Rua Principal

Senti-me na obrigação de lhe falar. Aproximei-me dela, achando suspeito o facto de ela estar ali sozinha e com ar de quem estava a aprontar alguma - Por estes lados?

Não estava ainda mais à espera, que ele viesse falar comigo. Daí o meu ar de surpresa ser notório. Abanei a cabeça. - Hum.. rum.. - fiz uma careta. - Não sei se te lembras, mas moro no Ghetto. - ri-me.

Lembrava-me e lembrava-me bem - Não te tenho visto por aqui - E ultimamente passara ali muito tempo, em determinadas ruas e locais.

- Normal, tenho andado mais na cidade. - encolhi os ombros. Tinha andado demasiado concentrada no meu trabalho. Mas, obrigatoriamente, não tinha que lhe responder a nada. Mas bom, ele estava a ser educado, qual era o mal, de lhe retribuir, a boa educação?

Com aquilo não quisera dizer que estivera atento ou á procura dela. Connor era, simplesmente, uma figura que se destacava na multidão por não ter o ar de rufia que metade das pessoas ali tinham - Deixa-me adivinhar, estás aqui em negócios. 

- Exactamente. - Não era muito difícil de adivinhar o que eu estava ali a fazer. Abanei a cabeça e sorri abertamente. - E tu? Andas aqui a fazer o quê? - não que tivesse verdadeiro interesse em saber.

- O mesmo, obviamente - Praticamente todos os segundos da minha vida eram dedicados a negócios - Falsificações? - tentei adivinhar?

Juntei as minhas mãos à tela do quadro embrulhado e abanei a cabeça. - Claro.. - isso era mais uma das coisas, fáceis de adivinhar. Era a única coisa que eu sabia realmente saber fazer bem.

Ela provavelmente só se safava naquilo, o trabalho pesado e perigoso não eram para uma rapariga como ela. - estás prestes a fechar o negócio ou estás disponível para ir beber alguma coisa?

Ergui o sobrolho, estranhando a sua pergunta. - Bem, isto pode esperar.. - encolhi os ombros. Não tinha muita pressa, quanto àquela encomenda e a pessoa em questão, podia muito bem, esperar um pouco.

- Então vamos agora - Não que eu fosse esperar de outra maneira. - há um sitio ao virar da esquina.

Ele estava-me a convidar para ir beber alguma coisa, certo? Aquilo não era uma piada? Bem, que fosse.. Seguimos então ao sítio que ele indicara.

encerrado.

De tempos a tempos havia que sujar as nossas próprias mãos para conseguir aquilo que queremos. Esta era uma daquelas vezes. Ai de quem se metesse no meu caminho, havia um MS-13 que ia morrer ás minhas mãos.

Estava a ir para o jantar quando a silhueta de alguém conhecido me saltou à vista. E ele não estava sozinho. Haviam alguns crips por ali e Enzo estava com eles. Saí do carro, sozinha, e segui até eles.

Estava tudo de acordo com o plano quando Celine decidiu aparecer. Porque raios haveria ela de vir até aqui? Que andasse na direção contrária - ... Celine.

- Eu.. - sorri cinicamente. Fiz sinal ao rapaz que tinha sido espancado pelos capangas de Enzo e puxei-o para o pé de mim. - Perdeste toda a credibilidade como lider. Não passas de um homem patético e nem sei como esta gente ainda te segue.- mas também não queria saber.

As palavras dela fizeram-me rir - A sério que me estás a chamar patético? Olha para ti primeiro, Celine - Retorqui.

- Patético, otário, entre outras coisas.. - e não me referia ao gangue. - Não te preocupes, faço isso todos os dias. - sorri. E somente para o provocar.. - Parece que o frio passou a ser uma piada. - peguei no rapaz e meti-o dentro do carro.

Ela que se fosse lixar. Sorri maliciosamente e com superioridade. Ela não me afetava. Já não. - Estão aí parados a fazer o quê? Temos mais que fazer - Disse autoritariamente.

Abanei a cabeça. Não tinha tempo para continuar ali. Levei o rapaz para um bom hospital, para ser tratado e depois segui para o jantar de negócios.

Depois de todos os assuntos tratados, ainda tinha um sitio onde ir. Era um club bastante requisitado na baixa. A lavagem de dinheiro era o foco principal do local, assim como contrabando de arte. Era o sitio ideal para eu tratar de alguns negócios.