Aquilo era algo no qual pensara seriamente. O meu orgulho praticamente exigia que os gémeos liderassem os Crips, um dia. Era um negócio de família. - Serão eles a escolher se querem ficar no gangue ou não, mas independentemente se-lo-ão sempre. São Crips por nascença - olhei para ela.

Não escondi o quanto aquilo me agradava. Eles é que sabiam, ao menos ele dava a entender que não os obrigaria a tal coisa. - É, são crips. - murmurei.

Era bom que ela nunca se esquecesse disso. Vin e Sienna eram Crips, nunca seriam outra coisa qualquer. - Talvez esteja na hora de voltarmos.

Encolhi os meus ombros. Mesmo que eu dissesse o contrário, ele não iria querer saber. - Está bem. - pousei Sienna no carrinho.

Fiz como ela e pûs Vincenzo no carrinho, também. Fomos caminhando calmamente de volta ao carro.

No que dependesse de mim, os gémeos nunca seriam intimados para aquela vida. Pousámos os pequenos dentro do carro e sentei-me novamente ao seu lado. Depressa saímos dali.

Enzo acreditara mesmo que me ia casar. Georgini e eu éramos apenas bons amigos. E depois, ele sabia perfeitamente que a palavra casamento não era comigo. Como é que ele se deixara enganar? Que fosse, no dia seguinte ia divertir-me mais um bocadinho.

Eu ia continuar a rir-me às custas de Enzo. Já sabia o que fazer para o tirar do sério, a começar pelo convite enviado para o casamento. Deixei passar uma semana.
Naquele dia tinha ido buscar os gémeos. Enzo não estava em casa e eu não queria sequer saber dos avisos de Grazi e Oscar. Estava disposta a brincar com o fogo. Segui por entre lojas, até acabar por entrar com os pequenos, numa de noivas. Geo já me esperava lá.

A única coisa que me mantinha são era os meus filhos. Por isso quando naquele dia cheguei e soube que Celine os levara, tratei de remediar as coisas, começando por procurá-la.  Não gostei do sitio onde a encontrei, ainda por cima com aquele idiota, mas fiz o meu papel. Cheguei com um sorriso gélido, trazia o seu convite pela mão.

Os gémeos estavam entretidos com mil e uma papas de imensos sabores, que as funcionárias lhes davam. Já eu, estava num provedor, com um vestido de alças, branco e longo..
Georgini fora quem me avisara da presença de Enzo. Tal como eu previa, ele viera mesmo.. coloquei uma expressão subtil no rosto e fiz questão que nos deixassem sozinhos.

A primeira coisa em que reparei foi em como ela estava linda vestia de branco. Antes eu imaginara-a assim, mas a vestir-se para mim. Agora não queria saber. Ainda não acreditava que ela fosse casar com aquele. Ela nunca teria casado comigo. - Que festa. Eu, tu e o emplastro - Perdi o sorriso. Atirei o convite para cima da mesa - Fica-te bem, o vestido. Sempre tive bom olho no que toca a vestir (e despir) as mulheres... estás ok.

A única coisa que consegui fazer foi rir. Sorri cinicamente. - O emplastro aqui és tu, como sempre. - virei-me para o enorme espelho à minha frente e alisei o vestido. - O "bom" olho que tiveste foi para pessoas reles e baixas, que se vendem por minutos de atenção como Guiliana.. descer baixo sempre foi algo típicamente teu. - revirei os olhos.

- Engraçado como antes também tu gostavas dos meus minutos de atenção - O meu sorriso passou a ser amarelo. Caminhei pela sala. Visualizei a cena.

Não podia negar, ele tinha razão. E por momentos dava-me conta que ainda necessitava da sua atenção. Não tirei os olhos dele, enquanto caminhava pela sala. Fiz deslizar o vestido pelo meu corpo. Enzo já me vira nua, não tinha problemas com isso. - Isso foi antes de me aperceber que tu dás essa atenção a todas as que se deitam na tua cama. - revirei os olhos. - E depois, eu nunca precisei de me vender para a ter..

Senti que podíamos discutir para sempre. Era verdade. - Atenção na cama, talvez. Atenção fora da cama? Só houve uma mulher que o conseguiu - E fora ela. Eu nunca ligara para Guiuliana.

- E que diferença é que isso faz? Foi só desaparecer para a meteres de baixo de ti! - peguei nas minhas coisas e comecei a arrumar-me. - Sabes, quem se devia casar eram vocês. Afinal, ela sim está à altura de alguém como tu e depois, eu nunca quis estar no altar. - e antes que ele tivesse a chance de me responder.. - Tira-me só uma dúvida. Como é que não te apercebeste que ela também estava metida no meu desaparecimento? Ela é assim tão irresistível?

Aquele era um assunto que seria eterno. Senti vontade de a corrigir, de lhe dizer que só passei a ter sexo com a outra já várias semanas depois, desesperado e bêbado, mas não o fiz. Não lhe tinha de dar justificações. - Uma conspiração tão grande, daquele tamanho, estava longe de por mim ser entendida. Tu viste as coisas de um lado, eu vi as coisas de outro. Não fales como se soubesses tudo.

Na minha perspectiva ele fora tão ou mais culpado por tudo o que me acontecera. E aquilo estaria marcado para sempre nas nossas vidas. - Só não entendeste o óbvio porque não quiseste. Porque estavas ocupado a comer a outra.. Sabias perfeitamente que a tua tia não gostava de mim, que adorava a Guiliana e que iam fazer de tudo para nos separar.

- Falas como se a culpa fosse apenas delas. O teu papá é que orquestrou tudo, ele é que te manteve escondida - Não que estivesse a desculpar a minha tia ou Guiliana.

Semi cerrei os olhos. Eu culpava aquelas duas tanto ou mais que o meu.. pai. Nada daquilo teria acontecido se não fosse a ganância delas. Rapidamente mudei de assunto. - Os gemeos vão ficar comigo esta semana. Não me interessa se concordas ou se não concordas.

Ao ouvi aquilo deixei sair uma gargalhada bastante sonora - Isso é que havia de ser verdade. - Ironizei.

Não ia perder o meu tempo a tentar convencê-lo sobre aquilo. Eu tinha todos os direitos de ter os gémeos comigo. Coloquei um sorriso enorme nos lábios. - Adeus Enzo..

Agarrei-a pelo braço antes que se fosse embora. Lancei-lhe um olhar ameaçador - Se acontecer um arranhão que seja aos meus filhos, vamos ter problemas. Vou estar de olho em ti.

Coloquei-me em bicos dos pés, o suficiente para que a minha boca estivesse à altura da sua. - Nossos filhos.. - Raspei uma unha no seu queixo. - E se algo acontecer, é só bateres à porta da casa ao lado.