Varanda

Nao me agradava voltar a falar de Giuliana mas ia ser franco com aquela conversa - Mais ou menos um mes depois de teres desaparecido eu fiquei em desespero total. Tranquei-me num quarto porque tudo o que apontava era que estivesses morta e eu nao aguentava isso. Comecei a beber, quase nao via os gemeos, nao aguentava, e entao ela apareceu e eu estava tao delirante que achei que eras tu. Sabes que para mim sexo e poder, e foi ao faze-lo que eu nao me senti fraco. E um vicio, Cel, e como em todos os vicios acabas por perder o controlo. Eu nao estava em mim nessa altura

Ele tinha dormido com outra mulher, mas estava bêbado e pensava que era eu. No entanto, nada disso fazia diminuir a dor, apenas atenua-la. Engoli o choro. - E nunca pensaste que as causadoras de tudo estivessem tão perto de ti? Nem uma única vez?! - eu queria confiar nele, a sério que queria. - Das-me a entender que vais enrolar-te com outra mulher sempre que te sentires fraco..

- Não. - Respondi com honestidade, engolindo a minha estupidez - Nunca pensei nisso. Não admiti que alguém tão perto e abaixo de  mim tivesse ousadia de o fazer. Fui burro.
Abanei a cabeça e fi-la encarar-me - Eu pensei que tinhas morrido. Esse pensamento deixou-me louco, foi a pior coisa que já senti na minha vida e fui-me abaixo. Foi a única vez que me deixei ir abaixo, que fui fraco. Aprendi com o meu erro, não quero mais ninguém neste mundo sem seres tu. Nunca mais.

Era aquilo que eu não entendia. Como é que um homem como ele se deixara enganar? O meu estômago revirou-se. - Se assim o é porque é que a levaste contigo para a festa? Porque é que me acusaste descaradamente de vos abadonar, sem sequer ponderares que estava nas mãos dele?

Odiava estar a desenterrar memórias daquele tempo - Acho que perdi o controle. Era a minha tia e a Guiliana que me dirigiam a vida, eu estava vidrado, na maior parte das vezes bebado ou drogado. Perdi-me. Estava perdido e... ver-te ali, na festa como se nada fosse despertou-me um alivio enorme, mas também uma incompreensão total, Celine. Achei que tinha sido tudo um embuste teu.

Nem sei como ainda me surpreendia. Achava que tinha chegado a hora de eu falar. - Anthony violou-me na primeira vez que vos tentei contactar. - mas isso ele já sabia. Senti um no a formar-se na minha garganta. - Ele fazia-o quando eu desrespeitava as suas regras e as tantas acabou por se tornar rotina. Ele pegava em qualquer coisa só para o fazer. - funguei. - Por vezes tinha que trancar-me no quarto, com medo que ele aparecesse a noite. Eu aprendi as mais variadas regras de etiqueta, Anthony transformou-me naquilo que quis, meteu-me coisas na cabeça e ver-te com Guiuliana.. ver-te fez parecer que tudo o que ele dizia era verdade.

Os meus punhos cerraram-se. Eu engoli a seco. Odiava, odiava, odiava que aquele merdoso a tivesse usado de forma tão vil. Eu também não valia mais do que isso fizera-lhe primeiro - Nunca amei nem gostei daquela mulher. Nunca. Muito menos depois de te conhecer. Desde que entraste no meu mundo, Cel, que nada foi o mesmo. E tenho nojo daquilo que te fiz e daquilo que fiz com ela mas é algo que não posso mudar. 

Depois daquilo não tinha mais nada a dizer. Senti-me aliviada de certa maneira. Sentei-me no seu colo, sem malicia no pensamento e abracei-o. - Preciso de ti, meu fantaso..

Abracei-a também, aliviado por tudo aquilo ter sido dito e explicado. Inspirei o aroma do seu perfume. - Eu amo-te, Cel.

Senti-me tao feliz por o ouvir. Eram raras as vezes em que ele o dizia. - Quinta ou sexta vez? - Beijei os seus labios. - Eu também te amo..

Esbocei um sorriso divertido. - Vou parar com essa coisa de o dizer poucas vezes. Amo-te, e sou todo teu. Contigo baixo as minhas defesas. Estou à tua mercê - O que era assustador. Nunca na minha vida o pensara fazer.

- Eu gosto de ti assim, de poucas palavras.. - estaria a ser falsa, se dissesse que não ficaria deliciada por o ouvir repetir que  me amava, mais vezes. Mas, acho que já estava habituada. - Fica ao teu critério..

- O meu criterio agora e matar saudades - E dito isto afastei-nos de modo a conseguir beija-la.

Eu também podia aceitar aquilo. Envolvi os braços ao seu pescoço de forma a tê-lo por perto.
Os nossos lábios tocaram-se, com fome um do outro.

As minhas mãos percorreram os contornos do seu corpo através do tecido macio do seu vestido. Beijei-a no pescoço, depois voltei aos lábios novamente.

Gemi. As minhas mãos apenas circularam o seu peito. Brincavam, divertidas, com os botões da sua camisa. Chupei os seus lábios.

Estava tão contente agora que já não tinha de me proibir de a tocar. Era tão tão bom... Deixei que me despertasse a camisa. Sorri. Enterrei as minhas mãos no seu cabelo. Puxei-a para um beijo apaixonado.

Abracei-o com força. O seu calor corporal deixava-me mais calma. Deixei-me levar pelos seus doces lábios. Tinham sidos vários meses afastados. Um sufoco.

- vou levar-te para o quarto... - murmurei porque precisava de mais espaço para lhe fazer tudo aquilo que queria fazer.  Peguei nela estilo princesa.

Pois.. Aí teria que lhe meter um travão. Remexi-me nos seus braços. - Não Enzo, preciso de voltar para casa.

Afaguei-lhe o rosto - A sério? - Perguntei, um pouco surpreendido, tinha de admitir. Eu compreendia se ela quisesse levar as coisas com calma.

Abanei a cabeça e recompus-me quando me meteu no chão. - Sim Enzo. Eu quero ir com calma, não quero que estraguemos tudo de novo.

- Está bem - Não ia pressioná-la para fazermos o contrário. A nossa relação ainda era demasiado frágil - Mas fica mais um pouco.

- Tudo bem, eu fico. - Sorri abertamente. Sendo assim, puxei-o para a sua cadeira e voltei a sentar-me no seu colo. Mais uma vez abracei-o. - Se não fosse este bebé estaríamos na mesma..

Suspirei e acariciei a sua face - Não acho. Eventualmente íamos acabar por perceber que isto era o acertado, que isto era o que nos estava destinado...